NICK E MATTEO (REVISADO 02/08/19)

CAPÍTULO 23: O REENCONTRO DE NICK E MATTEO

Eu não quero ficar sozinho esta noite
Está bem óbvio que eu ainda não te superei (Sam Smith)

Luís Resende encontrou Nick à varanda apreciando a paisagem e parecia bastante reflexivo.

— Querido, aceita uma xícara de chocolate bem quentinho? Conseguiu descansar um pouco?

— Obrigado — respondeu enquanto pegava a xícara oferecida por Luís — consegui sim, estou me sentindo bem melhor.

— Ótimo — respondeu Luís levando a xícara à boca — estou bastante curioso para entender o que está acontecendo — confessou.

— Bem, eu irei lhe contar — começou Nick segurando a xícara com as mãos — Conheci Matteo por acaso no elevador da Lummia Empreendimentos na matriz da empresa em São Paulo. Eu estava apressado, e para variar, atrasado como sempre. Não sabia quem ele era, eu estava há vinte dias na empresa no setor de Protocolo e Digitalização de contratos. Quando me contou quem era me assustei, mas nada mudara na forma de o tratar, Matteo para mim sempre teve tudo que eu gostara em um homem, devo admitir — ficou mudo por instantes e retomou a palavra — após uma semana que havíamos nos conhecido fui a convite de Matteo para Olaria, na fazenda em que fora criado, assim que conheci Pedro Resende, seu sobrinho, quando foi com um namorado passar o final de semana por lá. Como pode deduzir, Pedro me odiou num primeiro momento achando que eu estava atrás da fortuna, ou de algum cargo de confiança na Lummia. Resumindo a história, Tio Luís. Matteo veio em viagem para cá e para que diminuíssem as fofocas na empresa eu fui inocente e aceitei sair com um colega de trabalho imaginando que isso aplacaria os boatos, mas quando Matteo voltou e soube por meio de outro funcionário, que era apaixonado por ele, que eu havia saído com outro rapaz terminou o que nem havíamos realmente começado — Luís Resende ouvia atentamente o relato e Nick prosseguiu após mais um gole no chocolate — acredito que a forma que a notícia tenha chegado aos ouvidos de Matteo não tenha sido a mais agradável possível e não o julgo por isso, em seu lugar talvez haveria de ter agido da mesma forma.

— Meu Deus, Nick. Que história. Mas e Pedro, onde ele entra nessa história toda?

— Reencontrei Pedro, sei que parecerá absurdo, mas foi por acaso, assim como foi com Matteo, só que dessa vez na saída da empresa. Pedro me pareceu mais simpático e menos arrogante. Me convidou para um café com pães de queijo e quando vi as coisas estavam fora de controle, Tio Luís. Eu aceitara sair com Pedro para suprir uma ausência de Matteo, afinal são tão parecidos na forma física, mas sei agora que completamente diferentes em suas individualidades.

— Hum, o restante — interrompeu Luís Resende — não é difícil de deduzir. Você aceitou namorar Pedro e isso tudo chegou onde estamos, certo?

— Sim, foi exatamente isso que acabou ocorrendo. Eu fui covarde e não agi corretamente usando também Pedro para suprir uma carência que não tinha nada a ver com ele — Luís Resende concordou com a cabeça atento a tudo que Nick estava relatando, estava claro que Nicolas não estava inventando aquela história, era tudo muito simples e frágil para ser uma mentira. Estava certo de que a pouca idade de Nick causara toda aquela confusão e entendia perfeitamente os motivos de Matteo ter ficado tão aborrecido com o filho, e lógico com o que considerou uma traição por parte de Nick ao namorar com ele. Tudo era absurdo demais e ao mesmo tempo intrigante.

— Entendo, Nicolas. Matteo talvez não acredite em tudo que está me dizendo e se caso isso acontecer. Me refiro a não acreditar em suas palavras. O que pretende fazer?

— Não sei, Tio Luís. Eu realmente não sei... sinto que Matteo e eu temos uma forte ligação que poderia perdurar por uma vida inteira, mas não posso obrigá-lo a acreditar em mim, ou forçá-lo a ficar comigo.