Capítulo 5 - Salto para o desconhecido

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Já à primeira vista, a casa de Corvinus se destacava de todas as outras do bairro. Era somente de um andar, haviam sinos de vento espalhados por sua sacada e o telhado marrom contrastava com a cor roxa de todas as paredes. Um dia Adam pretendia perguntar qual era a fixação de seu diretor por aquela cor, mas não seria hoje, pois hoje ele tinha questões mais importantes a serem respondidas. Havia um cercado de madeira branca nos limites do terreno e, um pouco mais atrás, algumas plantações de vegetais que tinham ótima aparência. Adam não sabia o que esperar quando conseguiu o endereço de seu diretor, mas com toda certeza não esperava uma casa aparentemente simples como aquela, que devia ter quatro ou cinco aposentos no máximo. Ele então bateu palmas e esperou até a voz de seu diretor surgir do quintal ao fundo:

- Podem entrar crianças, deem a volta até aqui.

Adam não estranhou o fato de seu diretor saber que eram eles, Corvin, de certo, já o esperava em sua casa desde o momento em que aquele presenta havia saído do teto. Adam rodeou a casa pela lateral e não resistiu a olhar para dentro por uma janela de madeira que estava aberta. Praticamente todas as paredes tinham prateleiras lotadas de livros em diversas línguas, tamanhos e capas. Um tapete persa cobria o chão escuro de madeira até onde, mais a um canto, havia uma poltrona perto da lareira. Não havia muitos quadros pelas paredes ou fotos pelas prateleiras, mas tudo ali parecia ser bem típico dele, ao contrário daquilo que se encontrava no quintal da casa: vinte gaiolas com pombas dentro. Os animais fizeram um pouco mais de barulho ao ver as visitas, porém Corvin as acalmou logo em seguida. Ele alimentava alguns com pedaços de pão quando Helin se aproximou para perguntar:

-Eles não ficam sempre nas gaiolas certo?

Corvinus sorriu, percebeu a preocupação dele com as aves:

-Claro que não, só estou cuidando deles por algum tempo antes de usá-las para algumas correspondências. Tenho que contatar alguns amigos em lugares que o correio convencional não tem acesso, por isso tenho que lançar um feitiço específico para cada uma, mas assim que o trabalho estiver feito eu as devolverei para seus lugares de origem. Mas enfim, se vocês estão aqui com essas caras preocupadas quer dizer que as coisas não foram muito bem no Departamento de Magia. Eu pude supor, claro, que essa seria a primeira atitude de Salunna.

Adam consentiu tristemente que sim e seu diretor continuou:

-Nem de longe concordo com a decisão de deixar um bom homem como seu pai passar um dia sequer a mais em um lugar como aquele, mas entendo a lógica deles. Passamos por guerras e revoltas grandes no passado e finalmente agora que as coisas estão mais calmas nos últimos vinte anos, eu duvido que eles queiram correr o risco de libertar aquele monstro que é Caim.

- E é isso que eu não entendo Diretor. – Disse Melissa andando em sua direção – Eu sei da capacidade que ele tinha de fazer aliados, e também estou ciente do quanto ele era habilidoso e esperto, mas eu não entendo para que todo esse medo de Caim.

Corvinus parou de alimentar as aves e se aproximou deles:

- Há mais em Caim do que a razão e a lógica podem entender. Caim era simplesmente uma criança a vinte anos atrás, quando surgiu do nada com uma grande habilidade em magia e um exército composto da pior escória da sociedade. Sua captura foi tão peculiar quanto seu desaparecimento, mas boas pessoas morreram no processo. A maioria das informações sobre ele, hoje são sigiliosas.

Adam deu um passo à frente, determinado em cada palavra:

- Eu não me importo o quanto esse cara possa ser perigoso, eu vou tirar meu pai daquela ilha custe o que custar. Por isso vim aqui, para pedir que me conte o que sabe sobre a "Chave Perdida".

A Chave PerdidaWhere stories live. Discover now