CAPÍTULO 10 - O ENCONTRO (PARTE III - Antony)

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Antony estava acordado quando Nick chegou em casa, curioso, como todo geminiano. Nick teve que lhe contar tudo que acontecera nas últimas horas, omitiu, claro, algumas partes que o amigo não precisaria saber.

Amanheceu um sábado lindo e para desgraça de Antony, que iria trabalhar, e alegria de Nick que não precisaria explicar o que iria fazer em seu dia de folga na companhia de Matteo. Isso, com toda certeza, iria poupar uma discussão de horas em que Antony iria debater aqueles pontos chatíssimos de como namorar um homem mais velho e mais rico era uma canoa furada.

Passava um pouco das dez e vinte, e Nick já estava desanimado. Para ele Matteo tivera um imprevisto e não iria aparecer. Mas então por que não ligou e desmarcou? Foi quando olhando pela janela, quase sem o restante dos cotocos de unhas que roía na ansiedade, observou um carro amarelo estacionar. Diante de tantos moradores que viviam no prédio não ligou muito em saber quem seria que sairia de dentro dele. Ao ouvir a companhia soar torceu para que não fosse Antony que por algum imprevisto voltara ao apartamento. Talvez esquecido a carteira, ou o material de trabalho. Ou quem sabe ainda, poderia ser sua Tia Carmem.

Assim que abriu a porta um susto e um alívio. Não era Tia Carmem, que costumava vez ou outra fazer uma surpresa à Nick, e sim Matteo.

— Olá, não vi você chegando com seu carro — disse curioso e ao mesmo tempo surpreso.

Matteo sorriu, sem muito interesse em iniciar um assunto sobre um de seus tantos carros, observava tudo com muita curiosidade.

— Ah, eu vim com outro hoje. Vamos? Está pronto e com roupas confortáveis como pedi — constatou.

A Viagem de São Paulo até a fazenda levou longas horas, Olaria ficava em Minas Gerais e Nick não sabia para onde estava indo até ver as placas na rodovia. Passaram pela Serra de Petrópolis, atravessaram a cidade de Juiz de Fora e, finalmente, Olaria. A cidade era pequena, com um coreto central, duas enormes palmeiras e paralelepípedos nos calçamentos. Pacata e para Nick, apesar de bonita, parecia parada no tempo e no meio do nada com coisa nenhuma. O veículo seguiu por uma estrada de chão por cerca de mais sete quilômetros, Nick já estava pensando que a tal fazenda na roça não chegaria nunca mais. Foi quando Matteo estacionou e pôde então ver uma enorme construção antiga de dois andares, um casarão desses que Nick só vira em novelas de época da Globo.

— Uau! Minha nossa, isso é maravilhoso!

— Sabia que iria gostar — disse colocando uma das mãos no bolso da calça jeans. — Essa fazenda foi dos meus avós e, que quando meus pais faleceram, passou para mim de herança. Eu amo esse lugar — concluiu diante do casarão de alvenaria de tijolos de adobe e telhado de telhas coloniais antigas feitas por escravos.

Matteo caminhou pelo gramado bem aparado. Ao lado do casarão havia currais e o cheiro do esterco curtido exalava um odor característico e que não chegava a ser desagradável. Um enorme pomar de goiabeiras e pessegueiros em flor davam o toque final ao lugar que parecia uma pintura. Assim que empurrou a porta, que apenas estava encostada, Matteo foi recebido pelo cão Dálmata que estava excitado de alegria ao vê-lo, acompanhado por uma senhora baixinha de idade avançada.

— Essa é Maria — disse a abraçando e beijando sua cabeça que estava na altura de seu peito — e esse pintadinho aqui é meu Shake. E esse aqui é o Nicolas, um amigo.

— Muito prazer, rapaz bonito — disse Maria com voz carinhosa—Augusto está no paiol cortando lenha. Hoje mesmo falou de você, parece que estava adivinhando que viria.

—Estava morrendo de saudades daqui, Maria. Depois irei dar um abraço em Augusto.

Maria e Augusto eram casados e estavam na fazendo desde quando Matteo ainda era uma criança e ele os tinha como seus pais ausentes.

NICK E MATTEO (REVISADO 02/08/19)Onde histórias criam vida. Descubra agora