Parte 1
LembrançasCapítulo 1
Diferente de muitos casais e das infinitas histórias clichês que ouvimos e lemos por aí, eu e meu marido, Juan, não tivemos aquela coisa de amor à primeira vista, nem somos amigos de infância que demoraram anos para perceber que se amavam e também não vivíamos em pé de guerra até o amor falar mais alto que o ódio, mesmo que, de fato, tivemos uma ligação instantânea. Nada disso aconteceu com a gente. Nossa história não é exatamente do tipo que você vai ter coragem de contar para seus filhos. Eu sempre fantasio e escondo certas coisas sobre a nossa história quando a conto para as nossas filhas.
Eu morava sozinha desde os meus 18 anos, que foi quando comecei a fazer faculdade e consegui um emprego em outro estado. Foi a época mais difícil da minha vida, eu era extremamente apegada à minha família, era o chicletinho dos meus pais, mas eles não me deixaram perder aquela oportunidade, afinal eu tinha conseguido vaga em uma faculdade Federal, uma das melhores, um emprego e moradia que a faculdade oferecia para alunos que vinham de longe, pagando bem pouco por ela. Como eu poderia perder aquilo? Era o meu sonho! Já fazia pouco mais de um ano que eu estava na faculdade e eu estava me sentindo sozinha. É claro que eu já havia visitado meus pais e é claro que eles também já haviam ido me ver, mas eu não tinha ninguém ali comigo. Até tinha feito alguns amigos na faculdade e no trabalho, mas nenhum chegava perto do que eu tinha deixado na minha cidade natal, como se não bastasse minha melhor amiga ser virtual, eu havia me mudado para mais longe ainda, dela e de toda a minha família.
Eu sei que tudo isso parece puro drama, mas eu estava MUITO depressiva e sozinha. Abri a minha geladeira e os armários, estava tudo cheio, mas nada me chamou a atenção. Olhei ao redor da minha cozinha e suspirei pegando uma barra de chocolate na geladeira, empurrei as portas com o quadril e os pés e fui pra sala, me encolhi no sofá e fiquei olhando para a TV sem realmente ver o que estava passando enquanto comia o chocolate. Fiquei ali, parada, olhando o nada até que me lembrei que eu morava pertinho do centro da cidade que, apesar de não ser muito grande, tinha muitas baladas. Quando eu morava com meus pais, nunca ia em baladas, nunca havia sentido vontade, mas eu estava sozinha em um sábado a noite sem nada para fazer e começando a entrar em depressão. Me levantei determinada e andei firmemente até o banheiro onde tirei toda a roupa e entrei no banho. Demorei um pouco mais de meia hora porque lavei meus cabelos (que são cacheados e longos) e quando sai fiquei parada na frente do meu guarda roupa.
— Merda... Eu não faço a mínima ideia de como me vestir para ir em uma balada — pensei alto e comecei a tirar roupas e mais roupas jogando-as sobre a cama. — O que eu vou vestir? Não gosto de vestidos, além de não ter muitos, minhas coxas ficam assadas. Saias, idem. Saltos também não, alguém que não tem muita coordenação motora não pode usar salto na primeira ida à balada — eu falava sozinha enquanto guardava as roupas que eu definitivamente não usaria para ir à balada.
Sobrou alguns shortinhos e calças sobre a cama, além de umas blusinhas novas. Me aproximei da janela e estava esfriando um pouco, voltei até a cama e vesti o conjunto de lingerie que havia separado para usar, peguei uma calça jeans, uma azul escura de cintura alta, e vesti também. Coloquei as blusinhas na frente do corpo e me observei no espelho para ver qual ficaria melhor, decidi por uma branca regata e justa. Abri o guarda roupa novamente e peguei um cardigã preto e o vesti, empurrando as mangas até os cotovelos. Andei até o espelho novamente e passei creme nos cabelos, modelando os cachos e depois os sequei com o secador, deixando volumoso. Me afastei um pouco e lancei um olhar critico para a minha imagem refletida no espelho.
— Roupa e cabelo: okay! — fiz joinha para o espelho e ri sozinha. Estava histérica.
Peguei minha maleta de maquiagem e me maquiei sem exagerar muito, mas destacando meus olhos cor de mel. E batom vermelho porque eu AMO. Calcei um coturno preto e coloquei um colarzinho. Me olhei outra vez no espelho e percebi o quanto estava nervosa.
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Salvando Meu Casamento
RomanceQuando ouvimos que alguém se chama Maria nos vêm à cabeça alguém com personalidade parecida a da Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo, não é mesmo? Mas devo te confessar que a Maria de nossa história não tem absolutamente NADA a ver com a Virgem Maria...