Capítulo 4

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Antes que o sol nascesse eu já estava de pé na frente da janela, dormi a tarde e a noite inteira por causa dos medicamentos. A rotina da guerra nunca sai de você, se torna parte do seu interior, avordar antes do sol para ter a certeza que seu esquadrão continua intacto foi um costume que adquiri com o tempo.

Esperei o sol começar a esbanjar os seus raios para abrir a porta do quarto e pegar a mala qud Sheldon havia deixado ontem a noite, jogo-a sobre a enorme cama e abro o ziper devagar. Várias fardas e alguns vestidos que eu odiava, roupas íntimas e minhas armas, facas e munições, tudo edtava aqui.

Me apressei em tomar um banho gelado para despertar o corpo amolecido, o ferimento sangrou com o esforço que eu coloquei ao carregar a mala mas evitei me preocupar. Vesti uma calça caquí e uma regata branca, fiz o curativo desajeitado mesmo, calcei os coturnos e comecei a verificar meu equipamento.

Coloco o cinto tático e aclopo o coldri da Tauros Cal.380, dois pentes e espalho quatro facas por meu corpo colocando uma no coturno esquerdo, no direito coloco meu pequeno bebê uma Pistola CZ Cal. 6,35. Fecho a mala e deixo sobre a cama, já de frente ao espelho tiro os nós do meu cabelo comprido e bagunço de forma preguiçosa, tento parecer apresentável mas eu não sou boa com isso, enquanto meus pensamentos voam percebo que estou mexendo nas placas de identificação dos irmãos Scoot's em meu pescoço.

Depois de sair do torpor e abocanhar uma maçã saio correndo da casa notando a ausência de Sheldon, a distância entre ela e os muros não era muito grande para necessitar do seu carro por isso escolhi ir correndo como um bom exercício matinal. Era bom correr em Homeland, ao menos ninguém me parava para perguntar como consegui minhas promoções ou como é viver no Iraque, Trisha acenou para mim da porta do hospital e eu me vi fazendo o mesmo com um sorriso largo.

Ao chegar nos muros o que não demorou muito trato em subir e observar os manifestantes, era ridículo aquelas mulheres se insinuando para os NEs daquela forma depravada. Eram lindos isso estava notório mas se passar a uma cena dessas revirava meu estômago.

- Oficial Buck? - levantei o olhar psra encarar o enorme homem ao meu lado, estava acostumada a viver com homens altos e fortes mas isso parecia ser piada.

- Notícias correm. Pode me chamar de Ella, sem formalidades. - sorri sem graça, não duvido que todos aqui já saibam quem eu sou e o que estou fazendo.

- Correm mesmo, o bom é que são verdade. Me chame de Cory. - ele sorriu mostrando as presas, tinha uma pele caramelada e o rosto padronizado, cabelos castanhos e um alto porte.

- E o que andam dizendo de mim por ai? - usei um tom divertido ao fazer a pergunta, o sorriso dele comtinuava ali largo e gritante.

- Que é uma fêmea muito bonita, e gosta de armas. - corei, andar bem armada era uma rotina de todas as manhãs. Ninguém estranhava no Camp mas aqui era diferente.

- Ah, gosto mesmo de armas. - dei de ombros iguinorando seu primeiro comentário, nem de longe me achava bonita. Sou baixa para o padrão feminino, quadris largos desproporcionais aos ombros, sardas pelo corpo e um nariz estranhamente pequeno, olhos grandes e meus cabelos alaranjados tinham marcas amareladas de desbotamento por causa do sol nas missões e treinamentos pesados.

- E é mesmo muito bonita, aceita compartilhar sexo comigo?  - se eu estivesse comendo algo provavelmente engasgaria, ouvi comentários que os Espécies são muito sinceros e isso estava me incomodando, não sei se fiquei vermelha ou roxa mas ele me olhou receoso.

- Ah... Cory... eu... desculpe mas, é melhor não. - imaginei que ele ficaria irritado ou tentaria me convencer mas continuou ali com um sorriso mais contido. - Bom, você tem visto algo de estranho por aqui?

- Não, tudo normal. Os manifestantes, as doidas... Enfim não tem nada de anormal. - ele deu de ombros e me entregou o binóculo, vasculhei a área suspirando derrotada por não ter conseguido nada, ia entregar o binóculo de volta quando um brilho entre as árvores distantes me chamou atenção, parei para observar melhor.

- Aquele carro está sempre ali? - entreguei o binóculo a ele, por sua reação imaginai que não. - Certo, quero que faça uma coisa para mim. Você pode?

- Qualquer coisa. - me encarou com um olhar sério, sem o binóculo era quase impossível de vê-lo mas sendo um Espécie não imagino que ele tenha problemas.

- Fique de olho nesse carro, continue agindo normalmente como sempre faz, quando terminar seu turno quero que me entregue um relatório. Pode ser? - ele assentiu e se retirou.

Desci do muro voltando para a cidade onde encontro Justice, Sheldon e outro NE conversando. Antes que eu me aproxime Sheldon fareja o ar e volta sua atenção para mim com um olhar quase desesperado, ele vem em minha direção vom uma raiva palpável.

- Onde estava? Eu te procurei por toda a parte? - ele estava visivelmente irritado. Um dos meus defeitos era a dificuldade em responder coisas que não são do interesse alheio. Manti minha postura superior e arqueei a sobrancelha.

- Se quisesse mesmo saber não teria saído do seu posto. - seu olhar foi de descrença, Justice e o outro macho riram se aproximando.

- Bom dia, Ella. - Justice me cumprimentou e pediu silenciosamente que Sheldon se afastasse o que ele fez com muita relutância. - Já estava trabalhando? 

- Sim, espero que não se importe. - ele negou, começamos a conversar sobre as trocas de turno quando sinto uma presença marcante próximo a nós. Ao olhar para cima sinto todo o meu corpo tremer, aqueles olhos dourados.

- Ella, este será sua nova escolta. Fire. - alto e largo? Essas palavras o descreviam com facilidade, não me assustaria se dissessem que ele é um dos mais altos daqui. A pele bronzeada, os cabelos negros curtos e lisos, maçãs altas e nariz achatado, lábios retos... ele era a beira da perfeição, até a queimadura em sua bochecha esquerda era atraente. - Espero que se dêem bem, eu preciso ir.

- Oi, Fire. Hm... - ele não falou, seus olhos pareciam me despir e meu corpo gostou disso, senti o latejar da minha intimidade só com seu olhar sobre mim, estava ficando vermelha com o silêncio. Ele farejou o ar e ronronou foi o fim da minha calcinha, tenho certeza que ele está sentindo o cheiro porque um meio sorriso agora brinca em seus lábios, oh droga. - Me acompanha até o outro portão?  - tentei quebrar o clima começando a andar, ele vinha um pouco atrás rosnando para alguns machos. Qual meu pecado mesmo?

Fire - Novas Espécies [L1]Onde histórias criam vida. Descubra agora