Capítulo 7 - Uma briga de bar, um novo xamã

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Nicolas Inflamia - Uma briga de bar

Abaixo e me giro. Essa passou tão perto do meu ouvido que quase não ouvi os gritos de "Pega ele" e "Arrebenta esse garoto". Sabe o que me deixa com raiva em uma briga como essa? Nada. Alguns desafios não fazem mal certo?! E meu adversário também não parece incomodado. Meu sangue ferve, meus sentidos se aguçam, meu coração se acelera... me sinto vivo. E pensar que cheguei aqui a apenas uma hora. Sou realmente bom em fazer amizades.

Eu tinha acabado de sair do portal e eu estava procurando meus... Am... "Companheiros de viagem" quando escutei gritos e cantorias vindos do meio da floresta. Por sorte não precisei andar muito pela mata escura, para encontrar uma cidade. Ela tinha alguns quilômetros de largura e me lembrava em muito uma cidade do antigo faroeste, com suas casas de madeira sem pintura e a ausência de muros ou portões. Havia algumas crianças brincando pelas ruas, pessoas conversavam tranquilamente nas varandas de suas casas e tudo parecia calmo, exceto pela fonte da cantoria no centro da cidade onde havia, o que parecia ser um grande bar de motoqueiros. Algumas das janelas estavam quebradas, havia motos enormes do lado de fora e, mesmo sem entrava, consegui sentir o cheiro de bebida. Pensando bem, agora percebo que minha natureza falou mais alto, pois eu bem que podia ter perguntado as informações que precisava a alguém do lado de fora do bar. Com certeza alguém de fora poderia ter me dito se havia visto algumas pessoas de mochila andando por ali. Porém, algo me dizia que no meio daquelas gritarias exageradas e músicas cantadas por vozes ruins, eu encontraria algo mais divertido, e eu de fato encontrei.

Acima da entrada havia uma placa de madeira gravada com as palavras "O Lobo Selvagem", eu a li, sorri por um segundo e entrei no bar abrindo as duas portinholas de madeira ao estilo dos filmes de cowboy. Tenho certeza que, por um segundo, alguns olhares se viraram para tentar identificar quem era o estranho garoto de mochila vermelha que entrava no bar, mas logo em seguida eles voltaram a beber e fazer seja lá o que estivessem fazendo. A primeira coisa que reparei era o quanto aquele lugar era clichê, pois tinha até um sujeito bigodudo com os cabelos grisalhos que tocava piano a um canto do lugar. O bar estava cheio de grandalhões tatuados e feiosos que se achavam bem malvados pelo visto. Todos pareciam iguais para mim então nem tentei diferenciá-los. Havia um balcão a um canto do bar onde se via diversas bebidas nas estantes de vidro atrás de um atendente completamente careca. No centro do bar e, encostado na parede dos fundos, havia algo interessante: três grandes cadeiras de madeira com almofadas vermelhas.

Na cadeira da esquerda havia um cara magro de cabelos anelados e desgrenhados com um ar de maluco nos olhos. No trono da direita, um sujeito enorme e musculoso, com cabelos curtos e negros que usava uma jaqueta de couro e levantava alguns pesos de malhar. Já no trono central havia uma garota de cabelos escuros e lisos até o ombro que aparentava ter dezoito anos e usava calça, jaqueta e botas de couro. Seus olhos azuis pareciam me perseguir do outro lado do salão. Ela parecia comandar tudo aquilo e mesmo assim parecia entediada. Eu puxei uma cadeira e me sentei ao bar. O atendente veio em minha direção enquanto secava um copo com um pano. Ele se aproximou e eu perguntei:

- Que lugar é esse?

Ele me olhou com descaso de cima a baixo e fez um gesto com a cabeça como se eu confirmasse o que ele já pensava:

- Sabia que você não era daqui! Lobisomens nunca chegam a um bar como esse sem uivar, ou algo do tipo logo na entrada. Você está na ilha do Leste do arquipélago de Licaão. Como você veio parar aqui sem saber disso?

Ignorei sua pergunta e retirei do bolso um pouco de dinheiro que coloquei sobre o balcão:

- Valeu... "amigo"! Me traz o refrigerante que tiver!

A Chave PerdidaWhere stories live. Discover now