Capítulo 4 - O enviado das trevas

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Ao perceber o quanto aquele assunto abalava sua mãe, Adam decidiu não falar mais sobre aquilo naquela noite. Sua mãe estava instável desde o momento em que acompanhou até a porta Helin, Melissa e Corvin até quando, cansada devido ao choro, apagou em sua cama. Adam a cobriu com um edredom e também tentou dormir, porém sua mente rodopiava de mais para ele conseguir algum descanso. Tudo aquilo que seu pai havia lhe dito ecoava em sua mente. Uma vida inteira pensando que havia sido abandonado para, de súbito, descobrir que seu pai sempre quis vê-lo. Pensou em assistir à gravação novamente, ver o rosto dele mais uma vez, mas teve receio de que o barulho acordasse sua mãe. Ele se escorou em sua janela e ficou olhando por horas a vista da cidade, escutando os barulhos de diferentes criaturas. Ele não sabe quando dormiu, em algum momento durante a madrugada, ele apagou em sua cama. Pareceu que ele somente havia piscado os olhos quando sua mãe abriu a porta do seu quarto, com um sorriso singelo no rosto e o chamando para o café da manhã. Ela parecia estar bem melhor, parecia ter acabado de tomar banho e usava um terninho cinza e calça social (o que indicava que ela estava se preparando para fazer algo). Adam passava geleia de uva em uma torrada quando Salunna disse, de súbito:

- Eu vou até o Departamento de Magia no centro. Deve ter algo que possamos fazer pelas vias legais. Talvez consigamos o apoio deles para tentar libertar seu pai. Vem comigo?

Ele não quis dizer na hora, mas pensou momentaneamente que não seria fácil assim. Porém, tentou sorrir e parecer otimista ao dizer que iria com ela. A ida até o destino de ambos foi tranquila ao contrário de todo o resto do dia, pegaram um bonde flutuante no terminal mais próximo e se dirigiram para o centro. O Departamento de Magia, havia se tornado um dos pilares da sociedade desde "O Reinício". Fiscalizavam, apreendiam, e cuidavam basicamente de todo e qualquer assunto na sociedade que envolvesse magia (o que era muita coisa), e também patrulhavam as ruas para garantir proteção a todos de qualquer criatura da linhagem mágica. Era composto por magos, alquimistas, animagos, vampiros, lobisomens, centauros, minotauros, ogros, trolls e mais uma diversidade de pessoas e criaturas altamente treinadas. O prédio do Departamento no centro da cidade era suntuoso, composto por um prédio de grandes vidraçarias com estátuas gigantescas de criaturas mágicas por todo o canto e, mais ao fundo, uma espécie de "base de operações", tudo aquilo ocupava quadras inteiras. Junto à sua mãe, Adam subiu as escadas brancas de pedras e entraram pelas grandes portas transparentes. Um salão repleto de pinturas das mais diversas criaturas mágicas se estendeu à frente deles. Pessoas e seres, que antes eram considerados "mitológicos", dividiam os elevadores normalmente. Todas vestidas com ternos, elas conversavam sobre uma diversidade de assuntos enquanto cruzavam o espaço. "A parte burocrática com certeza fica aqui", pensou Adam. Sua mãe então se precipitou sobre o gigantesco balcão de mármore no centro do salão e chamou a atenção de um fauno de chifres bem polidos que atendia diversas linhas de telefone ao mesmo tempo. Ao notá-la, ele apertou algo em seu headset com mão direita e, aparentemente, deixou em espera uma diversidade de pessoas:

- Salunna Abelian, não é? O Diretor de Relações Públicas, o senhor Yuri Ken, deixou avisado para que, assim que você chegasse, eu encaminhá-la diretamente para a sala dele.

O fauno saiu da parte de trás do balcão revelando sua metade inferior de bode coberta até os joelhos pelas calças do seu terno cinza, e indicou para eles que deviam segui-lo:

- Yuri se tornou fã das minhas reportagens e investigações através do tempo. Quando liguei para ele essa manhã e disse que queria conversar sobre esse assunto... ele me pediu para vir imediatamente. Admito que não sei se isso é inteiramente bom...

A sala de Yuri era enorme. Estátuas de mármore de raposas estavam espalhadas pela sala de duzentos metros quadrados. A sala tinha vidraças lisas do chão até o teto e uma mesa grande de carvalho que ficava á um lado da sala onde, atrás dela, havia uma poltrona de couro marrom. Demorou poucos minutos até Yuri aparecer. Um senhor de sessenta anos com barba grisalha e cabelos longos presos em uma trança. Ele estava muito bem arrumado em um terno escuro e, pouco antes de fechar a porta á suas costas, ele se virou para o seu assistente fauno e pediu para não ser incomodado. Porém, assim que a fechou, respirou fundo e abriu um sorriso:

A Chave PerdidaWhere stories live. Discover now