Sem limites.

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BETHANY CALLAHAN

12:00 PM.

Saint John's Health Center

4 de agosto, 2016.

Alicia havia guardado minha última peça de roupa em sua bolsa. Ela iria pra casa levar as roupas sujas, para evitar acumular bagunça aqui, e voltaria com um pijama para passar a noite e uma muda de roupas novas para eu ir embora amanhã. Ela me entregou um pacote de bolachas recheadas e eu sorri em agradecimento, rasguei o lacre e levei uma das bolachas para a boca. Depois de organizar tudo em sua bolsa, ela pegou um pequeno espelho, tentando arrumar o cabelo, mas depois de perceber que alguns fios rebeldes não cooperariam, decidiu usar o rabo de cavalo comum em seu cabelo nos últimos dias. Eu sorri, observando ela atentamente, lembrando de alguns anos atrás, quando eu ficava fascinada admirando  a mãe mais bonita da Califórnia se arrumar, a minha.

Era tão boa aquela época em que eu sentia algo sem ser nojo.

— Sua avó está aí fora.— comentou despretensiosa. Eu não sou burra e entendi que não estava falando de Ana.

O sorriso no meu rosto já não existia mais.

— Hum.— emiti apenas aquele som e abri outra bolacha, comendo seu recheio, como havia feito com as anteriores.

Estava torcendo mentalmente para ela não permitir minha avó paterna entrar. Aquilo seria um pesadelo.

— Ela quer ver você.

— Nem ela e nem eu queremos isso. O que eu faço para você entender que ela me odeia?

— Mas também, olha o que você inventa do filho dela, Bethany!— Alicia disparou contra mim, como se aquilo fosse o óbvio, como se eu merecesse o ódio da minha avó. Rapidamente senti aquele nó se formar em minha garganta.

— Eu não invento nada! Seu marido é um monstro! Você é uma idiota, cega.— joguei o pacote de bolachas para o sofá longe de mim e cruzei meus braços, virando o rosto e tentando ao máximo não deixar lagrima alguma rolar.

— Desculpe! Droga, eu não quis falar dessa forma.— ela suspirou, largando sua bolsa e pegando minhas mãos.— Eu não quis dizer isso, filha, isso tudo vai ser provado até amanhã. Hoje, quando eu voltar, irão fazer os exames em você. Por favor, sua avó veio de Manhattan, até aqui, só para ver você, e eu não quero que fique sozinha...

— Cadê a minha avó Ana?

— Olha pra mim, Thany.— sua voz suave me deixava ainda mais irritada. Voltei a encara-la para receber minha resposta e ela secou as lagrimas do meu rosto.

— Ela saiu de manhã, foi pagar algumas contas e dar uma passada em casa, ela está cansada. Por favor, Bethany, coopera comigo, eu cooperei com você, se trabalharmos juntas, venceremos tudo e todos.— Alicia pegou sua bolsa, jogando no ombro.— Eu vou rapidinho, caso ela comece a falar coisas que você não está gostando, deite, vire para o lado e diga que está com sono ou dor de cabeça, ok?

Depois de muita pressão, suspirei e assenti, segurei meus cabelos, nervosa com aquela situação, abaixei a cabeça e concordei mais uma vez.

— Eu te amo, meu docinho.— recebi muitos beijos no rosto e um abraço, então ela deu as costas, me abandonando sozinha naquele quarto, a espera de uma leoa, faminta para me devorar.

Levantei, indo até minha bolacha e a peguei, voltando a sentar na cama, e levando uma até a boca. A porta foi aberta calmamente, então Janine entrou, com todo aquele ar de superioridade. Ela tirou os óculos de sol e me encarou, e só de ve-la, meu estomago dava voltas na barriga.

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