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— Jesus Cristo? O que ele tem haver com tudo isso?

Alegre, sorri e coloca a mão sobre o ombro do amigo.

— Tudo. Jesus quando andou entre nós e sempre que as dificuldades chegavam, ele procurou ficar sozinho com a natureza.

— Então ele também é mestre aqui!

— Não! Ele é o Mestre! Se estamos aqui é por causa dele. Seu sacrifício ao morrer por cada um de nós, livrou-nos da morte eterna.

— Mas, se a morte não é definitiva, então de qual morte estamos falando?

— Essa morte que estou falando é a separação eterna da presença do Pai... O sacrifício feito pelo Cristo nos tirou dessa sentença. Foi ele quem nos encontrou.

— Então não estou mais separado de Deus?

— Não. Somos achados pelo seu amor que é incondicional. Esse mesmo amor que você está sentindo agora. Se dependêssemos que nós o encontrássemos, estaríamos acabados. Mas, o sacrifício dele naquela cruz, abriu um caminho que antes estava vetado. E o seu sangue alcançou a todos.

— O que isso quer dizer? Então o inferno não existe?

— Sim existe. Mas não é eterno. Devemos entender que o inferno é situacional e não físico. Não há um lugar chamado inferno esperando as pessoas para um sofrimento eterno.

— Como assim?

— Rioston, essa ideia de inferno promulgada é conflitante com a Graça. É também conflitante com o sacrifício do Salvador. Qual o sentido do Verbo virar gente, se o  alcance da sua morte vai ser limitado e condicional?

— Entendi. Você está afirmando que a morte de Jesus foi única e total.

Alegre balança a cabeça positivamente e continua:

— Isso mesmo! Uma grande parte das pessoas não entende quem é o Pai, e quão completo é o sacríficio de seu filho. Nós estamos mais preocupados com o inferno que não procuramos entender a Graça.

— Então o que adianta ser bom se não existe um lugar que puna as pessoas pelos seus atos?

— Ser bom não é uma barganha de troca. É obrigação! Lembre-se que vamos colher o que plantamos. A bondade não deve ser uma condição nossa, mas um fim.

Os dois se encostam no cajueiro.

— Rioston sempre colhemos o que plantamos. Essa lei é única e universal... Igual aos dois únicos mandamentos deixados pelo Salvador, que é amar o Pai acima de todas as coisas e amar o próximo como a nós mesmos.

Rioston suspira. Ele havia perguntado sobre "ter uma aula" e de fato estava tendo uma.

"Amar a Deus não parece ser difícil" reflete Rioston, mas amar o próximo o deixa pensativo.

— Todos somos seus filhos, e isso não é uma condição, mas a verdade. Somos todos um com o Pai e quem não ama o próximo, também não ama o nosso Pai.

— Eu vou lembrar de tudo isso que estamos conversando?

— Sim. Mas não quando acordar. — Rioston recebe de Alegre um sorriso e a sua mão para ajudá-lo levantar. — Jesus é o Mestre dos lembretes Rioston. Você poderá sentir-se sozinho no seu caminho, cansado ou desanimado... Mas, você sempre receberá um lembrete do seu amor.

— E que lembrete é esse? Digo como ele é? Com o que se parece?

— Uma musica poderá ser esse lembrete. O sorriso de uma criança ou a brisa no rosto. O Sol que aquece ou a chuva que refresca. Todos são lembretes do amor incondicional de Deus.

— Mas você não acha errado agradecermos pela comida, roupa e tantas outras coisas que a maioria das pessoas não tem?

— O erro está quando agradeço pela comida em minha mesa, por que eu tenho e o meu vizinho não. O salvador ensina na oração do Pai Nosso, a agradecer pela comida, mas antes ele ensina que devemos pedir que o seu Reino venha a nós, e em que consiste o Reino de Deus?

— No amor?

— Perfeito Rioston! No amor! Logo quando vou sentar na minha mesa para agradecer pelo pão e para que não falte, nós já teremos realizados o Reino de Deus na terra ao ajudarmos o próximo! Então vamos agradecer pelo pão, depois que levei comida ao meu irmão que estava com fome. E fazendo assim o Reino de Deus é manifestado na Terra.

— Eu nunca pensei dessa forma.

— Não é somente você. Mas os ventos da mudança está chegando, e um povo único e unidos pelo amor está se formando, guiados pela mesma cabeça: Jesus Cristo.

Rioston olha para o pé de Caju.

— Pegue um.

— Posso? — Rioston fica feliz ao ser oferecido-lhe a fruta.

— E por que não poderia?

Rioston tira a fruta do pé. Sente aquele cheiro inconfundível do Caju. A segura pela castanha e sorve-a toda.

— Nunca havia provado Um desses!

— Nunca mesmo. — Alegre sorrir para o rapaz que sente os olhos ficarem pesados. — Até um outro dia meu amigo.

BORBOLETA PRETA - COMPLETO - Lançado 14/02/2019Onde histórias criam vida. Descubra agora