O Diabo na minha Janela

Capítulo 19 - Meu problema, o diabo

Era bom estar em casa.

Aquela frase "não há lugar melhor que o lar" finalmente me caía como uma luva. Respirar o ar do meu cômodo novamente era como um perfume da melhor fragrância. Deitei na minha cama e a senti tão macia e tão convidativa. Estava louco para dormir sobre ela novamente. Nunca realmente considerara aquela casa o meu lar, pois não me via como parte de nada ali, mas ao voltar tinha uma nova visão sobre aquela casa.

Cheguei todas as mensagens e vi que Roy tinha me enviado uma ontem, mas eu não havia parado para olhar minha caixa de mensagens em momento algum. Ele me perguntava o que eu iria fazer naquela noite. Eu esquecera de avisá-lo que iria ao casamento da minha prima Amber, mas lhe enviaria uma mensagem naquele mesmo instante para lhe contar tudo.

Mensagem enviada.

Esperei ele responder por algum tempo e quando ele finalmente me respondeu, me perguntou se eu conhecia um lugar legal para gente dar uns amassos, porém eu lhe disse que não conhecia nenhum lugar. Ele queria um canto privado onde pudéssemos ficar à vontade, nos beijar, até mais que isso se quiséssemos.

Depois de algum tempo pensando, lembrei de um lugar que eu costumava ir à muito tempo atrás. Quando eu tinha ainda meus doze anos no meio da floresta. Era um lugar inusitado, mas era o único que eu poderia lhe levar para ficarmos a sós. Sugeri irmos nesse tal lugar que eu gostava de ir antes. Era um lugar que eu tinha encontrado e era bem privado de quaisquer tipo de olhares. Era o único lugar que eu podia ficar junto com meus pensamentos sem ser incomodado. Ainda me recordava bem da localidade da área e o levaria até ali.

Roy apoiou a ideia sem muitos questionamentos. Por mais que fosse no meio da floresta, Roy aceitara bem a idéia. Fiquei até um pouco impressionado com a sua rápida aceitação. Parecíamos então, estarmos com tudo acertados. Sairíamos naquela mesma tarde de domingo e ficaríamos juntos pelo resto de tempo que pudéssemos. Sorri entre cada mensagem enviada e por fim ficou tudo certo daquela forma.

Meu coração batia em ritmos acelerados. Estava sorrindo mais que tudo naquele momento. Me sentia leve, quase atingindo as alturas. Me joguei na cama olhando o teto na claridade do dia. O sorriso não queria desaparecer do meu rosto de maneira alguma. Fiquei por algum tempo daquela mesma forma ali, completamente viajante.

Contei as horas para estar junto de Roy. Já estava com saudades de sentir o beijo suave dele. Ver seus olhos profundos e hipnotizantes. Sentir seu calor. Sentir o seu toque em mim. Sonhava acordado só de pensar nele. Minha respiração mudava, se tornava mais intensa.

Não demorou muito para que a hora finalmente chegasse. Para mim, foi como uma eternidade, mas na realidade, não fora, a ansiedade fazia com que simples minutos se tornassem horas e horas se tornassem momentos inacabáveis. Foi tudo o que eu senti até ali e a cada segundo a mais ficava descomedidamente expectativo, sentindo uma tortura incessante se formar em minha mente.

Estava arrumado. Me olhava no espelho a cada minuto tentando achar algum defeito a ser corrigido na minha aparência. Mudava o cabelo, achava defeitos nas minhas roupas e tentava melhorá-los, me perfumava novamente já achando que o cheiro do perfume havia se esvaído e coisas do tipo. Queria estar perfeito. Queria me sentir perfeito. Até ali eu estava.

Roy me mandou uma mensagem que visualizei no mesmo instante, avisando que já estava na minha rua e queria que eu fosse ao seu encontro. Assim eu fiz e quando o vi, já estava bem próximo à minha casa, então eu o guiei para onde eu queria lhe levar. Ele estava bastante curioso e falou isso por todo o caminho até o último segundo do percurso.

O guiei por dentro da floresta e ele começou a falar algumas coisas safadas, me fazendo rir e querer mais dele. Eu segurava sua mão enquanto o levava para o ponto certo. Ainda tentava me lembrar de onde ficava exatamente, já que fazia algum tempo que eu não ia até ali, mas lembrei aos poucos e fui achando o caminho certo até o lugar ideal.