XX. Eu conheço você

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O jantar com minha família foi um martírio todo especial naquele dia. Sebastian ainda estava enfezado por conta da discussão que traváramos no outro dia, e minha mãe não perdia uma oportunidade de colocar o dedo na ferida. Eu amava Bridget Stacey, mas, céus!, como ela podia ser insuportável quando queria!

- O Seb era o garoto mais desejado do campus - minha mãe olhou de soslaio para Lola, que parecia estar se remoendo por dentro, e então para meu pai, que a encarava como se não soubesse o que viria a seguir, com uma calma assustadora - Ninguém conseguia acreditar que ele teria se apaixonado por uma garçonete! - ela riu, estridente - Aposto que aqueles meninos do clube de poker ficaram muito felizes quando souberam que no fim você acabou casando com uma modelo, como eles sempre quiseram.

Eu e Leigh Anne trocamos um olhar cúmplice. Nós sabíamos muito bem onde aquilo chegaria.

- Aposto que as meninas do futebol também ficariam felizes ao saber que você casou com um atleta.

O rosto da minha mãe mudou completamente. Sebastian estava se referindo a Doug, o ex-marido. O terceiro ex-marido, para ser exata. Ele era um jogador de golf aposentado, e todo mundo sabia que minha mãe ainda não havia superado o rompimento. Doug fora um ótimo marido e um padrasto melhor ainda, sua companhia era infinitamente mais paternal do que a do meu próprio pai, no entanto, infelizmente, tinha um parafuso a menos. Pediu o divórcio para aventurar-se em um ano de jornada espiritual na índia (ou algo assim). Às vezes, eu gostava de imaginá-lo meditando no topo de uma montanha, com a vestimenta de um monge tibetano.

- Lola! - mamãe voltou os olhos azuis para a estátua humana que estava ao meu lado, ignorando a provocação de papai - Eu estava assistindo TV certo dia e não pude deixar de notar que era você na propaganda da Dior! Parabéns! 

Tive que usar todas as minhas forças para não sorrir. Ai! Aquilo era baixo! Não era novidade para ninguém que Lola havia caído no esquecimento no mundo da moda com a mesma velocidade que havia chegado ao topo, na mesma época em que conhecera meu pai. Mamãe adorava fingir que confundira Lola com outras modelos, enquanto sabia muito bem que ela não era convidada para um trabalho relevante há séculos.

- Acho que você se confundiu - Lola dizia, com um sorriso forçado que não conseguia disfarçar o fato de que se sentia ofendida - Aquela é uma modelo australiana que não parece em nada comigo.

- Por que estamos jantando juntos? 

Todos os olhares foram redirecionados para Leigh Anne, que mexia a colher em sua sopa de mariscos casualmente, como se não houvesse dito nada. No fundo, com certeza todos estávamos pensando o mesmo; haveria alguma razão para estarmos juntos? A única pessoa que minha mãe odiava mais do que a Lola era meu pai, e eu e minha irmã não estávamos exatamente no ápice de nossa relação agora que ela estava decidida a roubar-me Matteo.

- Seu pai achou que era uma boa ideia - Bridget respondeu - Ele implorou que eu atendesse ao jantar em família.

- Ele estava errado - Leigh Anne continuou, arrastando as palavras daquele jeito característico.

Mamãe me direcionou um risinho e voltou sua atenção para seu prato. O rosto de galã de meu pai não parecia tão simpático agora.

- Leigh Anne, que modos são esses? - Lola perguntou em um tom muito baixo.

Nossa pequena confusão passivo-agressiva foi interrompida pelo barulho do interfone. Minha irmã, com a calma de sempre, anunciou que a visita era para ela e atendeu. "Ah, claro, mande que ele suba", foram as palavras que Leigh Anne disse para o porteiro, e meu coração acelerou-se instantaneamente.

 "Ah, claro, mande que ele suba", foram as palavras que Leigh Anne disse para o porteiro, e meu coração acelerou-se instantaneamente

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Matteo Caputo encontrava-se parado na porta do apartamento do meu pai e eu me encontrava em estado de pânico. Nos encaramos, ambos com um olhar desesperado no rosto.

- Ei, eu conheço você... - minha mãe começou, estreitando os olhos. Por favor, não termine essa frase. Por favor, não termine essa frase.

- Esse é Matteo Caputo - Leigh pegou-o pelo braço, puxando-o para a mesa. Ela exibia um sorriso tímido enquanto afagava o braço dele. Os olhos de Matteo ainda estavam grudados nos meus - Pai, eu avisei que ele viria...

- E-eu nã-não pretendia chegar em um horário inoportuno - ele se desculpou - Boa noite!

- Não é problema algum - Sebastian e Lola trocaram um olhar antes que ele continuasse - Sente-se, por favor.

Leigh Anne acomodou Matteo no único lugar à mesa disponível. Ao meu lado. Puta que pariu, destino! Assim que sentou-se, ele respirou fundo discretamente, e pelo que parecia havia recuperado a calma facilmente, porque sua fisionomia toda alterou-se. Enquanto isso, minhas unhas estavam cravadas na borda da mesa e eu parecia prestes a desmaiar.

O que diabos Matteo Caputo estava fazendo na casa de Leigh Anne? Aquilo só podia significar que o que eles tinham era muito mais do que um simples flerte. Burra! Burra! Burra! Como eu não percebera antes? Eles saíram no fim de semana. Com certeza estavam juntos agora - ou quase isso. Era tão óbvio! Além da constatação de que eu havia perdido para sempre o garoto que poderia ser meu namorado misterioso para minha irmã mais nova, outra coisa me tirava o sossego: Leigh Anne não sabia que eu e Matteo havíamos nos encontrado apenas um dia antes do seu encontro; mas minha mãe sabia muito bem, e abriria a boca a qualquer momento.

Fechei os olhos por um momento e admirei a escuridão. Acalme-se, Elizabeth. Quando finalmente voltei ao estado de sanidade, percebi que Matteo e minha mãe estavam conversando.

- Sim, eu estudo com Elizabeth - ele dizia, agora impassível. Como ele conseguia manter a calma em um momento como aquele?

Naquele momento, senti algo atritando contra minha perna. Leigh Anne falava algo sobre como conhecera o garoto que estava sendo analisado pelo olhar escruciante de Sebastian. Imperceptivelmente (era o que eu esperava, pelo menos), me inclinei para espiar debaixo da mesa.

Matteo Caputo roçava sua perna na minha, e exibia um sorriso quase depravado no rosto. Para qualquer outra pessoa na mesa, aquele era um sorriso comum e cordial, mas eu conseguia ver as faíscas de malícia em seus olhos semicerrados. Que filho da puta! 

Levantei o olhar assim que ouvi a próxima frase, tão rápido que até me senti um pouco tonta:

- Lembrei! Você é o namoradinho da Liz!

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HELLOuuu!!!
Eu adoraria ter postado o capítulo antes, e peço desculpa por isso, mas viajei pro interior e a internet aqui é UM LIXOOO. Finalmente consegui postar

Espero que gostem!

Procura-se Meu Namorado [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora