Capítulo 22 - O pão que o diabo amassou

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Tudo o que vi foi uma luz forte.

Será que eu havia morrido? Meus olhos se incomodaram de imediato e tive que permanecer com meus olhos semicerrados até que minha visão pudesse de fato se estabilizar. Virei a cabeça para o lado e tentei enxergar o que havia ao meu redor. Queria identificar onde eu estava. Aos poucos fui abrindo meus olhos um pouco mais. O incômodo já havia passado. Percebi que eu estava num hospital e senti todo o meu corpo doer no minuto em que me mexi tentando me levantar. Recuei e voltei a recostar a minha cabeça na cama.

Eu estava um tanto confuso. Não sabia como havia chegado ali. Parecia que havia uma tonelada sobre o meu corpo. Minha cabeça doía quando eu a desencostava-na do travesseiro. A última coisa que eu lembrava, era de ter levado um golpe forte na minha cabeça e no minuto seguinte, tudo se tornou em trevas. Mal conseguia mexer os braços, pois eles doíam muito quando eu os levantava. Minha boca também doía como sequelas do soco. Tentei achar uma pose que me deixasse cem por cento confortável, porém foi tudo em vão.

A maçaneta girou, atraindo a minha atenção para a porta e em seguida se abriu. Mamãe entrou rebuscando algo com o seu olhar até que parou por um momento olhando com olhos surpresos para mim. Seus olhos se encheram de lágrimas naquele mesmo segundo e um meio sorriso aliviado se formou no seu rosto, pondo a mão sobre o canto do seu coração.

― Filho! ― ela exclamou ela com os olhos cheios de água olhando para mim incrédula.

― Mãe ― com uma voz fraca de como alguém que tem acabado de acordar de um coma.

― Que bom que você está bem, eu fiquei tão preocupada!

Mamãe se aproximou eufórica para me dar um abraço, porém eu a impedi, dizendo que todo o meu corpo estava dolorido devido à grande surra que eu havia levado daqueles vândalos selvagens. Ela recuou por um mínimo de tempo, então em seguida me deu um abraço cauteloso e eu retribui o seu abraço.

― Mas espera, me diz uma coisa ― falei e mamãe tornou a ficar séria com olhos atenciosos para mim. ― Como eu cheguei até aqui, mãe?

― Foi Lisa! ― ela respondeu.

― Lisa? ― perguntei um tanto perplexo.

― Sim! ― mamãe confirmou. ― Lisa te seguiu depois que você fugiu dela correndo. Ela te viu entrar na mata e entrou atrás de você. Ela escutou o seu grito e correu, seguindo o som. Quando chegou lá, já te encontrou no chão inconsciente. Ela ligou para uma ambulância, depois para mim e seu pai, que ficamos desesperados ao saber da notícia. Os médicos disseram que mais um pouquinho e você poderia ter morrido ali mesmo.

Eu estava meio sentado na cama hospitalar. Tentava assimilar tudo o que mamãe falava. Minha cabeça doía muito e passava maior parte do tempo tentando extinguir a dor nela para poder pensar em paz.

Eu estava ali por causa de Lisa. Ela me salvara. Se não fosse por ela eu poderia estar morto àquela altura. Ela agira de uma forma babaca anteriormente quando mandou minha foto com Roy para os meus pais, mas agora tudo estava perdoado. Tudo que eu conseguia sentir por ela era gratidão. Mamãe pegou minha mão e eu a olhei imediatamente. Ela me direcionou um sorriso terno. Parte de mim não estava acreditando naquilo. Quando mamãe descobriu que eu era gay, ela chorara nos meus pés implorando para que o demônio que estava em mim, deixasse o meu corpo. Ela não aceitara bem aquilo e agora estava ali, como se nada mais importasse no mundo.

― Você não imagina o quanto meu coração ficou aflito por você meu filho! ― confessou ela com uma voz chorosa. ― Nem consegui dormir à noite preocupada com você.

― Me desculpa mãe, eu não queria causar problemas!

― Você não teve culpa de que brutamontes te bateram até você ficar inconsciente.

O Diabo na minha JanelaOnde histórias criam vida. Descubra agora