De volta à Sampa

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  Natal. Cidade do sol, das praias e do verão intenso. Amo essa cidade. Mas infelizmente hoje estou deixando para trás o lugar que me trouxe bons e maus momentos. Apesar dos pesares estou feliz, encontrarei minha família, voltarei a ter meus pais por perto, Léo meu irmão caçula de quinze anos e o doido do Frederico, meu melhor amigo.

  Durante o voo encosto minha cabeça na janela e reflito um pouco sobre o cara emburrado que está ao meu lado. Alec Passos, conheci-lhe em uma das minhas idas a Natal para um curso de fotografia. O “Nu” ocorreu em um shopping, no Midway Wall. Após a confraternização conheci a irmã do Alec que posteriormente nos apresentou um ao outro. Voltei para São Paulo com todos os seus contatos, MSN, telefone e até uma conta do falecido orkut. Começamos a conversar por dez minutos que logo foram substituídos por horas no telefone. Não sei o que tinha na cabeça naquela época, porém  fiquei apaixonada por ele em apenas semanas.

   Alec é piloto de avião, apaixonado pelo seu trabalho.  Em um dos seus voos a São Paulo nos encontramos novamente e começamos a “namorar.” Todo mundo a minha volta não acreditava em um namoro a distância, um namoro pertinho já trás dores de cabeça imagina um à DDI. Mas estava apaixonada e quando estamos nesses estado não há ninguém que consiga abrir nossos olhos. Ficamos nessa de namorar a distância e nos vermos de mês em mês, até que um belo dia ele chegou em minha casa de surpresa e pediu a minha mão em casamento aos meus pais. Lógico que foi aquele fuzuê, meu pai disse que se ele não cumprisse suas promessas para comigo, que ele poderia se considerar um cara estéril. O Alec sorriu e disse que me faria a mulher mais feliz do mundo.

Mentira das grandes!

   Casamos um ano depois, em pouco dias estava com três malas prontas e toda uma vida dentro delas. Deixei meu estúdio, minha família, meu tudo por uma ilusão.

   Os primeiros meses foram perfeitos, mágicos. Mas sabe aquele velho ditado que diz que só conhecemos uma pessoa quando passamos a acordar, comer ou melhor viver com ela. Isso aconteceu, Alec estava errado quando decidiu colocar uma aliança em meu dedo esquerdo. Ele não estava pronto para compromisso, para uma família, para uma esposa. Estamos casados há quase dois anos, mas vivemos como estranhos. Perdi as contas de quantas noites fui dormir só, enquanto ele estava em algum lugar de Natal com outra mulher. Ultimamente ele só me refere a palavra quando é realmente necessário. Prefiro passar a chave na boca e não puxar nenhum assunto já que a única coisa que temos feito é brigar.

  Por mais que pareça idiota estou torcendo com toda minha fé para que a nossa volta a São Paulo seja a solução para o nosso casamento falido.

  Desembarcamos ao meio-dia em Sampa. Meus pais, Léo com cara de tédio e Frederico estavam nos esperando com um cartaz rosa bem chamativo com os dizeres “ Seja bem-vinda, feiura!”

— Estou de volta pro meu aconchego. — O negão maravilhoso de quase dois metros de altura me amassou entre seus braços musculosos. Adoro esse negão!

  Tinha saudade do meu amigo. Frederico trabalha na imobiliária dos meus pais. Ele é extrovertido. Possui um anel no dedo direito do tipo “Só provarei os desejos carnais após o casamento”. Amo esse maluco e suas neuroses contra o mundo “mundano”.

 — Como é bom escutar sua voz pessoalmente. — Abracei-o mais ainda.

Minha mãe já estava se debulhando em lágrimas.

— Ainda bem que você já voltou para perto de nós. — Ganhei um abraço duplo do papai e dela.

— Nunca mais me afastarei de vocês.

Virei para Léo que cresceu e muito nesses últimos anos.

— Saudade moleque! — Ele me abraçou.

— Também estava com saudade de você, mas já pode me soltar por favor?

Envolvidos - Terceiro livro da série Envolvidos no amor. #Bessa3 [Completo]  BROnde histórias criam vida. Descubra agora