Exame de Corpo de delito

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BETHANY CALLAHAN

04:50 PM.

Saint John's Hospital Santa Monica.

4, de agosto, 2016.

— Bethany! Querida, abra a porta!— Daniel ainda estava congelado, dentro de mim. Ele se moveu devagar, apertando meu corpo e gemeu baixo, provavelmente tendo seu orgasmo, eu só conseguia chorar sussurrando por ajuda.— AGORA, BETHANY, AGORA!— os gritos da Ana do lado de fora do quarto pareceram sem paciência, junto do espancamento na madeira grossa.

Seus gritos desesperados me deram esperança e eu gritei, no mesmo momento em que reagi, Daniel me livrou de seu órgão nojento, arrancou a calcinha, segurando forte meu braço, para que eu não caísse. Ele me empurrou com toda sua força para dentro do box, bati com o cóccix contra a parede, na tentativa de me equilibrar, então cai sentada e logo senti o jato de água fria ser despejado em meu corpo. Daniel terminou de abrir o registro do chuveiro e levantou as calças enquanto se ajeitava, correndo para fora do banheiro.

Eu estava gritando! Meus berros expressavam minha dor, o nojo, a angústia. Só queria gritar, enquanto me debatia, queria fazer toda aquela dor e tristeza passar. Minhas lagrimas se misturavam a água fria que me fazia tremer, tremer de forma descontrolada, desde o queixo até as pernas. Mas só eu sei que não estava tremendo apenas pela água gelada em contato direto com a minha pele extremamente quente.

— Eu vim-vi-vim ver como ela estava, ela pediu para tomar banho e-eu fui abrir o chuveiro, nem percebi que ela havia trancado a porta. Eu... ela está no banho, eu estava sentado aqui e acabei cochilando, fiz plantão essa noite, estou morto, desculpe, eu vou indo. — ele estava visivelmente nervoso, seu tom de voz instável entregava, mas ninguém irá se reter a esse detalhe.

Quando ouvi a porta bater, consegui respirar aliviada por saber que ele tinha ido embora. Me calei, chorando e abraçando minhas pernas com força, sentindo os dolorosos espasmos musculares.

— Meu bem...— Ana me chamou, virei o rosto devagar, vendo ela me olhar de longe. Eu senti tanta raiva, e meu pedido para que não me deixasse sozinha veio a minha mente.— Meu bem, o que houve?— não respondi.— Bethany? — Ana tocou meu ombro, ajoelhando-se atrás de mim. — Essa água está fria! Meu amor.— sussurrou alisando meus cabelos.— Por que você estava gritando? — indagou como uma verdadeira idiota, e tudo que eu conseguia era sentir ódio, muito ódio! De tudo e de todos, tanto ódio, que parecia esmagar meu peito.— Fala comigo...

Cobri meu rosto sentindo aquela dor que fazia meu ar faltar, meu estômago embrulhar. A sensação de ter duas mãos fortes esmagando meu peito, doía muito. O pior sentimento que poderia existir, um sentimento misturado com a invalidez e vários outros sentimentos péssimos.

— Vem pequena...

— SAI DAQUI!— gritei descontrolada, chorando muito.— Você prometeu! — empurrei a perna dela, quando a mulher levantou e tentou me acariciar novamente.

— Thany...

— Sai daqui!— repeti, entre dentes.— Eu odeio todos vocês, odeio tanto! Sai daqui AGORA! — gritei e a encarei mortalmente, então ela saiu. Encostei minha cabeça na parede e fechei meus olhos, pedindo que toda aquela sensação ruim escorresse pelo ralo junto da minha dor, do suor, do esperma dele, que eu sentia nos meus dedos, a cada vez que tocava na minha parte intima.

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