Mas já era tarde. O vento soprou forte retirando seu chapéu e revelando seu rosto, Bosco assoprou a flauta e tudo parou. Foi como se uma onda se espalhasse pelo ar e todos aqueles que ela atingia eram imediatamente proibidos de se mover. A melodia da flauta fora transmitida pelo sistema de som e, em um segundo, o silencio se fez em toda cidade. Crianças, adultos, lobisomens, magos e humanos ficaram paralisados e atordoados com o som exatamente na posição onde estavam, seja nas ruas, tetos ou dentro das próprias casas. Comerciantes continuaram com seus braços abertos ou segurando o que estivessem segurando. Tudo parecia ter parado no tempo até a voz de Bosco retomar o alto falante. Ele falava sem aquele tom gentil de antes, na verdade ele soava como uma pessoa totalmente diferente:
- Isso... foi dramático não foi?! Essa coisa de se infiltrar nos mariachis e esperar até o final da música? – Ele riu alto e descontroladamente – Mas como valeu a pena. Só para ver essa expressão de felicidade no rosto de vocês sumir. Se eu tivesse essa flauta antes teria feito isso há meses atrás. Boa noite Licândia! Sejam todos bem-vindos a essa noite histórica! Noite do recomeço da era dos lobisomens, recomeço que eu irei guiar!
Ele retirou o microfone do pedestal e começou a brincar com ela e rir enquanto andava pelo palco:
- Mas vocês, meus caros cidadãos, devem estar todos confusos por serem paralisados assim de surpresa, então, vou deixar que formulem algumas perguntas certo?! Olhem que ótimo líder que eu sou.
Ele aproximou o microfone de Windy que estava no chão, lutando para se mexer:
- Nos liberte seu desgraçado!
- Não, não e não! Isso não é uma pergunta, e isso também não é jeito de falar com o novo rei então...
Bosco chutou Windy forte no estômago. Nick e o restante do pessoal fervilharam os olhos de ódio e gritaram diferentes ofensas, todos menos Lupina, que chocada deixava escorrer lágrimas pelo rosto. Ela se esforçou para gritar:
- Por quê?
Bosco olhou fixamente em seus olhos e riu diabolicamente:
- E temos uma vencedora! A princesa que se nega a morrer! Sabe Lupina, você teria sido bastante útil para mim se tivesse sido simplesmente esmagada pelas rochas sabe?! Eu poderia ter tocado a flauta já no seu funeral. Não foi fácil convencer o restante do meu grupo a ir para aquele lugar na floresta somente para serem emboscados. E todo esse esforço para quê? Para esse moleque aqui te salvar. Mas também não importa, pois independente do resultado eu pude ter acesso á todas as partes do palácio. E aposto que Lucano já pensava em "farejar o traidor" ou algo parecido, não é? Enfim, onde estão meus modos? Você me fez uma pergunta e eu devo respondê-la... O porquê, princesa, é por herança de família!
Lucano lutava para se movimentar e parecia estar se saindo melhor que as outras pessoas, ele disse entre as rangidas de dentes:
- Quem é você?
- Essa já é uma boa pergunta, digna do antigo rei de Licândia. Aquele que acha que lobisomens devem viver em paz e tranquilidade, ao invés de serem o que são: máquinas de guerra! Mas a resposta para sua pergunta é simples: Sou o verdadeiro herdeiro dessa terra. Filho do único que a dominou como ela devia ser dominada. Sou Tiranus Bosco, filho de Gantor Bosco e o verdadeiro rei de Licândia! E você sabe como minha vida foi mais complicada por culpa sua? Tendo que fugir, me esconder e procurar por essa estúpida flauta em lugares sujos ao invés de estar no palácio que é meu por direito? Diga-me, você sempre desconfiou de mim, não é? Desde que cheguei á essa decepção de cidade á meses atrás. Porém, como acreditar que a única pessoa que sua filha podia chamar de "amigo" era na verdade um traidor? Você se recusou a ver a verdade, a ouvir seus instintos!
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A Chave Perdida
FantasyO mundo é diferente no futuro. A sociedade como a conhecemos chegava a um fim eminente e sua única salvação foi justamente o que muitos consideravam irreal: A magia. O "Reinício" foi o dia em que o oculto se tornou realidade. Dois séculos depois, o...