CAPÍTULO 12 - MATTEO

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Ao saírem do carro caminharam até o escritório. Nick se lembrou que precisava avisar Antony, o que seria a pior parte, explicar onde estava.

Matteo deixou Nick por alguns instantes, precisava orientar Maria para o dia seguinte. Nick observava com atenção as prateleiras com muitos livros e comparava com os demais ambientes da casa. Matteo tinha bom gosto para decoração, nem poderia ser diferente diante de sua profissão, quase tudo em madeira rústica ou em vidro em contraste com a alvenaria aparente em tijolos de adobe.

Nick sentou em uma das duas poltronas de Matteo, na verdade, sentou-se na que ele utilizava para trabalhar quando estava ali. Notou que havia muitos croquis e fichas de acompanhamento de obras em andamento, folheou algumas páginas e instintivamente, sem planejar, começou a separar os documentos das correspondências que também estavam misturadas às pilhas. Durantes algum tempo Nick ficou de forma automática trabalhando até o retorno de Matteo e quando este chegou ele nem havia se dado conta.

— Sempre que quiser pode organizar minha correspondência — disse Matteo retirando Nick de um estado de quase letargia.

— Me desculpe, não era minha intenção bancar o enxerido — disse Nick se dando conta que estava fazendo algo errado.

—Imagine — falou observando as pilhas organizadas sobre a escrivaninha — sempre que posso trago Rudney para me ajudar com isso, apesar de automatizarmos todos os processos ainda assim tenho muita coisa em materiais impressos, catálogos de fornecedores e lojas de todo o Brasil. Lembre-se, sou um homem velho, com hábitos velhos — sorriu ele animado. — Vendo seu trabalho aqui, bem que poderia, se aceitar, mudar de setor, assim trabalharia diretamente comigo.

— Ah, você não está falando sério!

— E por que não estaria, Nick? Teoricamente nada muda, você continuará trabalhando com os contratos, porém diretamente comigo — concluiu esperando uma resposta.

— Seria uma péssima ideia trabalhar ao seu lado. Não acha? — questionou satisfeito enquanto Matteo lhe tocava levemente a barba cerrada.

— E porque não, Sr. Nicolas? Nunca pensou em cursar Arquitetura? Tenho certeza que isso seria um passo a mais para promoção dentro da Lummia.

— Pretendo um dia, ainda não consigo pagar as mensalidades de uma universidade privada. E você sabe, Arquitetura é um curso integral nas Federais, eu não posso deixar de trabalhar.

— Entendo, vamos conversar sobre isso em São Paulo, o que acha? Não sei, a empresa tem plano de carreira e...

— Seria maravilhoso — disse Nick sem esperar a frase ser concluída.

— Então combinado. Próximo semestre não faça nenhum plano para suas noites, ao menos pelos próximos cinco anos — declarou beijando levemente o canto dos lábios de Nick.

— Brinque mesmo com fogo, Matt — murmurou.

— Acho que você está se esquecendo de alguma coisa, não?

— Ai, meu Deus! Verdade.

— Fique à vontade para ligar para seu amigo, mas por favor, dessa vez não peça mais conselhos sentimentais sobre homens, tire suas próprias conclusões sempre — alertou.

— Prometo que no futuro não pedirei nenhuma opinião sobre os CEOs de empresas — provocou Nick.

— Espero que seja verdade — concordou enquanto seus dedos tocavam de leve a coxa de Nick. — Agora ligue, aqui é o meio do nada, mas temos ainda sinal de celular, beneficiados pela altitude — declarou.

NICK E MATTEO (REVISADO 02/08/19)Onde histórias criam vida. Descubra agora