Um garoto corre por uma mata densa e escura. A escuridão da noite o envolve e um vento frio sopra seu rosto enquanto ele aumenta sua velocidade. Ele tem a impressão de que está acompanhado, olha para os lados e percebe que duas pessoas, uma em cada lado, também estão correndo na mesma direção. Há algo à frente, ele sente isso em cada parte do seu corpo. Ele chega perto do seu destino, passando pelas ultimas árvores no fim da floresta e consegue distinguir uma forma humana que balança os braços freneticamente no ar. O chão treme e ele tem a impressão que a pessoa à sua frente ri alto. Uma parede de lava se levanta em frente a seus olhos e o garoto recua protegendo a visão com os braços. De repente, algo começa a se erguer do chão, algo enorme, algo com um rugido tão assustador que o faz acordar imediatamente.
É um dia nublado, o sol quase não aparece entre as nuvens escuras e a chuva rala. Adam pensa que, com um tempo como esse, dormir durante a aula não chega a ser totalmente sua culpa. Ele espia pela janela, estava no segundo andar, de um edifício cinza de pedras irregulares com cinco andares. Não havia nada interessante lá fora, então ele olha em direção à frente da sala e, para sua surpresa, sua professora o olhava fixamente. Aquele menino de dezesseis anos de idade, caucasiano e com os cabelos escuros, finos e amassados por dormir no fundo da sala, de repente, se tornou a atenção de todos da sala:
-Adam, já que você terminou a sua soneca, acha que tem tempo para prestar atenção na aula? Ou quer que eu busque um travesseiro para você?
Somente dois dos trinta alunos naquela sala não riram ou esboçaram um sorriso. Esses eram seus amigos mais próximos, tão próximos que provavelmente já sabiam que ele havia tido o mesmo sonho outra vez. Não havia dormido direito a dias por causa daquele pesadelo esquisito, o que estava resultando em "sonecas involuntárias" nas suas primeiras aulas. O garoto, provavelmente iria balbuciar um "Desculpe" quase inaudível e a aula continuaria normalmente, mas o sinal tocou logo em seguida indicando o início da aula de educação física. Sua professora, uma senhora de quase setenta anos com óculos redondos, ainda o fitava com um olhar reprovação enquanto os alunos se levantavam e saíam pela porta. Adam fez o mesmo, tentando se "misturar a multidão" e deixar aquele acontecido para trás.
Foi então que se deparou com seus dois melhores amigos o esperando na frente da outra escada que ligava o pátio até o ginásio. Uma garota e um garoto. A garota estava linda como sempre com sua saia preta e camisa branca que compõe o uniforme da Academia. Seu cabelo liso e negro estava preso em um rabo de cavalo. Seu rosto fino e pele clara serviam de contraste com seus olhos escuros. Ela estava de braços cruzados, demonstrando estar pensativa. Ao contrário do garoto ao seu lado, um um moreno risonho com cabelos curtos e enrolados, que sorria largamente como de costume. A primeira é Melissa Dracinus, ou "Mel" para seus poucos amigos e ela é, já a algum tempo, a primeira paixão secreta de Adam. Ele diria que não foi de propósito, que em um dia eles eram só amigos e, no outro, ele a enxergava com outros olhos, mas toda essa situação era algo que Adam não sabia bem como lidar e que Mel nem desconfiava. E embora ainda não houvesse se declarado, sua mente agora dedicava grande parte do seu tempo em pensar sobre ela.
O segundo é Helin Moriart, um "irmão de outra mãe" que em um belo dia há oito anos veio transferido de outro colégio e se sentou na cadeira em frente a dele. Adam se lembrava como se fosse ontem quando a professora apresentou à turma aquele menino risonho de skate na mão.
Os três estiveram juntos durante quase todos os momentos de sua vida. Inclusive na festa de aniversário em que seu presente foi ver que seu pai havia desaparecido, isso completaria 4 anos amanhã. Eles o esperavam no topo das escadas, prontos para a aula e, embora estivessem com rostos solidários, Adam sabia o que iriam dizer. Então, quando por fim se aproxima ambos dizem ao mesmo tempo:
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A Chave Perdida
FantasyO mundo é diferente no futuro. A sociedade como a conhecemos chegava a um fim eminente e sua única salvação foi justamente o que muitos consideravam irreal: A magia. O "Reinício" foi o dia em que o oculto se tornou realidade. Dois séculos depois, o...