Capítulo 24 - Comprando o traje de gala para ir ao inferno

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Eu quase não havia tocado na janta.

Mamãe me olhou preocupada. Eu ainda não queria contar à eles sobre o que havia acontecido naquela tarde. Por mais que eles já tivessem me aceitado, ainda era um processo, cujo os passos tinham de ser dados um a um. Eles não iam simplesmente me aceitar do dia para noite com tudo. Eles teriam se irem se acostumando aos poucos com o novo eu que eles descobriram em mim.

― O que foi meu filho? ― mamãe perguntou por fim.

― Não é nada mãe! ― menti. ― É só que o baile está chegando aí e Lisa insiste que eu vá ― Remendei. ―, porém não estou muito à fim de ir!

― E por que não? ― indagou mamãe.

― Sei lá, acho que não estou muito no clima de festa!

― Acho que deveria ir! ― sugeriu papai.

― Eu concordo com seu pai! ― disse mamãe pondo sua mão sobre o meu ombro. ― Acho que deveria se divertir um pouco com os seus amigos!

Eu ainda queria evitar a permanência de Roy no meu campo de visão. Por mais que eu tivesse lhe dado adeus, mas ainda restara resquícios de Roy em meu coração. Ainda doía vê-lo. Ainda sentia-me intenso quando meus olhos o encontravam onde quer que fosse. Era justamente ele que eu queria evitar. Não queria ir para a festa para me sentir mal por estar vendo ele com a sua namorada de fachada curtindo a sua vida de fachada. Queria não ter que desejá-lo.

― Tudo bem! ― falei vagamente em resposta.

***

Quando cheguei na escola, já vi Lisa de cara, que se aproximou de mim também assim que me viu. Ela estava bastante arrumada naquele dia. Ela voltara a se arrumar novamente agora e eu estava feliz por ela estar se sentindo bem novamente para isso. Significava que o seu psicológico estava se curando e ela estava melhor agora.

― Charlie! ― ela me abraçou e me largou logo em seguida. ― E como foi ontem lá com ele?

Eu voltei por um segundo até lá e me lembrei de tudo que eu disse a ela como se estivesse presente lá naquele momento frente a ele.

― Bem, eu falei tudo o que tinha de falar para ele e agora sei que posso seguir em frente em paz.

― Que bom Charlie! ― disse ela tocando meu ombro delicadamente num gesto solidário. ― Olha, eu vou fazer as compras hoje à tarde para o baile e queria que você fosse comigo. Queria a sua opinião gay!

― O quê? ― perguntei um tanto perplexo.

― Ai Charlie, sempre foi o meu sonho sair às compras com o meu melhor amigo gay. Dizem até que os gays tem bom gosto e um senso de moda impecável.

De fato ela tinha certa razão. Todo o meio gay tinha um senso natural para moda. Eu sabia julgar um visual assim que o via. Lembrei-me imediatamente do dia em que fui comprar o vestido da mamãe para o casamento e ela saiu de lá com um modelito incrível porque eu tinha direcionado a minha opinião sobre aquilo.

No minuto seguinte, lembrei que tudo que eu queria, era estar na minha cama curtindo a minha solidão com fones de ouvidos e músicas da bad. Eu só queria tirar um tempo para mim e meus pensamentos mesmo ao som de Lana del Rey, é claro. Eu não queria ir por mais que Lisa fosse a minha melhor amiga, eu não me sentia no clima para algo do gênero. Não queria sair naquele dia para fazer nenhum programa especial com ninguém. Precisava ordenar meus pensamentos todos. Eu queria fazer aquilo.

― Olha Lisa eu não tô muito à fim, mas valeu pelo convite!

― Ai Charlie, não seja assim!

O Diabo na minha JanelaOnde histórias criam vida. Descubra agora