A Chave Perdida

Capítulo 27- Um se perde

Adam acordou com o sol se pondo no seu rosto por entre as cortinas que balançavam ao vento e viu que seu quarto estava cheio de gente. Do lado direito da sua cama, Melissa e Lupina dormiam cada uma em uma poltrona, e estavam aparentemente bastante cansadas já que dormiam pesadamente em posições desconfortáveis. Lupina parecia estar bem, sua resistência de lobisomem deveria tê-la curado totalmente. Do outro lado, e encostados à parede abaixo da janela, estavam Helin e Nick dormindo boquiabertos. E à sua frente estavam acordados Lucano e Lucímia acompanhados de uma idosa de longos cabelos grisalhos, óculos redondos e com roupas estranhas, largas e coloridas:

- Isso está, preocupantemente, se tornando um hábito Adam. Mais de uma vez você se sacrificou pelas coisas preciosas para mim e acabou nessa cama.

Lucano tinha um olhar triste nos olhos, como se estivesse se sentindo impotente. O garoto respondeu:

- Mas só tive a chance de proteger a cidade por que você se sacrificou para nos proteger.

Lucímia o olhava com uma enorme surpresa, como se não acreditasse que o garoto sentado à sua frente havia feito o que fez:

- Você... se lembra do que aconteceu? Do que fêz naqueles momentos finais?

Adam tentou se lembrar. Tudo aquilo parecia distante e irreal demais para ele mesmo crer que havia acontecido:

-Tenho somente flashes. Lembro-me de começar a cair, de escutar o encantamento em minha cabeça, dos gritos de Tiranus tentando se soltar do dragão e de apagar com um turbilhão de vento em meus ouvidos... o que aconteceu com ele? Ele morreu?

Lucano olhou para baixo, revirando os olhos pelo piso de madeira como se aquela questão o incomodasse:

- Creio que sim. Por mais estranho e irônico que possa parecer, ele caiu no mesmo buraco que seu dragão abriu ao lado do nosso palácio. Então, é possível que ele tenha mergulhado em lava, assim como seu pai. Talvez o próprio destino, tenha feito dele o preço a se pagar por acordar aquele dragão. O corpo não foi encontrado por nenhum grupo de busca que eu enviei pelos túneis nesse dia em que você esteve desacordado, provavelmente ele teve uma morte rápida.

Adam não sabia o que dizer, não sabia como reagir aquilo, porém não precisou, pois Lucímia concluiu:

- Mas enfim, grande parte da população tem somente ferimentos leves, então tenha certeza Adam que o que você fez por essa nação foi indescritível. Com toda a certeza você nos salvou.

A senhora idosa que estava ao lado deles se levantou da sua cadeira, se aproximou de Adam o fitando com atenção (o deixando desconfortável), estendeu sua mão trêmula e enrugada e segurou sua bochecha direita:

- Eu sou Vovó Lupa garoto. Já ouviu falar de mim? – Adam acenou que sim com a bochecha ainda presa – Que bom! Por que eu também já ouvi falar de você Adam Abelian Emrys. Na verdade, eu tenho ouvido seu destino á muito tempo. Vim te desejar boa sorte na sua jornada e dizer que é um prazer finalmente conhecer você.

Adam balançou novamente a cabeça positivamente um pouco confuso e Lupa soltou a sua bochecha com um sorriso. Ela continuou:

- Então acho que vou procurar o Baltazar pela propriedade, mesmo enfaixado aquele garoto não para quieto e eu tenho muito que falar com ele. –O olhar de Lucano se tornou ainda mais triste – E eu também acredito que algumas pessoas estavam ansiosas para te ver acordado.

Vovó Lupa bateu palmas graciosas, mas que acordaram a todos imediatamente. Ela deixou o quarto acompanhada de Lucano e Lucímia enquanto Adam era soterrado por seus amigos entusiasmados em vê-lo bem: