ValentinaLevei um tremendo susto quando bateram com força à porta da minha sala. Deixei cair alguns papéis que segurava.
— Outro erro — joga à pasta na mesa — em qual mundo está vivendo, Valentina? Já errou outras vezes nessa semana.
— Vou refazer — digo.
— Preciso desses documentos antes do meio-dia — avisa — sem erros, Valentina.
— Perfeitamente — respondo.
Bufei assim que deixou minha sala. Renato andava muito estressado nos últimos dias. Queria entender o porquê. Já que a imobiliária estava indo muito bem.
Em qual mundo está vivendo, Valentina?
Sabia exatamente em qual mundo estava vivendo. Pena que não poderia responder para Renato, ou ele ficaria mais estressado ainda.
Minha cabeça continuava em Danilo. Fazia três dias que havíamos ficado juntos. Três dias que tudo mudou. Eu simplesmente não conhecia esquecer aquela noite. Ela havia sido perfeita, quero dizer, muito mais que perfeita.— Preciso focar nesses documentos — respiro fundo — vamos lá.
Renato conversava com alguém no telefone quando dei duas batidas de leve, ele fez sinal e entrei. Apenas mostrei à pasta, mas o mesmo, pediu que esperasse. Ele não demora muito na ligação, assim que desliga, volta sua atenção para mim.
— Sem erros dessa vez — falo.
— Confio na sua palavra — cruza os braços — anda com algum problema, Valentina?
— Nenhum problema, Renato. Erros acontecem, é normal.
— Vou confiar em você — sorri — sabe que pode contar comigo, não sabe?
— Lógico, eu sei disso. Obrigada — falo sem graça.
— Ei, ele melhorou aquele humor? — levo um susto ao encontrar com Ana.
— Acho que sim — respondo.— Vamos almoçar? Estou louca para comer uma lasanha com bastante queijo.
— Também estou louca de fome — admito — vou pegar minha bolsa, e podemos ir. Certo?
— Certo — pisca.
O restaurante estava bem cheio quando chegamos, por sorte, havíamos feito uma reserva com antecedência. Fizemos nossos pedidos e ficamos aguardando.
Enquanto ela mexia no celular, meu olhar parou na rua, fiquei observando às pessoas caminhando apressadamente naquele horário. De repente algo chamou minha atenção, não sei explicar o porquê, mas tive uma terrível sensação. Tive a impressão que estava sendo vigiada por alguém.— Valentina? — sinto um toque na mão.
— Sim?
— Seu almoço — fala sorrindo — esse nhoque parece maravilhoso — diz.
— Quer um pouco? — pergunto.
— Estou satisfeita com a lasanha. Vamos ao trabalho — diz faceira.
— Vamos! — tentar mostrar uma animação que não existia mais.
Minha atenção voltou novamente para rua, mas dessa vez, não tinha nada de estranho lá. Mas aquela sensação continuava no meu peito.
Dei muita sorte quando cheguei no supermercado. Ele não estava cheio naquele horário, agradeci à Deus por esse milagre. Também seria algo rápido. Pegaria o que realmente estava precisando e casa. Não aguentava mais ficar sobre aqueles saltos. Havia esquecido de colocar uma sapatilha no carro.
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O DESTINO
RomanceUm bebê. Duas pessoas totalmente diferentes. Dois destino traçados!