It's a big world

1.4K 58 20
                                    

JUSTIN BIEBER

4:23 PM.

Casa dos Somers.

Quin, 1 de setembro, 2016.


Bethany encaixou o pen drive e sentou ao meu lado, só então eu dei play com o controle, para assistiremos o que tinha ali. Eram fotos de Daniel e Alicia quando jovens, algumas fotos em família, e fotos de apresentações de escola. Um arquivo inútil, levantei, pegando um pendrive no recipiente e trocando pelo outro. Estava concentrando minhas esperanças naqueles nesses dois.

- Os outros não tinham nada?- perguntei, sentando ao lado dela, que parecia ansiosa se mexendo o tempo todo.

- Não, um era com fotos minhas ao longo dos anos e outro eram vídeos pornôs.

Dei o play com o controle e imediatamente cobri minha boca, vendo ela deitada na cama, nua, com aproximadamente um ano de idade, e Daniel tinha o pênis em sua boca. Senti meu corpo todo quente e minhas mãos começaram a tremer, a cada foto que ia passando, era ainda pior, fotos de Bethany desmaiada e mesmo assim sendo estuprada. Uma criança de oito anos, sendo masturbada, e assim em diante, cada foto mais podre que a outra, e eu me vi chorando novamente, como se fosse comigo, ou pior, com a Jazzy.

Na foto que passava, ele havia vestido uma lingerie em seu corpo que estava recém se desenvolvendo. Arranquei aquele pen drive, e sem coragem de olhar para ela, coloquei o ultimo, eram trezentos e oito arquivos, dei play no primeiro vídeo e o mesmo iníciou.

- Diga "Olá", bonequinha, seja educada como o papai ensinou. - ele acariciou o queixo dela, e Bethany se sacudiu, tirando sua mão dali. - Deixa o papai mostrar como ficou sua bucetinha. Foi bom pra você, não foi? Pra mim foi uma delicia! - Daniel abriu as pernas dela, que tremiam e aproximou a câmera de sua vagina.

- Tira! Por favor! TIRA ISSO.- ela gritou completamente atordoada.- Tira isso!- Bethany levantou me empurrando e arrancou o pen drive do suporte da televisão. Ela sentou no sofá abraçando seus joelhos e chorou, seus soluços eram altos e doiam em mim.

Sentei ao lado dela, ainda atormentado com o que tinha visto. As imagens passavam na minha cabeça, como o pior filme de horror, ele chutando ela como se fosse uma pedra, gravando sua parte íntima ensanguentada. Aquilo era a coisa mais doentia que eu já havia visto na minha vida toda e saber que ela passou por tudo aquilo sozinha, saber que durante todo esse tempo, as pessoas só julgaram ela, apontaram o dedo, acusaram, e em nenhum momento ela desistiu de gritar por ajuda.

Bethany chorava de soluçar e eu me sentia um merda, por estar ao seu lado, naquela gravação e não ter feito nada! A música da minha festa podia ser escutada no fundo do vídeo. Eu estava a menos de cinco metros de distância daquela cena de horror, e não fiz nada! Ela pediu ajuda, ela gritou por ajuda durante oito anos, e todos cobriram suas orelhas e ignoraram a morte da alma dela.

Beijei sua testa e a pressionei contra meu corpo, querendo juntar cada pedacinho quebrado em seu coração.

- Me solta.- ela pediu afastando meu braço e eu a encarei, ela virou de costas para mim e se encolheu encostando a cabeça no encosto do sofá.- Eu não consigo olhar pra você.

- Por que?- perguntei, fungando e secando meu rosto.

- Eu me sinto nojenta.- contou entre soluços, esfregando seus braços.- Por que eu mereci isso? Por que ele faz isso comigo? É... Doi muito, e não é só a dor física.

- Você não merece e, eu não sei responder porque ele faz isso, mas nós conversamos lembra? A culpa não é sua. Você não é nojenta, e eu vou fazer de tudo para toda sua dor passar, seja física ou não.

Ela virou para mim e veio para perto, encostando a cabeça no meu peito e abraçando minha cintura, eu rapidamente correspondi aquilo, beijando sua testa. Nós choravamos, eu por culpa, ela por dor, mas sua dor doía tanto em mim, que eu cheguei a duvidar do porque estava chorando de fato.

