Capítulo 14 - Meu diabo da enfermidade particular

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Eu estava muito mal.

Amanheci o dia sentindo como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. Meu corpo estava pesado como se tivesse alguma tonelada pousada sobre mim. Minha cabeça parecia que estava sendo esmagada. Meu nariz se encontrava completamente entupido. Sentia uma queima nos meus olhos de uma forma que doía cada vez que eu olhava para algum lugar. Não precisava ser um gênio para perceber que eu estava doente.

Na certa eu estava gripado, já que na noite anterior eu havia saído em baixo de chuva sem nenhum escrúpulo, apenas para sair da presença de Roy o mais rápido que eu podia. Estava com a cabeça muito quente. Eu estava a ponto de explodir para todos os lados. Não responderia por mim, então era realmente melhor que eu saísse dali antes que eu fizesse algo que eu pudesse me arrepender amargamente.

Levei toda aquela chuva pela minha teimosia e orgulho. Roy me oferecera uma carona até em casa, mas minha altivez, me fez não voltar atrás. Eu era duro de jogo. Não cedia de maneira alguma. Depois de dada uma palavra minha, eu simplesmente não voltava atrás de maneira alguma. Preferi ir na chuva do que me inclinar a Roy depois de tudo.

Eu ainda não acreditava que tudo aquilo tinha acontecido. Eu contei a ele que estava simplesmente apaixonado por ele. Eu me culpei em alguns momentos por ter feito aquilo. Talvez tivesse me precipitado muito ali, mas parte de mim me dizia que eu deveria ter dito aquilo de uma vez, para deixá-lo consciente de que eu não estava apenas tendo uma relação física com ele, como estávamos nos acostumando a fazer ali. Não era realmente isso que eu queria. Eu queria uma união de corações. Queria viver uma paixão boba e adolescente, inconsequente, porém linda e gostosa de se viver.

Eu era um sonhador. Um romântico. Não vivia para ser a putinha particular de ninguém. Eu havia deixado bem claro para Roy naquela noite que os meus sentimentos por ele estavam se intensificando. Não poderia mais ser a mesma coisa dali para a frente. Não queria mais estar me arriscando o tempo todo por uma coisa incerteza, apesar de que desde o começo eu sabia que poderia ser assim, portanto não poderia estar exigindo àquela altura, no entanto havia falado aquilo e não me arrependia, se tudo findasse entre mim e Roy, não me importaria mais. O que tivesse de ser seria e não havia nada que eu pudesse fazer. Talvez fosse até o melhor no fim das contas.

Estar doente para mim era o fim. A última coisa que eu queria na face da terra. Não suportava estar acamado. Eu odiava plenamente. Eu era uma pessoa ativa, não gostava de ficar inerte em um local, me faltava paciência, meu corpo era completamente elétrico. Ficar doente para mim era como um castigo exímio. Odiava ter de me render a algum tipo de enfermidade.

Eu sentia um cansaço extremo e uma fadiga mental inexplicável. Meu corpo inteiro doía e eu me encontrava com uma congestão nasal irritante. Eu odiava não poder respirar normalmente pelas narinas. Sentia a minha garganta toda seca, mesmo tendo me hidratado por todo o dia anterior. Meus olhos agora estavam irritantemente marejados, de uma forma que eu mal limpava-os e mais lágrimas tomavam o lugar das lágrimas tiradas por mim. Era um saco.

Quando eu achei realmente que não poderia estar pior, me veio o primeiro espirro do dia. Em seguida me veio outro e mais outro seguidamente. Senti meu nariz atacado por gotejamentos pós-nasal. Tinha que puxar o catarro para dentro para não sair e passar a mão nos arredores para que não escorressem até a minha boca, porque isso sim seria nojento. Perdi totalmente o meu olfato daquela forma e odiava estar daquela forma. Passaria o dia inteiro entre espirros constantes. Teria de arrumar lenços para toda aquela secreção nasal que se congestionara ali no meu nariz.

No fim de tudo, eu era culpado por aquilo. Eu havia sido muito cabeça dura e me lancei na chuva achando que poderia ficar tudo bem, que eu era o super-homem, que nada me abalaria, pois tinha supostamente o peito de aço. Só na minha cabeça né, porque eu era um ser humano comum e estava sujeito também a qualquer coisa do tipo e Roy ainda me alertara antes de sair que eu poderia ficar doente, então ali estava eu, que ironia não?

O Diabo na minha JanelaOnde histórias criam vida. Descubra agora