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— Quais são as novas? — Anita pergunta a Rioston que volta da conversa com o segurança da portaria da Coca Cola. Ele entra no carro e senta dando um suspiro.

— Ele ainda trabalha aqui.

— Eu já estava pensando que havia ficado doida. E agora, para onde vamos?

— Eu não tenho só boas notícias.

Anita arregala os olhos com a resposta de Rioston.

— O que você tem para me falar?

— Ele casou novamente.

Anita fica pausada... Sem ação.

— E nosso filho? O rapaz lhe disse algo?

— Anita... O seu surto aconteceu a quanto tempo?

Rioston para o carro mais adiante.

— Há dois dias atrás tudo era muito recente e confuso. Sabe quando você desperta de um sonho? Foi isso que me aconteceu.

— Será que nesse dia do surto psicótico, você não foi internada? Já pensou que em todo esse tempo...

— Por favor Rioston, pare. Não diga mais nada! — Anita olha para fora do carro. Apoia o cotovelo na janela e sobrepõem sua mão direita na boca. — Sei que suas intenções são as melhores em querer ajudar-me, mas dói muito não lembrar de nada... Ou só recordar de alguns momentos de sua vida.

— Desculpe-me. Não é minha intenção trazer-lhe sofrimento. Eu quero entender para poder te ajudar.

— Eu sei disso.

Os dois silenciam. Passados alguns minutos.

— Será que meu filho vai lembrar-se de mim?

— Sim! Não tenho dúvidas disso!

— Você está querendo me animar. A atual mulher de Sérgio, deve ter me pintado a pior pessoa do mundo.

— Não acredito nisso.

— Novamente, — Anita olha para Rioston e continua: — você está sendo gentil comigo.

— Eu sempre escuto meu pai dizer que é melhor esperar pelo pior e o que vier de bom é lucro.

— Não sei em que se encaixa esse pensamento, no que estamos falando.

— Anita o que estou dizendo é que não adianta sofrer antecipadamente. Nós vamos ficar prontos para o pior tipo de recepção possível. E dessa forma, o bem que acontecer vai produzir frutos.

— Obrigado pelo apoio.

— Eu quando estava morto, escutei que o Pai sempre manda recados dizendo que nos ama, e não importa o que esteja acontecendo em nossa vida, ou as adversidades que batem em nossa porta, ele vai está sempre ao nosso lado.

— Você falando assim até parece que é fácil.

— Eu não disse que era fácil. O que estou afirmando é que A verdade às vezes não é fácil de ser dita, mas nem por isso deixará de ser verdade.

— Rioston seja sincero, você acha que Deus me ama? Eu não sou uma boa esposa, sou uma péssima mãe e para completar tenho pensamentos suicidas.

— Anita o Pai não somente te ama, mas te entende. O amor dele não é baseado no mérito. Ele é assim, nos ama incondicionalmente.

— Eu quero sentir-me amada por Deus, mas não consigo. Por que?

— Exatamente por isso. Você quer sentir-se amada, mas o amor é um verbo... Uma ação.

— E?

— Anita se lembra dos recados de amor que falei a pouco?

— Sim, lógico.

— Você acredita em casualidade? Melhor, o nosso encontro não foi por acaso. O Pai te ama tanto que colocou-nos na mesma direção para que pudéssemos nos encontrar. Eu não sou do tipo de cara que ajuda as pessoas. Porém estou aqui. Se isso não for amor, não sei mais o que é.

— Mas quem está aqui é você!

Rioston sorrir gentilmente.

— Sim, isso também é verdade. Mas aprendi que o amor dele é transmitido de pessoa para pessoa, igual a um grande e infinito oceano, onde habitam todas vidas e todas as vidas vivem dele.

— É a primeira vez que vejo o amor de Deus assim.

— E eu fico feliz em poder estarmos juntos nessa jornada espiritual.

Rioston recebe um olhar de agradecimento. Anita passa a ruminar o que acaba de escutar.

— Há alguém te esperando, o nome dele é Jordan.

— Não tenho mais certeza, agora que sei que a atual mulher de Sérgio está criando meu filho. Espero que você tenha razão.

— Ei! Você vai mudar seu semblante quando Jordan correr para os seus braços e dizer: "Mamãe que bom! A senhora voltou!"

— E eu vou dizer: "Jordan... Meu filho, eu não sei o que dizer para você!" — Anita suspira. — Porra Rioston eu não sei o que vou dizer para meu filho!

— Anita, apenas sorria e o abrace! São duas linguagens universais e que todo mundo sabe o que é.

— Eu só não te abraço por que você está dirigindo.

Os dois gargalham.

— Quando pararmos você faz isso!

BORBOLETA PRETA - COMPLETO - Lançado 14/02/2019Onde histórias criam vida. Descubra agora