Capítulo 21- As cinzas da derrota

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Pelo restante da noite, Adam só conseguiu se manter acordado por trechos. Entre, o que era para ele somente piscadas, o garoto levava um período de tempo diferente para conseguir abrir os olhos novamente. Sua primeira sensação foi a de sentir água bater na sola dos seus pés e de escutar o barulho do mar. Adam não conseguia exatamente raciocinar sobre isso, mas sentia frio, pois suas roupas pareciam estar molhadas e sujas de areia. A chuva batia fraca contra seu rosto e ele sentia o gosto de sal nos lábios. Naquele tempo em que ficou na praia sua respiração fraca e seu coração soavam altos nos seus ouvidos, até que ao longe ele pareceu escutar algumas vozes "Achei! Ele está aqui! Ele se soltou enquanto éramos transportados, mas sabia que tinha parado por perto! " e poucos segundos depois a voz de Helin se tornou a última coisa que ouviu antes de apagar novamente "Calma irmão, a gente vai te tirar daqui! Você vai ficar bem! ".

Algum tempo mais tarde, um trovão o fez acordar de novo. A chuva não se chocava mais tanto assim contra o seu rosto, pois ao olhar para cima, Adam reconheceu árvores densas. Seu corpo estava sendo carregado por seus conhecidos, disso tinha certeza, mas ele não conseguiu fazer com que sua visão se focasse o suficiente para distinguir exatamente quem. A voz de Lucímia, carregada de emoção, pareceu perguntar para Melissa que devia estar mais a frente:

- Você tem certeza que esse esconderijo é um lugar seguro?

A voz de Melissa parecia tensa:

- Absoluta! Eu preparei o lugar para que ele não deixasse nossos cheiros entregarem nossa posição, nenhum lobisomem pode acha-lo!

Em seguida a voz de Baltazar, que parecia ser um dos que estavam a carregá-lo disse:

- Então é melhor chegarmos á esse lugar depressa! Mesmo com os primeiros socorros o garoto está perdendo muito sangue, e com toda a certeza os lobisomens de toda a cidade devem estar vasculhando a ilha atrás de nós agora.

Alguns uivos cortando a noite ao longe foram, dessa vez, a última coisa que Adam escutou antes de apagar mais uma vez. Ao conseguir estar, pelo menos, levemente consciente de novo, ele sentia que já estava em um lugar fechado. Havia um leve barulho de chuva lá fora e ele estava deitado sobre uma pedra grande e lisa com algumas folhas por cima. Parecia ser uma caverna ou algo do tipo, pois ao conseguir abrir um pouco os olhos, ele viu rochas que iam do chão até o teto:

- Faça um pouco de fogo Nick, mas tenha certeza de não deixar que ele produza nenhuma fumaça!

- Pode deixar!

A voz de Coahoma veio a seguir:

- O garoto está com problemas! As ervas que coloquei só diminuíram a perda de sangue, porém ele vai precisar de uma transfusão. Os feitiços que conheço podem até fechar a ferida, mas também não sei se será rápido o bastante.

A voz de Windy se fez presente mais ao fundo:

- Mas como vamos fazer uma transfusão aqui? Só temos alguns mantimentos aqui e um kit de primeiros socorros.

E por fim a voz de Melissa veio, tomada de preocupação e algo que Adam poucas vezes havia visto nela, medo:

- Nós temos que dar um jeito! Ele... simplesmente não pode! Tem algo que ainda pode ser feito!

Nem seus lábios ou qualquer parte do seu corpo pareciam responder aos comandos fracos de sua mente. Melissa pareceu vir em sua direção, mas alguém entrou no caminho entre eles:

- Calma aí Suga-Suga!

- O que você está fazendo Sarnenta? Saia agora da minha frente! Você sabe que eu não posso tornar ele um vampiro nem se eu quisesse! Você quer que ele morra?

A Chave PerdidaWhere stories live. Discover now