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Minha cabeça dói. Aonde estou? Não sei. Vejo meu carro virado. Há pessoas descendo do ônibus. Muita gritaria, lamento e choro. Sim. Lembro-me! Eu capotei. Meu Deus! Onde está Veruska? Não a vejo entre as pessoas que estão em pé. O acidente foi a pouco tempo... Digo, acabei de capotar, e os paramédicos já estão aqui?Como isso é possível? Será que fiquei desacordado por muito tempo? Veruska! Onde ela está que não a vejo? O carro parecia está tão perto... Mas, está longe. Digo, já estou chegando, mas as pessoas... Elas passam por mim, quero dizer, do meu lado e ninguém importa-se comigo. Há dois médicos adiante. Eles estão curvados. Ajoelhados. A porta do meu carro está aberta. Eles estão cuidando de... Veruska?!

— Ei! Ela está bem?

"Eles não me dão atenção... Por que?"

— Estou falando com vocês!

Estou sendo totalmente ignorado.

Escuto eles dizerem que ela está morta. Não! Não pode ser! Meu Deus não! A culpa é minha! Totalmente e unicamente minha. Meu peito vai explodir! Eu grito! Ninguém me escuta! Mas, mesmo assim eu urro! Caio no chão. Estou chorando com minhas mãos colocadas na minha face.
Gritos.. Agora os gritos vem detrás de mim. Há outro médico gritando para os que disseram que Veruska está morta. O que aconteceu com o outro? Que outro? Há uma terceira vítima? Sou um assassino! Eu matei!Maldito celular. Maldito cachorro! Maldito seja eu! Estou zonzo. Tonto. Não posso parar agora. Preciso ver quem é a outra vítima. Será que a outra pessoa esta morta também? Sou duplamente homicida! Estou chegando ao local. Os outros dois paramédicos tentam reanimar o homem... Estou me aproximando e já o vejo. Um momento... Não pode ser! Eu conheço aquele tênis. Eu conheço aquela tatuagem! Não! Olho para minhas mãos... Como posso está aqui e lá? Nova tontura. Paro ao lado do paramédico com o bigode de pelos brancos. NÃO! SOU EU MESMO! Mas, como pode ser isso? Argh, que tontura! Estou desmaiando! Sinto meu corpo bater no chão. Tento abrir meus olhos e não consigo. Abro o olho esquerdo e vejo as faces dos dois que tentam me reanimar. Voltei para meu corpo?! Sim. Estou dentro de mim... Digo, sou eu de novo... Não que não fosse anteriormente... Mas, estou aqui. Eles me veem! Sinto que estou entrando no mar... A água está morna... E vem subindo, já passa do meu joelho... Como pode ser isso? Água por aqui? A sinto passando pelo meu peito... vou me afogar... Estou, perdendo os meus sentidos. Sim, estou morrendo.

BORBOLETA PRETA - COMPLETO - Lançado 14/02/2019Onde histórias criam vida. Descubra agora