Fire - Novas Espécies [L1]

Capítulo 23

Fui tramsferido de volta a zona selvagem depois de muitos sedativos, Shadow me acompanhou ficando comigo algumas horas até que eu acordasse. A dor era sufocante, tinham arrancado Ella de mim da pior forma possível. Eu sabia que não deveria ter deixado ela ir, minha fêmea e meu filhote agora estão mortos.

- Justice está indo para o enterro, Ella não tinha parentes vivos por isso ele foi chamado para representar suas áreas de atuação enquanto estava viva. Sinto muito, Fire. Eu... Não posso imaginar o que está sentindo, mas estou aqui quando quiser conversar. - eu achei que o inferno tinha sido viver nas mãos das gêmeas loucas, me enganei.

Meu olhar estava tão perdido quanto de um louco, eu não tinha nem começado a sentir sua falta e já estava desejando uma morte rápida. Shadow ligou a televisão da minha casa e ficamos olhando o presidente fazer o seu discurso, ele falou sobre cada soldado que estava presente no helicóptero e por fim falou de Ella, uma foto sua foi posta ao lado do presidente. Ella estava com uma farda militar para eventos, os cabelos presos e um chapel ridículo, seu olhar significava morte.

- Ella Buck, foi acima de tudo uma nobre cidadã americana. Filha do saldoso General Inmanuel Buck, seguiu os passos do pai e protegeu esse país até o seu último suspiro de vida. Os fuzileiros e o país tem uma eterna dívida de gratidão a essa mulher destemida. - soldados atiraram para o céu enquanto os restos dos corpos passavam dentro de caixões, os sedativos ainda estavam em meu corpo me impedindo de fazer o que eu queria, gritar e quebrar tudo que estivesse em minha frente.

- Fire... eu... - Shadow não tinha mais nada para falar ou fazer, ele precisava voltar e cuidar de sua companheira.

- Va embora, Shadow. Quero ficar sozinho. - ele não reclamou ou falou alguma coisa, assentiu e se retirou da minha casa. Subi até o meu quarto encarando a cama e a destrocei, toda a raiva contida foi jogada ali.

Eu não sabia mais o que fazer, sem ela era claro que nunca mais seria feliz, a liberdade se tornou tão negra quanto antes e eu me odiei, me odiei por ter amado, por te-la marcado e por ter pedido que ficasse. Se ela tivesse ido embora antes isso não teria acontecido, se eu não tivesse me apaixonado isso não teria acontecido.

Quebrei mais alguns móveis pelo caminho e rugi o mais alto que eu conseguia, a dor latejante em mim não cessava, nada faria com que isso passasse. Eu não fui forte o suficiente para proteger a minha fêmea e meu filhote. Quebrei mais algumas coisas e me joguei no corredor chorando

E se ela soubesse que isso iria acontecer, e se não quisesse mais ficar comigo e foi de propósito? Ou não queria esse filhote, e se ela me odiava? Eu sou um macho ruim, sei disso e nunca permitiria que ela me dissesse um não, pode ser por isso que ela se foi. Minha cabeça latejava junto com todo o meu corpo.

A noite se estendia e tudo que eu queria era que fosse mentira, que Ella entrasse por aquela porta com os braços abertos para mim, que fizesse carinho em minha cabeça e dissesse que me ama. Queria segura-la em meus braços e nunca mais soltar seu pequeno corpo, eu queria ela aqui, só queria ela aqui.

Ainda podia sentir o seu cheiro inconfundível em minhas roupas e acabei tirando minha blusa apenas para aperta-la contra o meu nariz e poder lembrar do seu sorriso e da sua pele macia novamente. Minha fêmea, minha pequena rosa agora estava morta, eu nunca mais iria vê-la, nunca mais teria seus carinhos e nunca mais veria uma luz na escuridão que me rodeava.

Rugindo deixei que meu animal tomasse o controle, deixei que a pantera me dominasse por completo e sai de casa. Corri por entre as árvores como um predador atrás de sua presa, rugi, rosnei e dissolvi parte da minha raiva ali, do meu ódio e da minha dor. Eu não tinha mais menhum motivo para ser parte humano, eu não tinha nada, tudo que eu achava que tinha foi tomado de mim, sempre seria assim, nunca me apegar a nada porque nada me pertence.

- Odeio os humanos. - murmurei para mim mesmo, por causa deles eu não tive nada e tudo que eu tinha era retirado de mim. Eles me fizeram sofrer como um maldito animal de testes, tentaram colocar fogo em mim como um pedaço de papel e agora mataram minha companheira e meu filhote. Eu odeio os humanos, todos eles. Odeio a mim por ter aceitado ir naquela maldita missão, odeio todos que um dia disseram que a liberdade era boa, não é. Liberdade é uma merda.

Continuei correndo no meio da reserva sem me importar com os animais que habitavam aqui e louco para encontrar briga com algum macho territorialista. Eu não me importava com nada mais, nada mais era de fato importante para preservar meus sentimentos.