Capítulo 9- Um novo pedaço

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No meio da noite nós nunca sabemos que tipo de sonho nossa mente poderá produzir. Adam, também, não poderia imaginar que seu sono seria "infectado" por um pesadelo como aquele. Enquanto sua paz se transformava em uma visão que ele não desejava, o garoto se revirava em sua cama jogando o seu cobertor ao chão. No sonho ele flutuava em meio a escuras nuvens de um céu ainda mais negro. Uma lua vermelha pairava no céu despontando seu brilho sinistro sobre tudo abaixo. Sua visão cortava o céu rapidamente e ele, de alguma forma, sabia que seu corpo não estava realmente ali. Ao descer ele avistou uma ilha, cercada por um mar negro como a própria noite, onde atrás dela se formava uma tempestade que rugia com força. Sem controlar seu rumo ele foi levado naquela direção. A ilha era repleta de vegetações mortas, árvores sinistras e sombras estranhas que se moviam por ela. Mais à frente ele pôde enxergar as nuvens escuras do céu girando e se afunilando acima de uma imensa construção que, à primeira vista, ele não soube dizer o que era. Porém em seguida ele conseguiu discernir a forma de uma torre torta, cercada por uma muralha disforme com fossos ao redor. A torre era feita de pedras escuras e pontudas, parecia como um imenso galho torto saindo do chão com espinhos por toda sua extensão.

Adam sentiu uma sensação ruim por estar ali, como se uma energia negativa invadisse seu peito aos poucos, mas uma sensação ainda mais aterrorizante o atingiu ao passar sobre a muralha e ver que logo em frente à torre, se erguia uma imensa mão da terra. Era escura, gigantesca e sua palma estava aberta como se estivesse tentando sair do chão.

Sua trajetória continuo e Adam levou as mãos em frente aos olhos um pouco antes de atravessar a parede da torre como se fosse um fantasma. Logo depois disso ele tentou enxergar algo no escuro corredor em que se encontrava, mas as luzes dos lampiões presos ás paredes pareciam estarem sendo reprimidas pelas espessas sombras ao redor. Adam conseguiu, com certo esforço, ver diversas portas de aço se estendendo por todo o corredor e ele arrepiou até o ultimo fio de cabelo ao escutar gritos e gemidos saindo de todas elas.

Ele desejou sair daquele lugar e, como se algo atendesse seu pedido, ele novamente voltou a flutuar controle do seu rumo. Virou em uma curva fechada e um rosto desfigurado de um morto vivo surgiu a sua frente. Ele era enorme, com cabelos desgrenhados, unhas gigantescas e a pouca pele que tinha estava em um tom cinza e sem vida, porém parecia incrivelmente forte, pois carregava uma enorme clava e vestia uma pesada armadura de batalha que estava quebrada em diversos lugares. Adam o atravessou como fizera com a parede antes mesmo que pudesse ter alguma reação. Seguindo o primeiro, havia dezenas de outros zumbis que faziam sons guturais e, em cada um deles, o garoto conseguiu notar um pedaço de pergaminho preso entre os dois ombros. Ele tentou se acalmar e respirar fundo, sem saber que o pior ainda estava por vir.

Subitamente ele mudou de direção e começou a subir e cruzar o teto algumas vezes. Então parou... não sentindo nenhuma força o carregando mais. Estava em um imenso e largo salão com colunas de mármore pretas que iam do chão até o teto e era repleto de esculturas de tigres à esquerda e de dragões à direita. Na sua frente havia uma imensa porta de metal escurecido. Sua mão tremia e hesitava ao se estender para tentar abri-la, como se de alguma forma ele soubesse que o que havia do outro lado fosse algo que precisasse ver, mas mesmo assim um medo incontrolável o fazia recear. Por fim, sentiu um leve empurrão quente em suas costas e atravessou as portas grossas do salão principal.

Havia tapeçarias pelas paredes, mesas de madeira maciça a um canto, e um trono escuro feito de pedra ao fundo, onde parecia que havia alguém sentado. Adam não consegue ver seu rosto ou ter uma ideia do tamanho de seu corpo, pois próximo a ele, as sombras pareciam se acumular tornando impossível ver nada além de intensos olhos acinzentados. Ele sentia uma aura maligna tão densa que chegava a pesar o ar. Uma voz profunda cortou as sombras e lotou o aposento:

A Chave PerdidaWhere stories live. Discover now