CAPÍTULO 15 - PEDRO

512 63 7
                                    

O domingo amanheceu nublado e com o frio comum ao inverno de São Paulo. Nick não dormiu durante à noite e acordou tarde e com a cara da derrota, sem trocadilhos. Pegou alguns livros para ler, mas mesmo os que possuíam as melhores críticas estavam desinteressantes, por fim os deixou de lado e tentou novamente pegar no sono. Talvez se fingisse que estava dormindo Tony não iria o bombardear de perguntas, poderia ser uma atitude infantil, mas não queria ter que repetir para o amigo tudo que acontecera na noite anterior. Conhecia Matteo fazia pouco tempo, mas sentia que ele era algo muito importante em sua vida. A mais importante.

Toni apareceu no quarto e Nick fingiu estar dormindo.

— Pode parar, Princeso, tô vendo seus cílios mexendo, péssimo fingidor. — Nick abriu os olhos e viu um Tony de calça e blusa moletom segurando a caixinha do Rolex nas mãos. — Estou curioso, apesar de saber quem lhe deu ... seu?

— Na verdade não é meu — respondeu um Nick aprumando o corpo e colocando os travesseiros atrás de si, os olhos se inundaram como uma enchente — Matteo não quis leva-lo ontem, e irei o entregar na Lummia.

— O que aconteceu, Nick. — Tony analisava o rosto de Nick — Por que essa cara de choro? Já são quase quatorze horas e você ainda está deitado.

— Nada, amigo, Matteo apenas me dispensou — disse calmamente — Veio aqui ontem, disse que eu era muito jovem e quando perguntei se era somente por isso ele não disse mais nada. Então não me pergunte os motivos, pois realmente não faço nenhuma ideia. — Toni chegou mais perto do amigo e secou uma lágrima que corria pela face.

— Assim do nada? Não entendo. Parecia que vocês estavam se entendendo. Não irei fazer nenhum pré-julgamento disso tudo, pois você sempre soube de meu posicionamento sobre essa relação. A diferença de idade de vocês é realmente gritante, Nick, mas não acredito que tenha sido por isso os verdadeiros motivos que o levaram a terminar. Me diz, você falou alguma coisa, não sei, — Tony estreitou os olhos, depois continuou — talvez fofocas, você mesmo me disse que Matteo é um homem que vive cercado de pessoas interessadas nele. Então, o que acha?

— Não sei, amigo. Não havia pensado ainda nisso — Nick ficou em silêncio uns instantes, o olhar de Tony se mostrava curioso. — Então, pode ter sido algum comentário por eu ter saído com Janerson, aquela história que lhe contei daquele babaca que tentou me agarrar na calçada, em plena Avenida Paulista, o que acha?

— Olha, você sabe que ter saído com o tal Janerson não foi a ideia mais brilhante que teve na vida. Eu tenho certeza que sim, foi alguma fofoca que chegou até os ouvidos de Matteo, ainda mais que você mesmo me disse que ele ficou furioso quando acertou o nariz dele com um soco. — Nick fez uma expressão assustada. Não tinha pensado que poderia ser isso. Janerson era conhecido pela quantidade de funcionários que levara para a cama. Nick se sentia ainda pior.

— Eu me sinto um completo idiota. Não me passou pela cabeça, Tony. Talvez seja por isso que Matteo não tenha me perguntado os motivos de não ter ido trabalhar ontem. No escritório alguém deve ter lhe contado. Não acredito que possa ter pessoas tão ordinárias assim, amigo.

— Nicolas, me desculpe pelo que irei falar. Você precisa mudar esse seu jeito de não ter malícia nas coisas. O mundo nunca foi um lugar bem frequentado desde que existe, então já passou da hora de amadurecer. Não é mais um menino, é um homem feito. Esse encontro com Janerson não poderia dar em alguma coisa boa. Não sei como achou que sair com um outro cara com fama pior que de um porco ajudaria em alguma coisa. Foi inocente e isso está claro que resultou nisso tudo — repetiu novamente.

— Eu sei, Tony, agora consigo ver que fiz uma burrada. Esse relógio ele me deu quando terminamos. Disse que sou parecido com os homens que o rodeiam. O que acha que posso fazer para resolver essa situação? — perguntou um Nick buscando uma ajuda.

NICK E MATTEO (REVISADO 02/08/19)Onde histórias criam vida. Descubra agora