Eu estava vestida no vestido vermelho que ele havia escolhido. Meus ombros estavam à mostra, e eu girava nervosamente o pingente do colar sobre minha clavícula descoberta. Vislumbrei o reflexo do meu rosto por uma última vez, antes de cobri-lo com a máscara dourada que agora me parecia extravagante demais, com penas douradas e marrons acompanhando o contorno da minha testa.
Christofer estaria na porta de casa a qualquer momento, e eu ainda não tinha superado o que ocorrera no dia anterior. Você sabe, antes de eu interromper o beijo com uma desculpa desprezível e correr para o balcão de pagamento. Não vi Matteo desde então. Eu mantinha meu celular desbloqueado, caso ele decidisse me ligar alguma hora e declarar que ir ao baile com Chirstofer como meu acompanhante era uma estupidez. Ao mesmo tempo, uma parte de mim queria nunca vê-lo novamente. Aquela voz irritante no fundo da minha cabeça narrava a cena em que ele me dispensou por Leigh Anne, na calçada do apartamento do meu pai, e dizia que ele só havia me beijado porque não podia beijá-la.
E havia Christofer. Ele provavelmente estava a algumas quadras dali, ouvindo música no volume máximo e gritando a plenos pulmões. Ontem, depois do beijo assustadoramente bom com Matteo, eu me sentira tão culpada que correra para alguma loja de música e, como se os céus quisessem me recompensar pela brincadeira de mau gosto que tinham feito ao colocar Matteo no lugar errado na hora errada, acabei encontrando uma palheta autografada por Aron Castaneda, um cantor local que Christofer amava. Planejava presenteá-lo no baile. Eu também não sabia como me sentir quanto a ele. Eu não sabia como deveria me sentir e ponto final. Nunca fui a melhor pessoa quando o assunto era entender meus próprios sentimentos e diálogos internos, mas aquilo já estava beirando o ridículo.
Ouvi a campainha, e sabia que aquela era a minha deixa.
Christofer e minha mãe estavam lado a lado, ele arrumando a gravata que, se eu o conhecia bem, passaria a noite toda torta, e ela com uma taça de vinho na mão. Ele tinha uma cicatriz abaixo do olho esquerdo e o nariz ainda estava um pouco rosto. Ambos calaram-se assim que eu pisei na sala, como se o objeto da conversa tivesse aparecido de surpresa. O canto esquerdo do lábio de Chris elevou-se em um sorriso, e eu podia jurar que seus olhos brilhavam enquanto nos fitávamos em silêncio. Por Deus! Por que ele tinha que ser tão fofo? Isso só complicava tudo.
- Liz, você está... Perfeita.
- Eu faço das palavras de Christofer as minhas - minha mãe levantou a mão que não segurava a taça para o céu, como agradecimento - Obrigada por ter escolhido os genes certos, Deus.
Revirei os olhos em uma encenação inútil, porque era estava bem claro que eu segurava o riso. Andei até Chris, talvez em passos lentos demais porque tenho um fraco por drama e imaginava aquele momento como uma cena importante antes do clímax de um filme adolescente. Ele segurou minha mão, e disse "você está linda" sem emitir som algum. Christofer tirou uma máscara preta do bolso e amarrou-a atrás da cabeça.
]- Você está pronta para o melhor baile de sua vida, Elizabeth Davis?
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Procura-se Meu Namorado [COMPLETA]
Fiksi RemajaCOMPLETA Elizabeth Davis é dona da memória mais seletiva do mundo. É capaz de listar as datas de lançamento de todos os seus álbuns favoritos, mas é impossível que mantenha uma fórmula matemática em seu cérebro por mais de uma semana. Conseguiria fa...