Capítulo 6- Entre lobos e morcegos, faço uma amiga

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Era uma noite fria de abril. A luz da lua cheia era a única luminosidade em meio à floresta e, ainda sim, ela era ás vezes encoberta pelas nuvens escuras e carregadas.

A "Ilha dos lobos" é um arquipélago formado por cinco ilhas na região central do mar de Licaão. Esse arquipélago é composto por quatro ilhas menores que se localizam em cada um dos principais pontos cardeais da ilha central, que é a maior. Na ilha ao centro, em um portal ao sul surge Melissa, na mesma ilha em um portal à oeste surge Adam. Na ilha do Leste aparece Nick e na ilha do Norte surge Helin.

Melissa Dracinus – Entre lobos e morcegos

Descobri algo sobre mim: odeio portais.

Sem nem mencionar toda aquela movimentação que quase me faz passar mal e toda aquela luz, eu fui atirada metros acima do chão e caí bem em cima de alguns arbustos:

- Droga! Sujei minha calça predileta! Está todo mundo bem?!

Foi o que eu disse antes de perceber que estava sozinha. Não queria protestar antes, pois havia o fato de ter estátuas estranhas tentando nos matar, mas desde o começo eu achei que não seria uma boa ideia pularmos separados no portal, essas coisas nem sempre são exatas se não houver uma estação operando do outro lado. Botei-me de pé e procurei a minha mochila. A floresta era tão densa e tinha árvores tão altas que havia um breu enorme onde eu estava, se eu dependesse somente da minha visão, admito que seria difícil me guiar por ali. Escuto o som de pássaros ao longe, e da vegetação se mexendo ao vento, porém nada que se diferenciasse de uma típica ilha tropical até então. Espero que todos estejam bem.... Espero que Adam esteja bem também. Ele andava muito estranho desde que havia recebido aquele presente do pai. Encontrei minha mochila em meio a um arbusto, e limpava a sujeira que estragava sua cor lilás quando escutei um uivo ao longe. Essa insegurança em meu coração fez novamente a voz despertar. Era de novo ela, era de novo eu. Um sussurro que eu tinha certeza que ninguém mais ouvia:

"-Eu sei que pode sentir os perigos dessa ilha. Caso não sucumba aos seus instintos, você não irá durar nada aqui. Sem a minha ajuda irá perecer nesse maldito lugar. Me reconheça, me deixe assumir! "

O silêncio se fez por breves segundos, depois retornou mais audível:

"- O desejo por sangue corre em suas veias. Queira ou não, não podes negar isso. Sou parte de você e morrerei contigo caso seja fraca. Não dominarás nada e não ajudarás ninguém com gentilezas.... Liberte-me! "

É estranho tentar descrever, que aconteceu em seguida: Não controlava meu braço, mas mesmo assim minhas unhas cortaram uma árvore ao meu lado, como se ela protestasse revoltada dentro de mim. O selo de sangue brilhou vividamente em meu pescoço tentando suprimi-la. Pensei sobre a história da minha própria raça, como vampiros não são bem aceitos em nenhum dos mundos: Antes do reinício ou mesmo hoje em dia, sempre fomos temidos, acusados ou caçados. Sugando sangue ou não estávamos destinados a vagarmos sozinhos. Perdia-me um pouco em pensamentos quando ouvi algo novamente, mas dessa vez não era ela. Era o som de vegetação se movendo e eu quis dizer literalmente, uma enorme planta carnívora com mais de três metros se arrastava atrás de mim. Ela tinha raízes enormes com espinhos que se apoiavam no chão como tentáculos e a permitiam andar, além de uma boca gigante com dentes disformes e pontudos. Em meio a meus pensamentos eu não havia percebido sua presença e nem percebi que um de seus "tentáculos" havia se encostado sobre a minha panturrilha direita. Eu pisei sobre ele o esmagando, e com um soco em seu caule eu a fiz voar alguns metros em direção a uma grande árvore maciça e amarela. Estaria tudo bem se terminasse por aí.... Mas havia um espinho preso em minha perna. A grande sonolência e tontura que veio a seguir era sinal de que ele estava envenenado. Eu encostei-me a uma árvore e fui aos poucos perdendo a consciência...

A Chave PerdidaWhere stories live. Discover now