Lessye é uma confeiteira de mão cheia e pés no chão. Gosta de ter controle sobre sua vida, pois se acha refém da falta dele. Até conhecer Toni. Toni é como um copo transbordando e uma fogueira em chamas. Desperta nela coisas que jamais conheceu.
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BÔNUS CLAIRE E DANNAH PORQUÊ A AUTORA TA UM PUTA RESFRIADO QUE DERRUBOU AS ESTRUTURAS PSICOLÓGICAS DESSE SER HUMANO.
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O silêncio era algo no qual não estava habituada. Nem o silêncio, nem a solidão. Suspirei caminhando pela casa, com as meias coloridas de um rapaz muito infantil. Era assustador ficar aqui. Inicialmente pensei que não teria essa coragem, que não conseguiria.
— Linda, você viu minhas chuteiras azul? — Era Marco.
Se não fosse ele esse tempo todo, já teria entrado em colapso. Sei que errei, que nós erramos ao colocar Toni e Lessye frente a frente. Mas nada foi pensado mais que duas vez. Apenas agimos no impulso. Ambos estavam sozinhos a tempo demais, e tristes por algum motivo. Toni tinha o divórcio. Lessye tinha o retorno do irmão. Precisavam se ocupar.
Erramos.
— Servem aquelas? — Apontei para o par de chuteiras jogado atrás do sofá, e acabei me lembrando de como foram parar lá na noite anterior quando Asensio chegou do treino. — Vai demorar muito hoje?
— Não tenho intenção. — Respondeu. Me sentei no sofá, ao lado do espanhol que calçava as chuteiras. — Prometo que vou fazer de tudo para chegar antes do horário.
— Vou estar aqui quando chegar.
— Sei que não gosta de ficar sozinha, amor. — Marco se virou para mim, eu apenas assenti. — Venha comigo para o CT. São treinos fechados, mas se eu falar com o Solari tenho certeza que...
— Não quero olhar para o Toni. Ele me lembra a Lessye e eu não quero pensar nela agora.
— Eu vou contar para ele. Me dê apenas mais um tempo.
— Todo o tempo que quiser. — Marco beijou minha testa, se levantando em seguida: — Bom treino.
E como havia me programado, corri para a janela assim que Marco partiu. O vento, o calor e os sons me deixavam mais a vontade. Me fazia vaguear.
Como se fosse ontem, as cenas que me atordoavam a mente eram as que minha mãe cantava comigo, meu pai alterava a voz quando não sabia aceitar uma derrota no videogame. Me acostumei rápido demais a tê-los por perto. A dificuldade mesmo foi quando meu pai perdeu o emprego e minha família não podia mais viver na Espanha e tinha como principal intenção, se mudar para Argentina e viver com meus avós.
Eu não podia. Não queria.
Recusei e fui julgada. 18 anos, sem emprego, recém aceita na universidade. Como ia me manter em Madrid sozinha? Meus pais não aceitaram e eu passei por cima. Gerando as intrigas que afogaram nossa relação, e me fizeram conhecer Lessye.