- Acabou...

Nós estávamos abraçados a pouco mais de uma hora, eu intercalava entre fazer carinho em seus braços e seu rosto e ela parecia mais calma agora. Chaz veio até nós e sentou ao meu lado, ele balançou o celular, parecendo sem palavras.

- E-eu não sei! Pode ser coincidência ou ironia da porra do destino, mas eu acho que ele matou a Andy.- Chaz contou, respirando fundo e Bethany levantou a cabeça, olhando para ele.

- Você conhecia a garota?

- Eu não sei se é a mesma, mas pelo que ele falou parece e muito! Uma... Minha primeira namorada. Ela foi estuprada e assassinada, encontrada no parque estadual.

- Qual ano? - Ela perguntou, interessada.

- Foi no meio de 2011.

Bethany me olhou e respirou devagar.

- Eu posso tentar descobrir onde ele deixou o corpo dela...

- Não! Nem pensar, nem pensar que você vai ficar sozinha com esse cara de novo, não mesmo!- intervi e ela me encarou revirando os olhos.

- É só ele falar onde a deixou...- disse como se fosse simples, fazer Daniel falar onde desovou um cadáver sem que ele machucasse ela de novo.

- Não, Thany, nós vamos recolher esse vídeo com todas as outras provas, e quando entregarmos pra polícia, eles vão investigar isso. Vocês encontraram algo útil nos pen drives?

Assenti lembrando daqueles fotos horríveis.

- Tem fotos dela ainda bebê e ele a abusando, fotos dela criança sendo abusada e um vídeo onde...- me limitei a falar, só de lembrar a parte íntima dela repleta de sangue, seu corpo tremendo e sua expressão de pânico, tudo aquilo me fazia ter ânsia.

- O vídeo que ele tirou a minha virgindade...- Bethany sentou no sofá novamente e quando ia colocar os dedos na boca, eu os segurei, entrelaçando nossos dedos, levei os meus até a boca dela.

- Morde.- falei passando o polegar em seus lábios e ela riu, o que me fez fazer o mesmo.

Chaz levantou e saiu em direção ao jardim, respirei fundo e até pensei em ir atrás dele, mas achei que ele precisava de um tempo. Deitei no sofá, com a minha cabeça no colo da Bethany e ela passou a mão no meu cabelo, timidamente. Me virei, olhando para ela e sorri.

- Tudo isso acabou.- acariciei seu rosto e ela assentiu, sentando.

- Eu acho que vou falar com o Chaz.

Torci a boca, não achando aquilo uma boa ideia, serviria só para deixa-la ainda mais culpada e atordoada.

- Deixa que eu vou.- pedi, levantando. Fui até a porta de vidro que dava para o jardim dos fundos e Charles estava lá, ele estava sentado no gramado, sentei ao seu lado e acariciei seu ombro.- Logo nós saberemos se a menina que Daniel matou, foi a Andy, e se foi, ele vai pagar e enfim ela vai ter luz, Chaz.

- Eu queria ela aqui! Aqui! Comigo.- ele cobriu o rosto, chorando enquanto soluçava.- Eu era novo pra caralho, mas eu amava ela, Justin! Eu amava ela...

- Eu sei, irmão! Eu via tudo! Você amou e cuidou dela, o tempo que ela esteve aqui, você fez a sua parte.

O sofrimento do Chaz me abalava muito, e de repente, eu me vi chorando de novo, em imaginar como seria se tivesse perdido a Bethany para ele. Abracei Chaz, na tentativa de acalma-lo, então ficamos ali por algum tempo. Bethany nos trouxe um pouco de agua, e depois que já estávamos calmos, nós saímos da casa. Chaz iria na casa dos pais de Andy, e eu e Thany voltariamos para a nossa.

O caminho foi silencioso, ela encarava a paisagem, com sua cabeça encostada na janela e por alguns momentos, via sorrisinhos em seu rosto.

Merda! Eu... Eu acho que tô sentindo alguma coisa por ela, mais do que só sentimento de amizade... Logo agora, porra! Mas essa é a única explicação para eu querer beija-la sempre quando sorri, ou me esforçar para ser o motivo do seu sorriso.

É, eu talvez eu esteja apaixonado por ela.

Help MeOnde histórias criam vida. Descubra agora