Ele é um monstro!

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JUSTIN BIEBER.

03:15 PM.

Santa Mônica Hight School.

3 de agosto, 2016.

   
    Não entender absolutamente nada que estava naquela prova, havia me deixado tão frustrado! Eu tentei pegar cola com James, mas o professor o colocou para fora da sala quando percebeu que ele pesquisava as respostas no celular, então eu tive que seguir minha intuição e chutar tudo aquilo.
   
    Todos já haviam terminado, inclusive Landry, na verdade ela trocou sua prova com Andy, o nerd, e ele fez tudo para ela, fazendo a dele por último. Eu poderia tentar pedir ajuda ao garoto com óculos fundo de garrafa, mas ele me odeia por pensar que eu sou um impasse em sua "vida amorosa" com a Landry.
  
    Por isso não dá para levar ela a sério, ela prefere chupar um garoto atrás da arquibancada, a estudar para uma prova.
   
    Esfreguei meu rosto, mordendo a ponta do lápis, suspirando alto. A loira passou por mim, deixando um papel de post-it cair em minha mesa, assim que o virei para cima, vi lá todas as respostas.
   
    — Ok, Bieber, falta apenas você. Tempo esgotado.— o careca falou, escorado em sua mesa e alisando a barriga enorme. Eu marquei duas das alternativas que consegui.— Vamos, Bieber!— o professor apressou e eu revirei os meus olhos, amassando aquele papel inútil, então o enfiei no bolso, levantei andando até o professor e entreguei a prova.

    — Aqui está. — assim que ele pegou passou seus olhos, fez uma careta.— Que foi?
   
    — Olha, filho, eu falei com o treinador Spencer, você não pode focar somente no seu futebol americano, e esquecer que há outras responsabilidade.— o professor esfregou os dedos em sua testa e me encarou outra vez.— Ele deveria conversar sobre isso com você, mas Justin, você está suspenso do time, enquanto não melhorar suas notas.— ele falava comigo, enquanto corrigia a prova, professor Sven devolveu minha folha, com os rabiscos, mostrando tudo errado.
   
    Não respondi nada, apenas dei as costas e sai andando, peguei minha mochila e enfiei tudo lá, sem um pingo de paciência para organizar os materiais. Sai da sala, e encontrei Landry encostada em um dos armários, ela acariciou meu queixo e beijou meu rosto, andando ao meu lado.
   
    — Estou suspenso do time.— a encarei, desanimado.
   
    — Droga Justin, faça como eu, vá atrás de alguém que faça essas coisas chatas, e de uma recompensa.
   
    Foi o que eu tentei fazer com a maluca da minha vizinha, mas não deu muito certo. Espero que de alguma forma doida, eu não tenha sido um dos motivos para ela ter tentado se matar afogada.
   
    — Mas não com a desequilibrada da sua vizinha! E sem favores sexuais, você ainda não sabe, mas é meu namorado, e eu não quero sua boquinha em outra boceta além da minha.
   
    A encarei, demostrando em minha expressão que não fazia o menor sentido aquele monte de merdas que saiam de sua boca.
   
    — Você é burro, mas está tudo bem, você é bonito. Não tente correr atrás de notas, ganhe elas a qualquer custo, e pronto!
   
    Ela era péssima em conselhos, péssima!
   
    Me despedi da Landry com um beijo na boca, e voltei a percorrer meu caminho para fora do prédio escolar. Eu deveria ir treinar para o jogo de sábado, mas estava suspenso dessa merda. Qual é! Eu sou o melhor jogador daquele time, porra! Suspenso logo agora que o treinador ia me tornar capitão.
   
    Sacudi minha cabeça, tentando esquecer minhas frustrações. Continuei andando para fora do Santa Mônica Hight School, enquanto chutava uma pequena pedra em minha frente. Apertei meus olhos, pensando que poderia estar louco no que estava vendo, mas era real. Minha mãe encostada no meu carro, enquanto conversava com Chaz e Ryan.
   
    — Eai caras.— fiz um toque de mãos com eles e beijei a testa da pequena mulher no meio.— Você lembra que eu tenho dezoito anos, e não oito?
   
    — Não seja rude! Eu vim fazer uma surpresa, achei que gostaria.
   
    Suspirei e assenti, abracei ela e beijei seu rosto. Eu estava descontando nela, meu péssimo dia, e aquilo não era justo.
   
    — Desculpa.
   
    — Não vai ir para o treino, irmão? — Ryan perguntou, e eu neguei. Não queria desenrolar aquele assunto ali.
   
    — Eu vou comer um sanduíche, tchau.— Charles disse e eu e Butler rimos. Comer um sanduíche era um código para ir fumar maconha, ele beijou o rosto da minha mãe e saiu em direção a sua bike.
   
    — Até mais irmão.
   
    — Até, bom treino pra você e pros caras.
   
    Ryan respondeu com um sorriso e eu olhei para minha mãe, enquanto desativava o alarme do carro. Puxei a porta, mas fui impedido de entrar, por ela.
   
    — Eu vou levar você, então eu dirijo.
   
    — O que? Quer dirigir o meu bebê?— perguntei, desacreditado.
   
    — É, eu quero sim.— disse, colocando o dedo no queixo, como se estivesse pensativa.— Porque, sabe, Eu estou pagando seu bebê.
   
    Ok, diante daquele argumento eu não tinha como negar.
   
    — Agora passa as chaves, bonitão.— ela abriu sua mão e eu coloquei minhas chaves na palma.
   
