Capítulo 01 - Um encontro com o diabo

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Meu coração estava a mil.

Eu nunca estive tão ansioso em minha vida para algo. Por minha perna era como se passasse uma carga elétrica a mais de mil volts que fazia com que ela não permanecesse estável sobre aquele banco de praça. Meu coração batia forte e fora de compasso.

A cada pessoa que passava por mim naquele Parque, me deixava cada vez mais e mais nervoso para o que estava por vir logo a seguir.

Meu nome? Me chamo Charlie Evans. Nome bem comum por aqui. Assim como eu. Sou um cara bem comum. Tenho dezessete anos, estou no ensino médio e não tenho nada de tão emocionante pra contar. Não tenho tantos amigos, vivo uma vida resumidamente normal, sem muitas emoções ou intensidades.

Na verdade, tenho uma melhor amiga. O nome dela é Lisa. Somos carne e unha. Somos amigos desde a nossa infância no fundamental e até hoje ainda somos grudados. Não minto quando digo que não tenho muitos amigos, porque tenho apenas praticamente a Lisa. Pode não ser quantidade, mas para mim ela é qualidade.

Bem, o que estou fazendo sentado num banco de praça no meio do parque, quase tendo um treco no coração? Bem, estou esperando um cara. Conheci ele pela Internet. Hoje em dia muita gente está aderindo a esses encontros por sites de encontros, tentando achar o amor da sua vida.

Bem, se querem saber, não fui eu quem encontrou ele, mas foi ele quem me encontrou. Foi algo totalmente por um acaso. Bem do nada mesmo. Nem lembro exatamente como aconteceu, lembro-me apenas que a sala de chat se abriu e passamos a conversar. Eu finalmente havia encontrado alguém que me entendia, que passava pelas mesmas situação que eu de ter que se esconder pela massa ao seu redor.

Estamos em pelo o século XXI você deve pensar, mas o preconceito ainda existe onde quer que vá. Muitos gays resolvem se assumir quando chegam a maior idade, quando se sentem preparados e certos do passo que estão dando.

Conversamos o dia inteiro, então depois de saber o nome dele e ele o meu, resolvemos marcar um encontro no outro dia à tarde para nos conhecermos no parque onde eu estava agora.

Obviamente ele despertara um interesse súbito em mim. Ele me fez sentir-me atraído por ele em tão pouco tempo apenas com palavras em meio às nossas conversas. Ele também se mostrara interessado, por isso o encontro, então ali estava eu com o coração completamente ávido e aflito.

Ele não estava atrasado, apenas eu é quem estava adiantado. Mas confesso que cada muito sôfrego ali, massacrava completamente meu pobre coração inquieto. Na noite anterior nem havia conseguido dormir direito, anelante por aquele momento prestes a ocorrer.

Eu esfregava minhas mãos uma na outra, enquanto minha perna vibrava sobrecarregada de tensão convertida em energia potencial, quando uma voz grave e aveludada soou por minha retaguarda. Senti um aperto no coração e um nó na garganta. Era ele. Por um mísero segundo senti minha alma desabitar meu corpo. Senti dificuldades para corresponder o chamado no segundo em que fora efetuado, no entanto, após meu ilustre momento de fraqueza, virei meu rosto e me deparei com algo fora dos conformes. Era Roy Raymond, o cara mais popular da minha escola e hétero mais babaca.

Eu não sabia o que pensar. Ele também me encarava surpreso. De todos os Roys no mundo eu não esperava que fosse justamente aquele. Ele era um completo imbecil. Meu momento de paixonite aguda havia passado no momento em que bati os olhos nele.

Bem ali na minha frente, fitando-o fixamente esperando por alguma resposta, notava seu rosto confuso e seu visual todo arrumadinho e perfumado só para me encontrar. Ele realmente estava usando a jaqueta azul que me falara que usaria no nosso encontro, assim como meu moletom verde que dissera que usaria para ser mais fácil dele me localizar.

O Diabo na minha JanelaOnde histórias criam vida. Descubra agora