Eu digo a verdade!

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    BETHANY CALLAHAN
   
    7:49 PM
   
    Casa dos Callahan.
   
    Quar, 31 de agosto, 2016.

   
    Estava com dois corações, seguir o plano a risca e aguardar até amanhã para mostrar para ao Chaz a gravação, mas por outro lado tudo que eu queria era chegar naquela mesa de jantar e fazer Alicia assistir aquele vídeo do começo ao fim! Talvez ela tivesse a mesma reação que a mãe de Sofia e enfiasse uma faca no estômago dele.
   
    Eu estava mal, muito mal... Justin me prometeu que não deixaria ele fazer nada comigo, e deixou, ele teve a chance de impedir, mas não o fez, droga! Mas eu precisava da ajuda dele...
   
    — É, eu e Thany conversamos, e ela não quer ir morar com a Ana. — Daniel falou.
   
     Eu sentia meu corpo dolorido e nojento. Ele havia acabado de confessar que assassinou uma menina, ele havia acabado de me estuprar, de sujar meus lençóis com seu gozo, ele havia acabado de me machucar e estávamos ali, jantando como uma família normal, aquilo me atordoava tanto e me fazia pensar também, me deixava tão chocada que eu não conseguia falar ou prestar atenção em mais nada além de toda dor que eu sentia.
    
    Nossos olhares se encontraram por alguns segundos.
 
    — Nós tivemos uma longa conversa, né, filha.— ele tocou minha mão, mas eu a recolhi para perto do meu corpo, olhei para Alícia e assenti.
   
    — Oh, sério? Isso é mesmo sério?— respondeu ao seu marido completamente entusiasmada.
   
    — Sim, ela prometeu que irá tomar os remédios direitinho e vai se comportar também. — falou sorrindo e beijou minha testa, então recolheu os pratos.
   
    Para muitas garotas, quando seu pai beija sua testa, tem a ver com carinho e cuidado, para mim, qualquer toque dele me causava ânsia e angústia.

    — Eu fico tão satisfeita e feliz com isso, porque por mais que eu não queira, a próxima mancada sua, eu teria que internar você... Meu amorzinho. — ela falou, se aproximando e acariciando meu rosto.
   
    Assenti, ainda sem falar nada. Levantei, pegando as outras louças e indo até a cozinha.
   
    — Você vai comprar os remédios?— perguntei, colocando na pia, onde ele lavava as outras louças.
   
    — Não vai dar, sua mãe está controlando meus cartões, e...
   
    — Você gozou dentro de mim! — falei com raiva e mais uma vez meus olhos transbordavam em lagrimas. Daniel se virou para mim e segurou meu rosto com suas mãos molhadas.
   
    — Eu já gozei outras vezes e você nunca engravidou! Se engravidar, nós damos um jeito.
   
    Espalmei minhas mãos em seu peito, fazendo ele se afastar de mim e sai da cozinha, passando pela sala onde Alicia assistia um programa qualquer, tão inútil quanto ela.
   
    — Eu vou falar com o Justin. — avisei e nem dei atenção ao seu "não demore". Bati a porta, abraçando meus braços, pelo frio, andei até a casa ao lado, toquei a campainha duas vezes, então o homem alto de ombros largos e uma expressão dura abriu a porta e me encarou, não parecendo muito satisfeito em me ver.— Justin está? — perguntei, secando meu rosto.
   
    — Boa noite, para você também, Bethany.— senhor Bieber falou, firme, e eu iria responde-lo, mas Pattie apareceu e seu marido entrou.
   
    — Boa noite, Pattie, eu posso ver o  Justin? — perguntei, me segurando para não chorar.
   
    — Justin está com a namorada dele.— ela falou e cruzou seus braços, me encarando com total desdém.— Bethany, deixe o Justin em paz! Você acabou com a vida da Stacy. Até algum tempo eu achei que você tivesse salvação, mas você é completamente louca! Você é dissimulada, você é má! Fique longe do meu filho...
   
    — Eu não sou louca.— sussurrei chorando e encarei o chão.
   
    — Você está avisada! Se meu filho aparecer machucado, você pagará caro.— ela falava apontando para mim.— Eu não quero me envolver nessa sujeira que você transformou sua própria vida e, não quero que meu filho se envolva! Fique longe dele. Eu não sei o que você está pensando da sua vida, em que mundo Justin olharia para uma garota como você? Você não faz o tipo dele, menina, você não faz o tipo de nenhum garoto em sã consciência, e eu infernizaria sua vida para sempre, se ele resolvesse realmente se envolver com você, Bethany.— Patrícia respirou fundo e passou as mãos em seus cabelos, ela parecia estar a ponto de me bater, o que me assustava.— Quem faz o que você faz com o próprio pai, sabe-se lá o que faria com um namorado. Eu tenho pena da sua mãe, mas tenho mais ainda do Daniel, que perdeu amigos, o emprego e quase a vida, cuidando de uma filha sem vergonha, porque alguém doente não inventa as safadezas que você inventa. Você deve ser apaixonada pelo seu pai, não é possível. Mas isso não me diz respeito! Apenas não quero mais você perto do Justin, e não quero mais escândalos na frente da minha casa!
   
    Por fim, Patricia bateu a porta e eu me encolhi com o susto. Dei as costas, soluçando baixo e sentei no cordão da calçada, abracei meus joelhos e escondi meu rosto ali.
   
    Ela parecia tão legal! Mas é só mais uma, meu Deus! Isso é cansativo, eu sinto vontade de morrer e parece que nunca vai acabar. Estupro é safadeza para ela?
   
    — EU DIGO A VERDADE!— gritei aos prantos, com a minha boca contra o meu braço, abafando aquilo. Eu queria gritar, mas não queria que ninguém escutasse e pensasse que eu estava surtando outra vez. 
   
    Meus olhos doíam e ardiam de tanto chorar, provavelmente estavam inchados, mas eu não queria voltar para casa, me entupir de remédios e dormir e provavelmente acordar com as mãos de Daniel apalpando meu corpo.

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