where is my mind?

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Charlotte não havia dormido

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Charlotte não havia dormido. 

Desde que Augusto buscara ela e o palhaço na ponte, a menina não conseguiu pregar os olhos. 

O rapaz de olhos verdes, que estava no volante ao lado do chefe, olhava-a pelo retrovisor constantemente, como se tentasse pescar algo de suas feições. 

Os minutos silenciosos se passaram lentamente, quase que de forma escorrida, fina e suave, como água descendo pela torneira mal fechada, e o único que parecia impassível era coringa. Aparentemente nada o incomodava, não havia tensão nos olhos negros, apenas o vazio de sempre, em sua postura aérea e ausente.

De volta ao depósito abandonado, eles desceram e entraram no breu da construção velha.

O palhaço tomou a frente ascendendo as luzes no disjuntor. 

-Ficará aqui por enquanto. E ele lhe fará companhia. Precisarei de você amanhã, então considere o que foi hoje um teste de confiança.

A jovem olhou quase que de forma descrente.

-Serio que eu vou dormir nessa muamba de novo??? Podia pelo menos me dar um cobertor descente depois de hoje!

Ele bufou irritado. E andou do seu jeito estranho e manco, até se aproximar dela o suficiente para pousar a mão grande, de forma ameaçadora, na clavícula exposta pela gola larga da camiseta branca, se abaixando com os lábios na altura de seu ouvido.

-Você trabalha para mim, esqueceu? Não pense que algo mudou em nossa posição, você só provou que eu posso usa-la em trabalhos específicos. Nada mais. 

Charlotte sentiu a necessidade de estirar a palma da mão na face pintada. Ele havia fodido com ela. Literalmente. E agora não era nada?

Os olhos azuis fitaram-no em fúria, mas ela não respondeu. Havia um alarme soando em seu cérebro de "perigo".

Aquilo foi sexo. Só sexo. 

Pra ela poderia ter sido algo significante, por ser sua primeira vez, mas tinha certeza que para o mafioso era somente um ato carnal de necessidades primitivas e ocas. 

Sentiu-se suja de repente, uma puta imunda, uma palhacinha de borracha com um buraco quente e úmido pra ele enfiar o pau.

Não.

Ela não era e nunca seria isso. E ele iria atestar seu valor, querendo ou não. Jamais se rebaixaria mais daquela forma novamente, mesmo que estivesse se embrenhado em um mundo de libertinagem e crime, continuaria tendo seu amor próprio.

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