XIII. Você fuma?

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Após chorar por conta de algo que Matteo disse, procurei-o por todos os corredores do colégio durante a saída com o objetivo de conquistá-lo. Não me orgulho disso, mas até ignorei todos os meus outros possíveis namorados no processo. A hora deles chegaria; agora eu tinha apenas 3 dias para conseguir com que o garoto mais complicado da minha lista saísse comigo. Até mesmo decidi ignorar a mensagem de Leigh Anne que dizia "o seu amigo é maravilhoso!", tudo pelo bem do meu plano. Assim que eu encontrasse meu namorado, poderia perder meu tempo ficando com raiva de coisas triviais.

Finalmente encontrei Matteo em um beco ao lado da escola, fumando. Fingi surpresa.

- Ah. Você.

- E você! - ele riu - O que você tá fazendo aqui? Você fuma?

Eu odiava a brilhante capacidade que aquele garoto tinha de captar minhas incoerências imediatamente, como no dia em que estranhou o fato de eu ter falado com ele. Por que ele não podia entrar no meu jogo e fingir que era completamente normal o fato de a rainha do baile de outono da escola e o delinquente de quem todos tinham medo estarem conversando em uma viela deserta e escura ao lado do colégio? Apenas fumantes frequentavam aquele beco, e eu não podia contar que meu real motivo para estar ali era pra encontrá-lo e fazê-lo morrer de amores por mim.

- Fumo - falei, sem pensar. Puta que pariu, Elizabeth.

Matteo gargalhou. O que teria me entregado? O cheiro de rosas no cabelo, os dentes brancos de quem nunca colocou um cigarro na boca ou o fato de eu ter respondido rápido demais?

- Então pega um - ele ergueu uma caixa de cigarros para mim.

Não poderia ser tão difícil. Expulsei todos os pensamentos de "olá, câncer de pulmão!" e "o que você tá fazendo, sua louca? Cigarros têm mais de 4,7 mil substâncias tóxicas!" e escolhi um. Tentei, desajeitadamente, equilibrá-lo entre o dedo indicador e o anelar, como as mulheres dos filmes dos anos 50 faziam. É só uma tragada, Elizabeth, não tem como você morrer por ter dado uma tragada em um cigarro; ou tem? Se eu me tornasse dependente química por conta daquela tragada e Matteo Caputo acabasse por não ser o meu namorado, eu o processaria por danos morais.

- Você não vai acender?

Só quando Matteo perguntou, ainda rindo de maneira desconfiada, percebi que estava encarando o cigarro há séculos, como se nunca antes tivesse visto um objeto tão estranho. Estiquei a mão com o cigarro em direção ao isqueiro que ele segurava; era preto com algumas palavras em dourado que eu não entendia, provavelmente em italiano. Ele riu mais ainda, dessa vez de um jeito mais empático do que de zombaria. Eu queria que todas as suas risadas fossem daquela maneira.

- Caramba, não acredito que vou ter que te ensinar a fumar!

Meu coração acelerou quando percebi que ele estava se aproximando de mim. Matteo segurou minha mão, e eu rezei para que ele não percebesse que eu estava tremendo, e levou o cigarro à minha boca, seus dedos chegando perto demais dos meus lábios. E então ele se inclinou em minha direção. Daquela distância eu podia ver todos os pequenos sinais em seu rosto, podia conectá-los e formar constelações. Percebi que se Matteo Caputo quisesse me beijar naquele momento, eu não iria me opor.

Mas então ele acendeu o isqueiro e colocou fogo à ponta do meu cigarro. Suguei todo o ar para o meu pulmão, ainda sem tirar meus olhos de Matteo, e então tive que fechá-los. Porque estava morrendo. Tossi tanto que meu peito doeu, enquanto ele gargalhava e balançava a cabeça em desaprovação. Assim que minha crise de tosse passou, joguei o cigarro em Matteo.

 - Ei! Ainda tá aceso, sua louca! - ele se desvencilhou do cigarro com um tapa e esmagou para apagá-lo. Se Matteo de repente pegasse fogo naquele momento, eu estava decidida de que não o ajudaria, assim como ele não tentou me ajudar enquanto eu tossia e todos os meus órgãos internos pareciam prestes a sair pela faringe. Infelizmente, ele não pegou fogo e logo começou a rir da minha cara novamente - Você não disse que fumava?

- Eu só queria parecer descolada - admiti.

- Não conseguiu.

- Jura?

- Por que você tá me perseguindo? - ele estava sério de novo. Antes que eu pudesse abrir a boca para iniciar meu monólogo de três horas sobre como aquela ideia era absurda, ele continuou, contando nos dedos: - na biblioteca, na fila do almoço e agora aqui. Você está apaixonada por mim ou o quê?

Todo tipo de pensamento passou pela minha cabeça nos segundos posteriores. Eu poderia tentar uma abordagem mais descontraída, responder "ou o quê", dar uma risada da minha piada sem graça e tentar desconversar. Ou eu poderia ficar subitamente ofendida, gritar que era ridículo da parte dele insinuar aquilo e que, francamente, só sendo muito egocêntrico para acreditar que eu me apaixonaria por alguém como ele. E se eu apenas fingisse não ter ouvido aquilo e saísse como se nada houvesse acontecido?

Mas eu estava disposta a terminar uma tarefa antes da véspera do prazo de entrega pela primeira vez em minha vida.

- Se eu estivesse, você iria ao paintball comigo?

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helLOOOOO
Não sei o que deu em mim pra postar esse capítulo meia noite  kkkkk
Acho que devo explicações do motivo de não ter postado nessa quarta: no fim de semana passado meu notebook parou de funcionar e na terça fui assaltada e levaram meu celular o// como vocês podem ver, tenho muita sorte kkk
Eu estava praticamente incomunicável por um tempo, mas estou de volta (e com um celular novo. Obrigada, assaltantes. O antigo estava com a bateria viciada de qualquer jeito 🤷‍♀️🤷‍♀️)

Procura-se Meu Namorado [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora