Capítulo 10 - Jantar em família feat. o diabo vermelho

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Chego bem em casa.

Depois que acabamos de lanchar, ainda ficamos por mais algum tempo por lá, não muito, pois precisava chegar para o jantar em casa, apesar de que eu não estava com tanta fome assim, mas meus pais dissertavam sempre como um bordão, que a hora do jantar era sagrada, como muitas coisas em suas respectivas concepções cristãs.

Eu amara cada segundo daquela saída com meus amigos. Havia rido bastante e aliado todas as tensões que podia liberar. Expressei minhas emoções mais positivas naquelas últimas horas com Franklin e Lisa. Houve até um momento que minhas bochechas ficaram doloridas de tanto forçar os músculos enquanto ria a cada piada articulada por Franklin, a alegria minha e de Lisa.

Franklin viera numa boa hora das nossas vidas. Com ele ali, todos os problemas que eu sofria em secreto, seriam apenas uma mera lembrança distante no decorrer do dia, enquanto estivéssemos juntos na escola. Ele me fazia jogar meus pensamentos problemáticos para o alto e curtir a sua vibe descontraída e bastante bem humorada. Ele era rico de boas piadas e tinha um humor próprio mesmo não fazendo propositadamente para nos arrancar gargalhadas. O mais engraçado de tudo, era que ele fazia as piadas e nunca ria, o que nos fazia olhar para sua cara de paisagismo e rir duas vezes mais do que já estávamos rindo.

Apesar daquela reunião despojada entre nós ter sido ótima, temia que a mamãe se zangasse por eu ter chegado um pouco mais tarde do que o de costume e tivesse ficado preocupada, despertando toda a sua ira de mãe. Temia uma possível discussão, que poderia quebrar totalmente o clima bom que eu trazia comigo do meu ótimo dia ao lado dos meus melhores amigos.

― Charlie? ― chamou mamãe assim que me ouviu fechar a porta de entrada.

Não teria mais como escapar àquela altura. Por mais que eu tivesse entrado de fininho para não ser pego, a mamãe parecia ter um ouvido biônico, pois de longe me escutava por mais silencioso que eu fosse. Acho que ela sentia minha presença, sendo assim nem precisava fazer barulho para ser descoberto, ela sabia que eu estava ali mesmo sem sinais de audição. Talvez fosse algum tipo de sentido super aguçado de mãe, não sei, só sei que não dava para me esconder dela ou muito menos ludibriá-la.

― Oi mãe! ― respondi com meu coração aflito por ter sido descoberto.

Que fosse o que Deus quiser!

― Hoje teve o grupo de estudos? ― questionou ela. ― Você chegou tarde...

― Não mãe! ― pronunciei.

Por que eu não tentei mentir??? Que burro Charlie!!!

― Olha mãe, não fica brava comigo, mas... eu... bem... ― balbuciei.

Ela cruzou os braços e me fitou com uma sobrancelha alçada, o que significava que a coisa poderia não estar tão boa assim. A merda podia acontecer a qualquer momento assim que eu terminasse de articular a minha desculpa totalmente esfarrapada.

― Eu saí com Lisa e outro colega da escola para comemorar um feito de hoje! ― propalei. ― Eu e Roy tiramos nota máxima na apresentação do trabalho hoje!

Imediatamente mamãe abriu um sorriso. Ela se aproximou e me deu um beijo na cabeça e um abraço desengonçado.

― Ai, filho, estou muito contente por vocês! ― ela anunciou. ― Essa é uma ótima ocasião para chamar Roy para jantar aqui em casa, afinal já queria mesmo convidá-lo!

O quê????

― Roy é um garoto bastante ocupado com o time de futebol e tudo mais, talvez não possa ter tempo para vir jantar aqui esses dias, porque ele está bastante empenhado nos treinos do time para as finais.

O Diabo na minha JanelaOnde histórias criam vida. Descubra agora