Capítulo 24- A morte alada

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A saída da prisão aconteceu tranquila na medida do possível. Os lobisomens nos portões que antes lutavam contra si, foram facilmente nocauteados pelas centenas de pessoas que caminhavam pelo pátio da prisão. E embora Lupina tivesse tido todo aquele trabalho para libertá-los, ela insistiu mesmo assim:

-Vocês têm certeza que não preferem ficar lá dentro? Pelo menos ali é mais seguro do que na cidade. Olhem só o estado em que ela está!

E realmente a situação não estava, nem de longe, o melhor. Os cidadãos da cidade, em suas formas de feras sanguinárias, lotavam quase todos os cantos de Licândia. Grande parte deles estavam em lutas mortais uns contra os outros ou destruíam algo aparentemente sem motivo algum. Algumas das casas apresentavam grandes sinais de destruição dentro e fora delas. Um lobisomem de porte menor passou correndo em frente ao pesado portão de ferro da prisão com roupas rasgadas que ainda se prendiam ao seu corpo, era visível que era uma criança e que estava machucada já que mancava com as patas traseiras:

- Nós temos toda a certeza! –Disse Vigário se destacando da multidão – Já deixamos os que não podem lutar, assim como a minha senhora, lá dentro. Não podemos deixar as pessoas dessa cidade se machucarem ainda mais. Nós somos parte da alcateia afinal! Não se preocupem, nós podemos nos cuidar.

Melissa se aproximou de Lupina e disse:

-Você sabe que não poderíamos impedi-los mesmo se quiséssemos, então pelo menos vamos coordená-los. – E então ela começou a gritar para ser ouvida pela multidão – Escutem-me todos! Já que vocês querem ajudar, eu sei a melhor maneira de fazerem isso. Vocês vão se dividir em grupos de seis com pelo menos uma critura de grande porte entre vocês, assim, parar os duelos entre os lobisomens da cidade não deve ser problema. E caso queiram, alguns de vocês também podem vir com a gente. A rainha estará invadindo a cidade pela rua principal e vocês podem ajuda-la.

Melissa passou os próximos minutos explicando vários detalhes de como, para ela, era a melhor maneira de procederem em diversas situações, e logo depois todos deixaram "A Jaula" em diversos rumos diferentes. Cerca de metade, o que eram quase trezentos seres entre magos, minotauros, trolls, centauros e humanos se juntaram a eles em direção á rua principal. Enquanto avançavam, eles descobriram que chegar ao destino sem serem avistados seria impossível, pois volta e meia, lobisomens passavam sobre as vielas quando saltavam entre os telhados e, assim que os avistavam, desciam para tentar devorar alguns do grupo. Uma coisa era certa: eles sabiam mesmo como se defender. Claro que os minotauros, centauros, magos e trolls nunca pareceram serem inofensivos para começo de conversa, mas até mesmo os humanos eram tão bem treinados que era claro o motivo de viverem tranquilamente em meio á uma alcateia como aquela. Havia focos de pequenos incêndios em alguns lugares, uivos e rosnadas entupiam os ouvidos de todos não importando onde estivessem. Como frequentemente tinham que subjugar algum lobisomem, o trajeto demorou bem mais que o esperado, mas meia hora depois eles chegavam perto da rua principal. O sol se punha aos poucos, mas quando saíram de uma viela entre duas enormes casas, e escutaram cacarejares vindo de todas as direções, confirmaram que já estavam bem perto:

- Não fixem o olhar nos olhos delas! Se fizerem isso vocês se transformarão em pedras também!

Adam, por mais que soubesse do plano, achou que a frase de Lupina estava muito simples e imaginou que todos iriam fazer inúmeras perguntas, porém eles pareceram entender o que ela dizia no mesmo instante e fixaram os olhares para baixo ao continuarem andando. E então os cacarejos começaram a tomar os uivos á sua volta, como se literalmente começasse a haver menos lobisomens. Eles saíram da última viela e chegaram á rua principal, estando já próximos dos enormes portões de entrada da cidade. E era realmente difícil enxergar algo daquela maneira, mas pelo canto do olho Adam pôde confirmar que um bando de trinta ou trinta e cinco Cocatrizes invadia a cidade e petrificava a todos os lobisomens que cruzava seus caminhos. Elas estavam acompanhadas de Lucímia, Coahoma, Helin e algo em torno de trezentos mortos vivos. Adam não olhou diretamente para nenhuma, mas pôde perber que tinham cerca de um metro e meio de altura e eram uma combinação esquisita de uma galinha que tinham rabos de lagarto. Cinco deles vieram de encontro ao seu grupo cacarejando e ciscando o chão. Por um momento ele imaginou se elas poderiam atacá-los, porém elas deram um último cacarejar e continuaram correndo descontroladas pelas ruas da cidade:

A Chave PerdidaWhere stories live. Discover now