- Como assim sua mais nova amiga é essa sarnenta Adam?!O que você tinha na cabeça?
Adam se perguntava o que exatamente havia acontecido ali, Mel nunca tinha se mostrado agressiva daquela maneira e quase nunca ele a tinha visto lutar. Lupina parecia a ponto de recomeçar a briga novamente pelo insulto. Adam cessou seus poderes e as duas desceram ao chão. Lupina tomou sua forma humana e toda os pêlos, garras e dentes afiados foram se tornando pele, unhas e um rosto que fazia a mesma expressão confusa e raivosa de Melissa. Naquele momento todos os diversos lobisomens ao seu redor se silenciaram esperando pela resposta da princesa, mas ela parecia confusa entre a vontade de recomeçar a lutar e a vontade de não brigar com seu novo amigo.
Foi então que um vento forte invadiu a clareira em que se encontravam, as folhas voaram para o alto e o som das árvores se balançando tornou-se o único som audível. Lupina pareceu farejar um cheiro familiar no ar. Os lobos que formavam um círculo em volta da cena se tornaram humanos e se ajoelharam em reverência a algo ou alguém que ainda nem estava à vista. Então, dois lobisomens quadrúpedes vieram da escuridão da floresta acompanhados por uma dúzia de soldados em trajes militares. Uma loba vinha à esquerda e sua pelugem era totalmente branca enquanto o lobo à direita era totalmente escuro. Os dois pareciam exalar uma aura de poder maior do que qualquer um ali. Adam identificou imediatamente o lobo negro como aquele que havia tentado "atacar" Lupina mais cedo. Ela, quase que em um sussurro, diz:
- Pai, Mãe...
Adam quase caiu para trás. Por mais azarada que fosse a possibilidade, ele percebeu que na verdade havia tentado protege-la de seu próprio pai que, por uma infeliz coincidência, também era o rei dos lobisomens. Ele não sabia o que pensar, não sabia o que fazer e nem onde enfiar tanta vergonha. Os dois grandes lobos já estavam no centro da aglomeração e apenas a alguns metros dele quando tomaram suas formas humanas. Adam não sabia dizer se aquilo era motivo para ficar aliviado, porém, de certa maneira, agora sua ideia de ser mastigado pelo rei se tornou mais improvável. O casal realmente tinha a presença de majestades: O homem era alto, tinha cabelos levemente enrolados, músculos bem definidos e usava roupas leves e escuras. Ela tinha longos cabelos escuros com acessórios vermelhos e dourados, usava um vestido de seda branco e exibia um largo sorriso para Adam:
- Você é o garoto de hoje mais cedo, não é? – O homem cerrava os olhos e parecia extremamente interessado nele – A coragem que você demonstrou para se interpor naquela ou nessa situação... foi interessante.
Adam não sabia exatamente o que ele realmente estaria pensando, porém tentou sorrir e parecer menos desconfortável do que realmente estava com aquela situação:
- Am.. Obrigado. Eu sinto muito por ter interrompido sua conversa com sua filha daquela maneira e, sabe, por achar que você a estava atacando.
O homem riu alto antes de dizer:
- Eu entendo que para um forasteiro minha discussão com minha filha possa parecer algo assim. Estava somente tentando convencê-la a não competir hoje e voltar para o palácio, mas admito que ela talvez ela tenha herdado essa teimosia de mim afinal.
- Eu chamo isso de determinação pai. Se eu te deixasse, você iria me tratar como uma boneca o resto da vida! – Disse Lupina ao seu lado – Mas enfim, Adam e... Am... Sanguessuga, permitam-me apresentar meus pais: Lucano e Lucímia Licandus. Rei e rainha da maior alcateia do mundo, o arquipélago de Licaão.
- Você ficou melhor em fazer apresentações filha. –Disse Lucímia com um sorriso– Mas temo que você não tenha melhorado seu temperamento com nossos visitantes vampiros.
- Mãe, se alguém surge por um portal ilegal na floresta e exala um cheiro de predador forte como o dela, eu acho que eu tenho motivos para considera-la hostil.
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A Chave Perdida
FantasyO mundo é diferente no futuro. A sociedade como a conhecemos chegava a um fim eminente e sua única salvação foi justamente o que muitos consideravam irreal: A magia. O "Reinício" foi o dia em que o oculto se tornou realidade. Dois séculos depois, o...