Madeleine.
Já estando cansada de ficar em meus aposentos sozinha, com Anastácia lendo na biblioteca, Denise e Flora ocupadas com algo junto às outras moças com qual sempre andavam, e nada aparentemente atraente para me manter aqui; por fim decido ir caminhar pelo jardim, sigo pelo corredor observando cada detalhe, os quadros espalhados pelas paredes, o lindo piso recoberto por madeira cintilante a luz do sol que entra pelas janelas, trazendo esse ar de elegância estampado em cada canto, tudo me chama anteção e eu continuo caminhando em frente. Quando estou próximo as escadas que dão para o térreo, me surpreendo vendo a última pessoa que esperava ver agora, me percebo com Elenanor passando por mim no corredor, ela tem o olhar preocupado, e em seu rosto lágrimas não param de correr. Quando sobe pelo último degrau me olha assustada, por sua expressão é como se eu tivesse descoberto o seu maior segredo. Tento impedi-la de ir procurando saber o que lhe ocorre para ajudá-la, mas ela apenas desvia de meu toque e também de meu olhar enquanto segue em direção a seu quarto me deixando aqui, no meio do corredor e sem saber o que fazer... Pondero entre seguir meu caminho inicial e ir até o lado de fora para um bom passeio, ou me arriscar e tentar ajudar senhorita Eleanor, com um sorriso acabo escolhendo a segunda opção sabendo que não iria conseguir relaxar sabendo que algo pode ter acontecido a ela.
...
- Senhorita Eleanor? - chamo baixinho e em seguida dou duas batidas leves em sua porta. - está tudo bem? - já estou preucupada, chamei por vários segundos e não ouço som algum dentro do cômodo. - senhorita? Eu somente quero ajudar... - explico girando a maçaneta da porta apenas por reflexo e para minha surpresa vejo que não está trancada. - olá? - pergunto entrando lentamente no quarto. Procuro por ela con os olhos.... e não a vejo em lugar nenhum.
- o que quer? - pergunta em um fiapo de voz. Procuro pela origem do som, e finalmente a vejo encolhida em um dos cantos do quarto, a maquiagem borrada por sua face... eu nunca tinha visto senhorita Eleanor tão... vulnerável.
- a senhorita está bem? Posso ajudar? - pergunto preocupada, me aproximando de onde ela está. Ela definitivamente não está bem.
- bem? - repete séria. - não... - começa - eu não estou bem! - diz num grito baixo. - a minha vida acabou alguns minutos atrás. - diz por fim, mais uma lágrima lhe escapa. - era isso que queria ouvir? - pergunta após alguns segundos, vejo raiva em seus olhos.
- não. Porquê a senhorita pensa isso? - sou tomada pela surpresa.
- tem seus motivos, eu não tenho sido uma pessoa digna esses meses - ela cai dm prantos outra vez, seus soluços são como se alguém desesperado... e arrependido; são de alguém que quer reencontrar sua essência.
- acalme-se senhorita - peço gentilmente - eu queria apenas saber se posso ajuda-la em algo...
- depois de tudo o que eu lhe fiz? Quer me ajudar? - ela ergue seus olhos e neles existe confusão.
- quero ajuda-la sim. E eu perdoou-te por tudo que fez... - digo sorrindo. Ela me observa em silêncio - por que diz que sua vida acabou?
- eu. . e.u. - ela gagueja um pouco - ... eu fui eliminada. - sussurra.
- ah senhorita! Sua vida não acabou por conta disso. És uma moça tão linda. - digo sentando ao seu lado. - tenho certeza que debaixo desse emaranhado de medos existe uma mulher forte e com muitos sonhos.
- não entendo como pode estar sendo assim, .... tão compreensiva comigo. - fala sem entender.
- as coisas que a senhorita fez aqui... - começo tentando encontrar a palavra certa - não foram... muito felizes e gentis. Mas... deve ter tido muito medo, e o medo nos deixa paralisados e nos torna quem achamos que é melhor ser.. mesmo que na maioria das vezes não seja.
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Selecionada por acaso -|OBRA CONCLUÍDA|-
Roman d'amourEla era a amiga e se tornou, mesmo que não tão de repente, o amor verdadeiro do nosso príncipe. Madeleine nunca pensou ser possível deixar de ser uma simples garçonete do restaurante em que trabalha a quase três anos, afinal não tendo condições fina...