Capítulo 3

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Christine

Dois dias se passaram, e não tive coragem de mandar nenhuma mensagem e, muito menos ligar para o Viriato.

Por mais que ele tenha me atraído, por mais que em outro momento eu iria adorar conhecer ele, tenho coisas mais importantes para focar. Como por exemplo: o Gabriel, que sentiu febre de novo ontem à noite, e tive que levar para à emergência.

Mal dormir nesta madrugada. Só tive tempo de deixar a minha mãe com o Gabi em casa, tomar um banho rápido e por pouco não me atraso de novo. O meu pai, como sempre, dormiu mais um dia fora de casa. Provavelmente por causa da maldita cachaça.

Seu João nem sempre foi assim. Ele bebia de vez em quando, porém sem exagerar. Poucas foi ás vezes em que ele se embebedou. O ponto chave pra sua entrega, foi quando minha irmã, a Dóris, abandonou o filho e foi viver nas drogas, com o pai da criança. Foi uma tristeza profunda. Enquanto o foco da minha mãe e o meu foi cuidar do Gabriel, para que ele não viesse sofrer tanto quando crescesse, o do meu pai foi afogar as mágoas na bebida, até chegar ao ponto do alcoolismo.

Pelo menos ele evita de vim para casa quando está violento. Porém tenho muito medo que ele arranje alguma briga na rua, e seja machucado ou machuque alguém gravemente. É uma luta difícil.

Já tentamos várias e várias vezes fazer com que ele se tratasse. Infelizmente ainda não conseguimos. Ele sempre desiste do tratamento. Já esteve internado por cinco vezes, em uma clínica filantrópica, um pouco distante da cidade em que moramos.

Apesar da sua relutância em se tratar, eu ainda tenho à esperança de que um dia ele vai voltar a ser o pai, marido e avó amoroso, carinhoso e prestativo como era em tempos atrás.

Enquanto há vida, quero me apegar que haverá também esperança.

***

No período da tarde, como todo dia normal, à clientela fica mais escassa. É quando aproveitamos para adiantar alguns serviços. Ás vezes até dar pra descansar um pouco. E quando digo descansar, é sentar por alguns instantes, respirar com calma e beber uma água. Se dependesse do meu chefe, o Sr. Marques, acho que nem isso faríamos.

O sino da porta toca, indicando que alguém chegou. Saio da cozinha e me deparo com o Viriato, sentado na mesma mesa do outro dia. Porém já está sendo atendido, pelo mala e puxa saco do Bruno.

Este vou te contar viu... Só não lambe ás solas do sapato e beija o chão que o Sr. Marques pisa, não sei nem por quê. O Bruno é o tipo de funcionário que tenta ser prestativo, tenta se destacar, mas acaba sendo um total antipático. Só o chefe que aguenta ele por aqui.

Fico observando os dois conversarem, e percebo que o Bruno parece descontente com algo. E então os dois se viram em minha direção, me encarando. O Viriato tá sorrindo.

Não entendo nada. Não escondo à confusão em meu rosto.

O Bruno vem em minha direção. Posso jurar que tem fumaça saindo dos seus ouvidos. Isto sim me faz sorrir.

Não me levem a mal, mas gosto de vê-lo irritadinho.

- Christiane – ih... falou meu nome errado, é porque tá bravo mesmo.

- Pois não, Bruninho – não deixo meu sarcasmo de lado.

- O cliente da mesa nove, deseja ser atendido por você.

Ato do Amor - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora