CAPÍTULO 2 - NICK

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"Não se arrisque em tentar me escrever nas suas melhores linhas
Só vem, repousa sua paz na minha ..."
(Anavitória)


A Lummia era uma das melhores empresas para se trabalhar em São Paulo, Matteo a geria após a morte de seu pai e era conhecido como um homem justo e que oferecia aos seus colaboradores um ambiente de trabalho amigável e cordial. Às dez e quarenta e cinco havia um pequeno intervalo para que os funcionários pudessem tomar o café e interagir com os demais setores.

— Te dou um doce por seus pensamentos — disse Renato, tirando Nick de sua concentração num ponto imaginário segurando um copo descartável com uma pequena quantidade de café.

— Curioso, nada que mereça um doce. Queria apenas entender o motivo de Fábio Pifano não me dar o esporro que merecia, foi super compreensivo, acredita nisso? Cheguei atrasado mais uma vez, na primeira vez havia ficado furioso, você já sabe como ele é chato com horários. Hoje, apenas disse que sabia que despertadores falham de vez em quando e que eu agilizasse para não acumular mais trabalho. Renato colocou a mão à boca assustado.

— Ah, não acredito — exclamou. — Nunca vi aquele jabiraco compreender ninguém, ainda mais um funcionário que está a menos de vinte dias na função. Deus deve ter abençoado e colocado no caminho dele uma mulher. Na cara que não mete tem anos. — Nick riu com essa última observação.

— Renato, Renato, um dia ele vai chegar de surpresa e escutará todas as coisas que você diz. Mas deixa te contar uma coisa; hoje mais cedo eu subi de elevador com um dos caras mais bonitos que já vi nesse prédio.

— Pronto, lá vem você novamente com suas histórias. Então me diz, novo, velho, médio...?

— Mas é sério, Renato. Bonito mesmo. Acho que uns quarenta. Quarenta e cinco, talvez.

— Um ancião, né? Mais velho que você quase o dobro — disse Renato ironizando.

— E? O que tem isso? Não vejo nenhum problema nisso, eu adoro um coroa. Quem gosta de criança é creche. Me dá uma preguiça sempre quando estou com rapazes mais novos.

— Ah tá... eu prefiro os que regulam idade comigo, Deus me Free homem velho na minha cama! Mas me diga, e aí, baixo, alto, ou em forma, como você? Barrigudo? Sem Barriga? Barba?

— Parece uma inquisição, calma Renato, vamos por partes. Era alto, bem, levando em conta que sou um anão... qualquer pessoa é alta, bonitão e bem atraente — cochichou sorrindo. — Cabelos pretos com alguns fios grisalhos, curtos e bem alinhados. É o que eu chamo de macho de verdade.

— Você só pode estar de brincadeira, não é? — Renato diz revirando os olhos. — Tem idade para quase ser seu avô. Tem uns homens tão bonitos no meu setor, Janerson faz seu estilo, bem mais. Quem sabe você saia com ele um dia desses, hem?

— Você é louco, Renato! Você já viu bem o Janerson à luz do dia? Parece um cara que esqueceu que está fora do colegial e se julga a última bolacha do pacote. Não mesmo. Aquela magreza me dá até medo de ser alguma doença, não é normal, não. Me desculpe. Parece que, quando nasceu, o médico ao invés de dar uma palmadinha no bumbum deu foi murros na cara.

Janerson trabalhava no mesmo departamento que Renato e já havia saído com todos os rapazes Gays do prédio, inclusive com o próprio Renato.

— Ok, então vamos ao que interessa — continuou Renato — me diga então, como se chama essa criatura idosa? Em que andar ele parou com o elevador?

— Então, aí que está, eu nem sei. Desci no meu setor e ele continuou lá no elevador, subindo — respondeu Nick. Tem alguma suspeita de quem seja, já que você está aqui desde sempre? — brincou.

— Engraçadinho! — respondeu. — Existem tantos setores do sétimo andar para cima, alguns dos funcionários conheço apenas de vista, mas irei sondar e descobrir — concluiu a conversa já que o horário acabara para o lanche.

NICK E MATTEO (REVISADO 02/08/19)Onde histórias criam vida. Descubra agora