    Entrei no banco do carona, e minha mãe sentou no meu assento. Ele teve a coragem de ajustar meu banco, revirei os olhos e tirei minha mochila, colocando no banco de trás, ao lado de um buquê de flores que estava lá.
   
    — Quem te deu flores, mãe?
   
    — Ninguém. Você vai dar essas flores a Bethany Callahan.— ela disse tranquilamente, como se aquilo não fosse nada.
   
    Infelizmente Patrícia já estava dirigindo, então era tarde de mais para eu abrir a porta e sair do carro.
   
    Ela vinha pedindo aquilo desde que a garota foi internada a dois dias atrás. Mas que droga, eu não quero! Não quero visitar aquela maluca e ainda por cima levar flores.
   
    — Você mandou eu pegar leve e não cercar ela, agora quer que eu apareça lá com flores? Eu não vou fazer isso!
   
    — Qual é, Justin! Você precisa da ajuda dela, ela é incrivelmente inteligente. O dia em que ela foi para o hospital, eu peguei a pasta de exames dela, e acabei vendo umas provas. As notas dela são incríveis!
   
    — Eu posso conseguir melhorar sozinho! Que tipo de mãe você é? Quer jogar seu filho num quarto com uma louca!
   
    — Ela não é...
   
    — ELA TENTOU SE MATAR!— gritei, não conseguindo concordar com aquilo.
   
    — Não grite comigo!— ela me fuzilou com os olhos e eu assenti, me desculpando.— Olha, talvez ela não seja tão ruim assim, Bethany é completamente sozinha. Ela precisa de amigos, você sabe que sim, você é um bom garoto e sabe que ela precisa.
   
    — Mãe!— choraminguei segurando meus cabelos.— E se ela inventar que eu a estuprei? Que eu... Sei lá! Abusei dela, ou algo assim? Ela faz isso com o próprio pai, que atura as maluquices dela.
   
    — Se ela fizer, nós pedimos exames comprovando o abuso, como todos darão resultados negativos, você nunca mais vai precisar olhar para ela de novo. — ela me olhou, depois de parar em frente ao hospital.— Pense por um segundo, se fosse você, sem amigos, tendo que lidar com um psicológico difícil, pessoas rindo de você, seria difícil enfrentar sozinho, não é? Faça como eu, eu estou me pondo no lugar de Alicia, ela me implorou por isso.
   
    — No começo iríamos apenas estudar, agora quer que eu me torne o terapeuta particular dela? Melhor amigo? Quer que eu namore ela também?
   
    — Não, Justin. Quero apenas que você aprenda alguma coisas, e seja o garoto gentil que eu criei. — ok, ela havia me convencido a aquela loucura.
   
    Nós nos abraçamos e então saímos do carro. Pattie me deu o buquê de flores, e andamos para dentro do prédio. Ela avisou a recepcionista quem iríamos visitar, e nós ganhamos adesivos de visitantes.
   
    Subimos ao oitavo andar no elevador, e assim que saímos daquele cubículo de metal, demos de cara com Daniel Callahan, com seu jaleco e o estetoscópio no pescoço, concluímos que ele estava em horário de trabalho. Ele nos cumprimentou com um aceno e eu segui minha mãe, depois de entrar em um corredor, eu olhava para todos os lados, com medo que surgisse alguma maluca com uma boneca alegando ser sua filha morta.
   
    — Esse andar é o dos doentes mentais como ela? Ela está com outros malucos? — indaguei, a olhando quando paramos em frente a porta.
   
    — Não, Justin!— alegou me fitando, como se aquilo tivesse soado ofensivo.— Ela está em um quarto normal.— enfim respondeu minha pergunta, antes de empurrar a porta.
   
    Lá estava Alicia Callahan, e uma outra senhora, aparentemente com origens latinas também, talvez fosse a mãe da senhora Callahan. Bethany estava na cama, folhando um livro que eu não me preocupei em ler o título.
   
    — Oh, queridos, obrigada por virem.— primeiro ela abraçou a minha mãe, depois veio em minha direção e eu correspondi.
   
    — Boa tarde, senhora Callahan.— sorri e ela acariciou meu rosto.
   
    Minha mãe foi até Bethany, e ela sorriu arrumando os óculos de grau, aquele sorriso não parecia muito sincero. Depois de lhe dar um beijo na testa, a baixinha voltou para perto de mim.
   
    — Essa é minha mãe, Ana Álvarez. — apresentou a senhora e como eu havia imaginado, era a mãe dela.
   
    Cumprimentamos a senhora com um abraço também.
   
    — Vamos beber um café? Sabe, Pattie, minha mãe ficou famosa aqui nos Estados Unidos, por resolver diversos casos de tráfico de pessoas, escravização, trabalho infantil e coisas mais pesadas como estupro de vulnerável, casos que os policiais americanos não davam bola, por serem denunciados por latinos. — Alicia comentou enquanto elas iam até a porta.
   
    — Eu não diria famosa, filha, mas talvez um pouco conhecida, infelizmente por coisas tristes, mas que em sua grande maioria, consegui resolver, nós meus tempos como delegada.
   
    Foi a última coisa que ouvi, depois que elas passaram pela porta com minha mãe demonstrando suas melhores expressões de admiração.
   
    Suspirei e me virei para a maluca, que ainda lia o livro. Me aproximei e ela me olhou, tirando os óculos, estendi as flores e sorri um pouco fechado.
   
    — São pra você, espero que goste.
   
    — Obrigada.— Bethany pegou as flores e as colocou em uma bandeja ao lado da cama, então voltou a ler o livro. Ela nem pareceu gostar, ou sorriu.
   
    Ok, isso foi legal, ela não está se mutilando, ou melhor, me mutilando.

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