BETHANY CALLAHAN4:30 PM.
Casa dos Callahan, Santa Mônica.
Sex, 26 de agosto, 2016.
Assim que entrei na casa, andei até a sala jogando minha mochila na poltrona e ignorando completamente a presença de Daniel e Alicia, que estavam sentados no sofá, vendo alguma programação de reforma de casas. Peguei uma maçã na cozinha, para enganar meu estômago, e assim que voltei para a sala, peguei minha mochila, indo até as escadas.
— Olá, Bethany!— Alicia forçou um comprimento, e eu ignorei completamente, subindo as escadas e indo direto para o meu quarto.
Coloquei a mochila sobre a cama e a abri minha mochila, segurando a maçã entre os meus dentes. Tirei meu caderno de biológia e peguei o livro também, sentei na poltrona em frente a escrivaninha e abri a pagina do livro em que a professora havia dado o trabalho.
Continuei comendo, enquanto relia o que devia fazer no trabalho. Por um descuido eu olhei para a sacada, que dava de frente para o quarto do meu vizinho, e lá estava Bieber, lendo livros, provavelmente fossem os livros de biologia, os mesmos que eu terei que ler para fazer o trabalho.
Eu sinto falta dele, ele era um amigo, o único amigo que eu tinha, eu não podia desafabar com ele, mas me sentia segura e contente ao seu lado, falávamos mais sobre as aulas, as provas, mas ele me fazia sorrir. Eu me sentia tão bem na casa dele, com os irmãos dele, a mãe, tanto que até já desejei fazer parte da sua família, ser realmente sua irmã, como ele disse gostar de mim, como um irmão.
As horas iam se arrastando, e eu já havia feito duas folhas do maldito trabalho de biologia. Os trabalhos eram mais divertidos com o Justin... Droga! Eu não gosto disso, de ficar pensando em um maldito babaca que acha que eu minto sobre tudo, um idiota que quer que eu desista da minha liberdade, da minha vida! Porque foi exatamente o que ele me pediu, para desistir de viver. Ele é só mais um que pensa que eu sou uma doente mental, esquizofrênica, bipolar e mais algumas outras doenças psicológicas que Daniel fez todos engolirem.
— Thany! O jantar está servido.— ouvi Alícia falar, depois de duas batidas na porta.— Thany...— chamou pela segunda vez, e eu não respondi de novo. Ela suspirou, como se estivesse cansada. O que deixa para mim?! — Estamos te esperando.
— Estou indo.— avisei alto o suficiente para ela escutar, então levantei, peguei meu celular na mochila e toquei na tela duas vezes, vendo que marcava 7:40 PM.
Nossas refeições costumam ser fora de horário, pelo fato de Alicia ir para tantos lugares com fusos diferentes, que ela se acostumou e nos acostumou a comer num tempo desregulado. Apenas o café da manhã nós tomamos na hora certa.
Desci as escadas e fui até a sala de jantar, vendo os dois lá, sentados a mesa. Me aproximei e puxei a cadeira, me servi de um pouco da massa a bolonhesa e coloquei o prato em minha frente, enfiando o garfo.
As vezes eu queria ter irmãos, pelo menos dois, não seria tão sozinha! Eu poderia ser a irmã mais velha, ou talvez a mais nova, e meus irmãos poderiam ser meus amigos, e me protegerem, mas... Mas seria horrível se Daniel fizesse com eles o mesmo que faz comigo, talvez tenha sido melhor assim, apenas eu, sofrendo sozinha, sem mais crianças traumatizadas, com infâncias perdidas, mas talvez seria mais difícil de colocar três pessoas em dúvida, não sei.
Comia quieta, encarando meu prato. Assim que tem sido nossos jantares desde aquele maldito dia. Eu não troco mais uma palavra com Daniel, evito ao máximo qualquer contato com aquele nojento, quanto a Alicia, eu ainda tenho que me alimentar, ainda tenho que me vestir, e ela é obrigada a me ajudar com essas coisas.
— Como foi o dia de vocês?
— Normal. Quando vocês vão devolver minha banheira? Eu gosto de tomar banho nela! — reclamei, enrolando e desenrolando o macarrão no garfo.
— E gosta de cometer suicídio nela também.— Daniel comentou, sendo ironico, como se ele não fosse o maior motivo do meu desejo pela morte. Eu apertei o cabo do garfo, sentindo a imensa vontade de enfia-lo em sua garganta.
— Tudo bem! Não da mais para vivermos assim.— Alicia soltou como se aquilo estivesse rasgando sua garganta, nos encarnando, tendo repentinamente a atenção de Daniel e eu.— Está sufocante! Eu estou sufocada!— ela falava gesticulando.— Somos uma família! Bethany.— aquela mulher agarrou minha mão a apertando.— Nós te amamos tanto, você é nossa única filha... Está tão difícil, eu não estou conseguindo sozinha. Meu amor.— Ela segurou a mão de Daniel também.— Nos perdoe, Bethany mentiu, e eu duvidei de você, mas nós te amamos tanto... Ela apenas tem problemas e nós vamos ajuda-la. Eu te peço perdão por ter feito você perder o emprego, e tudo mais, você é tudo para nós e nós não somos nada sem você.— ela falou com tanta convicção e eu puxei minha mão para longe, ele estava calado, como se refletisse, e eu só conseguia pensar que sem ele, eu seria feliz!
— Diga isso por você! Perdi a fome.— empurrei o prato e levantei, sai daquela sala e subi as escadas, me trancando no meu quarto novamente.
Eu estava tensa, tremendo! A forma como Alicia quer se manter cega, me trás pavor! Nós três moramos na mesma casa, ela seria a pessoa mais fácil para me ajudar a acabar com esse inferno, mas ela prefere manter a fachada de família feliz e unida!
Sentei a escrivaninha e voltei a escrever meu trabalho, realmente queria acaba-lo de uma vez e pensar em outras coisas, me ajudaria a não entrar em uma crise.
Não é legal escrever todas as bactérias encontradas em cada ser vivo, diferenciar bactérias, justificar suas funções e diferenças, tudo isso estava sendo chato!
Resolvi colocar meus fones e apenas escutar uma música enquanto copiava. Maldita senhora Bald, que não permite que os trabalhos sejam digitados, apenas escritos a mão, ela é uma vadia, uma grande, grande vadia!
— Merda! — com aquela palavra fixa em minha cabeça, acabei escrevendo "vadia" na folha. Peguei minha borracha, apagando e voltei a olhar para a tela do computador. Conferi se aquilo condizia com o livro, então passei para minha folha.
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Help Me
FanfictionMeu pai é um bom homem, ele vai todos os domingos a igreja, e é certo que abre sua carteira para a caixinha de ajuda de custo para os necessitados, gerenciada pelo padre. Meu pai é um bom homem, sempre que algum morador de rua lhe pede uma peque...