O Pretty Ugly era o bar que todos os alunos da St. Margaret's e outras escolas das redondezas frequentavam. Independente do dia da semana, uma coisa era certa: o Pretty Ugly estaria lotado de estudantes ricos e inconsequentes fazendo baderna. Aquele era o paraíso do adolescente: eles fingiam acreditar em todas as identidades falsas apresentadas, mesmo as mais absurdas. Por conta de sua freguesia de pouca idade, raramente via-se alguém com mais de 25 anos lá, além dos rostos já conhecidos de predadores de adolescentes repulsivos. Já conhecíamos cada um deles, e o único momento em que as escolas se uniam por livre e espontânea vontade era para escorraçá-los caso tentassem se aproximar de alguma garota menor de idade.
O bar fazia juz ao nome: toda a sua atmosfera girava em torno do feio; paredes verde-limão com desenhos de monstros grotescos em situações no mínimo esquisitas que brilham na luz negra, poltronas neon com formatos que ninguém conseguiria imaginar que uma poltrona poderia ter e funcionários vestidos da forma mais cafona possível. O feio, quando proposital, é bonito.
Naquela segunda-feira em especial, eram os alunos da St. Margaret's que lotavam o local. Aparentemente, haviam ganhado algum jogo de futebol contra uma escola que sempre fora uma de suas maiores rivais. Ou de basquete. Ou de uma equipe de natação. Eu realmente não ligava muito para esportes, e geralmente só me preocupava se o colégio vencia as competições ou não porque queria saber se haveria festa depois. O time de futebol-basquete-natação-atletismo subia agora no palco para fazer algum discurso bobo.
Eu não ouvia, porém, porque minha cabeça ainda estava focada no livro que mamãe encontrara no meu quarto pouco tempo atrás e minha boca, em terminar aquela bebida. Era o mesmo livro que Matteo lia na biblioteca. Estava com medo de que aquilo significasse que ele era meu namorado secreto, porque não gostara nem um pouco de nossa breve interação pela manhã e porque, para ser honesta, eu não queria que minha busca terminasse assim. Eu estava amando cada segundo de confabulação e não estava preparada para que o mistério se solucionasse tão rápido e sem emoções. Tinha que haver outra explicação.
- Você poderia prestar mais atenção no discurso dos Raptors, por favor? - alguém sussurrou em meu ouvido.
Mal virei para ver quem era e percebi que era Christofer, que aproveitou a situação para beijar minha bochecha. Eu devo ter ficado com aquela cara de boba que fico toda vez que o vejo, porque ele se desatou a rir sem motivo algum. Eu amava a risada de Christofer. Para falar a verdade, eu amava tudo nele, e amava principalmente o fato de que tudo nele parecia fácil, sem esforço, fluido. Chris fazia o que queria, na hora que queria.
- Chris! Eu tenho uma pergunta muito importante pra te fazer! - agarrei suas mãos, colocando todo o meu peso sobre os seus pulsos e quase caí em cima dele.
- Ei, pera lá! Você bebeu? - ele tentou me colocar perpendicular ao chão novamente.
- Um pouquinho quando eu cheguei, sim.
- Cadê a Cassie?
Dei de ombros. Christofer estava especialmente bonito naquele dia. A barba por fazer lhe dava um ar de mais velho, assim como o cabelo bagunçado que ele estava deixando crescer há um tempo e que faziam seus olhos parecer ainda menores. Havia mais ângulos retos em seu rosto do que nas provas de trigonometria.
- É até estranho te ver sem ela.
- Você quer saber qual é a pergunta muito importante ou não?
- Não. Mas pode dizer, se quiser.
Ele era muito disperso. Estava constantemente olhando para todos os lados, mudando de posição, pensando em algo novo para fazer. Christofer era maravilhoso, mas não conseguia imaginá-lo namorando com ninguém, nem mesmo comigo.
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Procura-se Meu Namorado [COMPLETA]
Teen FictionCOMPLETA Elizabeth Davis é dona da memória mais seletiva do mundo. É capaz de listar as datas de lançamento de todos os seus álbuns favoritos, mas é impossível que mantenha uma fórmula matemática em seu cérebro por mais de uma semana. Conseguiria fa...