A Chave Perdida

Capítulo 26- Mergulho da morte

- Ideia inteligente garoto, mas a única diferença é que agora sua morte vai ter boa iluminação!

Seu ombro esquerdo ainda latejava de dor, o que fazia com que falar fosse uma missão extremamente difícil, mas Nick estava determinado a não entregar a satisfação de deixar o inimigo perceber isso:

- Cara, você conversa muito! E nunca diz nada impressionante, só coisa chatas! Fica com a boca fechada se não você vai é me matar de tédio.

Provavelmente Lunático não gostava de ser chamado de chato, mas independente do motivo, ele atacou mais uma vez. Nick se jogou para a direita em um rolamento, se pondo de pé rapidamente. Em seguida desferiu um soco equipado de sua soqueira flamejante na direção em que adversário agora estava. Grandes chamas se despreenderam de sua soqueira em uma rajada rápida que acertaram a panturrilha direita de Lunático, que tentou desviar com um salto para cima. Ele olhou a marca de queimado na parte de trás da sua perna e sua raiva pareceu aumentar. Nick aproveitou a oportunidade para atacar. Naquele exato momento, em que avançava com os punhos altos em guarda, Nick se lembrou do dia em que sua mãe lhe ensinou o básico sobre o boxe, numa época onde sua família era unida.

O sumiço de sua mãe mudou tudo, então ele queria aquilo de volta, por mais que não tocasse naquele assunto, era tudo o que ele queria. Nick trabalhou as pernas, "dançando" ao redor do adversário enquanto se desviava das patas de Lunático que rasgavam o ar. Ele acertou um soco no peito do adversário, e em seguida outro no quadril, se desviou mais uma vez das patas e depois das grandes presas de Lunático que tentou mordê-lo, ele começou então a acertá-lo cada vez mais. Explorando cada brecha que podia com calma e rapidez, alguns socos obrigavam o adversário a manter defesa, outros causavam danos no corpo e alguns miravam na sua guarda. Pouco tempo depois o garoto acertou um soco de direita contra a face do adversário. Ele acertou proximo ao focinho, o cheiro de pêlo queimado agora era muito forte, Lunático ganiu por um segundo, colocou a pata sobre o machucado na face e então soltou um gigantesco urro que fez Nick retroceder.

Ele avançou tão rapidamente, com seus olhos vidrados de raiva, que Nick não pode fazer coisa alguma. O soco de Lunático veio contra sua guarda no rosto, porém ele tinha tanta força que o jogou contra a parede oposta. Ele foi lançado como uma bola por seis metros até suas costas se chocarem contra a parede. A dor que sentiu, mesmo com sua anatomia mais forte que a de um humano comum, foi realmente indescritível. Uma onda tão grande de dor que o impediu de gritar e até mesmo respirar por alguns agonizantes segundos. Nick escorreu pela parede e caiu joelhos no chão tentando focalizar alguma coisa em frente aos olhos. Sua mente rodopiava e latejava enquanto Lunático ria da cena à distância. Cada músculo do seu corpo tremeu e ele pensou que iria desmaiar, mas cenas começaram a inundar sua mente. No começo eram flash rápidos da sua infância, do seus pais andando com ele pelas ruas da cidade, da sua mãe o ensinando boxe, dela saindo de casa para aquela última missão, mas aos poucos vieram também visões inesperadas e recentes... visões de Adam, Melissa, Helin e Lupina. Eram pequenas cenas das últimas semanas, das coisas que passaram para chegar até ali, dos cafés da manhã juntos, da Lobolândia, da Guerrilha. Pouco antes de abrir seus olhos de novo, Nick deu um sorriso de canto de boca e pensou "devo ter batido a cabeça para lembrar de coisas assim", mas agora entendia que seu propósito ali ia um pouco além dele mesmo. Colocou a sola do pé esquerdo no chão, apoiou- se sobre o joelho e se levantou devagar. Lunático não falou nada (talvez não quisesse ser chamado de chato novamente), só o olhou com uma mistura de raiva e respeito por um segundo, depois sorriu e avançou. Nick já havia feito os preparativos necessários, havia diminuído a velocidade do inimigo com os socos na perna e no quadril. Ele ainda não tinha muita experiência com aquela Alquimia em particular, comandar o ar através do metal era algo muito delicado que ele ainda estava aperfeiçoando.