CAPÍTULO 9 - O ENCONTRO (PARTE II)

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Durante todo o expediente Nick ficou criando planos em sua cabeça, ensaiando diálogos. Mas logo se deu conta que não possuía nenhuma roupa nova para o encontro. O terno que usara em sua formatura há um ano possuía um bom corte, porém pelo tempo guardado nem imaginava como estava depois de tanto tempo, provavelmente com aparência amarelada ou até mesmo picado por traças.

No horário de almoço iria até ao Mister Shopping e gastaria um pouco de suas economias. Há algum tempo tinha como hábito sempre guardar uma quantia, mesmo que pequena, em sua poupança para emergências. Bem, aquilo não seria uma emergência? Sabia no fundo que estava sendo ridículo. Ou ao menos se sentia assim. Mas queria impressionar Matteo.

Depois de andar os quatro andares do Shopping e já estar quase desistindo de encontrar uma boa calça e camisa social com um corte mais moderno e que coubesse em seu orçamento eis que viu uma camisa salmon perfeita e uma calça social preta com corte que deixava seu corpo mais atraente. Nick estava se sentindo ousado e, dessa vez, não ficaria constrangido como na vez anterior em que estava com uma roupa nada apropriada para um almoço de alta sociedade. Ainda se lembrava daqueles olhares de julgamento, mas agora não, estaria à altura.

Em casa, quando retornou, Antony ficou perplexo de como Nick pôde ter gasto um valor exorbitante em uma bobagem — frisou bem a palavra bobagem ao dizê-la.

— Eu nem estou acreditando nisso, Nick — soltou as palavras como se fossem pedras jogadas — se vai mesmo levar isso adiante então estará falido em menos de um mês se toda vez que saírem for comprar um modelo novo de roupas. Você não deve estar bem da cabeça. Definitivamente não está!

Nick já estava incomodado com a maneira de falar do amigo e o encarou com a testa franzida de fúria. — É o que me faltava, agora terei de dar contas do que compro ou deixo de comprar para você. Não lhe devo nenhuma satisfação do que faço ou não com meu dinheiro.

— Deveria é usar essa cabeça enorme para raciocinar, mas dou conselhos e entra num ouvido e sai pelo outro. E no fundo sabe que estou certo de te dar uns toques.

— Ah, me faça o favor, Antony, vá para o inferno e me deixe em paz! — gritou. — Não sou nenhuma criança inocente, sei bem me cuidar sozinho, se acha que sou um rapaz tolo está muito enganado, aliás deveria saber disso pelo tempo que já nos conhecemos!

Antony se assustou com as respostas de Nick, percebeu que de certo modo havia passado dos limites da amizade para um campo que não é o indicado para quem já se conhece há tantos anos.

— Me perdoe se fui invasivo em sua vida. Não acho que isso será uma relação saudável, mas quem sou eu também para achar alguma coisa. Não dou conta nem de resolver meus próprios problemas e quero lhe dar conselhos. E é realmente ridículo.

Nick já mais calmo conseguiu perceber que se exaltara um pouco. Não gostava de discutir com Antony, mas muitas vezes isso era quase impossível.

— Sinto muito pelas palavras duras, Tony, mas você passa dos limites da nossa amizade. Pode não parecer, mas não sou tão facilmente enganável quanto pareço. Consigo gerir bem minha vida, mesmo que ela esteja uma bagunça aparente.

— Eu não duvido disso, Nick. Mas não gosto da ideia de pensar que você venha a sofrer futuramente. É meu melhor amigo, aliás meu único amigo. Mas prometo que ficarei na minha. Só darei minha opinião caso peça. Juro — concluiu com um sorriso sem jeito. — E que hora que seu PrinSapo vem resgatar o Princeso desse castelo?

— Você não tem mesmo jeito, Antony — concluiu sorrindo acompanhado pelo amigo — provavelmente já está chegando.

Nick estava lindo com a camisa de mangas longas Salmon, a cor dava um contraste ainda mais sedutor a seus olhos castanhos tão claros. Os cabelos ainda úmidos do banho tomado há pouco e bem penteados para trás havia deixando-o incrivelmente mais maduro.

Antony observava o amigo que estava ansioso pelo encontro. Pela janela foi quem viu que o homem grisalho estava em frente ao prédio.

— Sua carruagem chegou, Princeso — disse divertindo-se com a situação, era também uma forma de quebrar o clima de discussão que havia se seguido a pouco.

— Até mais, Antony. Deseje-me sorte.

— Claro amigo. Boa sorte, mas sei que se sairá bem. Tenta divertir-se e tenha cuidado para não se ferir — alertou em tom sério.

— Hah, não Tony, vai recomeçar com isso novamente? Irei me cuidar, não se preocupe. Prometo. — disse o abraçando carinhosamente e lhe dando um beijo estalado no rosto barbudo.

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NICK E MATTEO (REVISADO 02/08/19)Onde histórias criam vida. Descubra agora