Era ano novo, depois da minha formatura, e nós estávamos na casa dos pais do Juan, a mãe dele me tratava bem, mas ela ainda não gostava muito de mim, deixava sempre bem claro que preferia a ex namorada dele, mas eu tentava não demonstrar nada, apesar do ciúme sempre me corroer por dentro. Naquele dia a situação não foi muito diferente... A campainha tocou...
— Querida, atende para mim, por favor? — minha sogra pediu distraída e eu coloquei o pano de prato sobre a mesa e fui até a porta.
— Quem é? — perguntei olhando na direção do portão, apertando os olhos.
— É a Jaqueline, a dona Joana está me esperando — aquele nome... Foi então que eu entendi tudo. Respirei fundo.
— Só um minuto, eu vou chama-la — respondi forçando um sorriso.
— Quem é amor? — Juan perguntou me abraçando quando eu esbarrei nele ao me virar. O fuzilei com o olhar.
— Jaqueline, sua mãe está esperando por ela — deixei o desprezo ficar totalmente palpável.
— Que Jaqueline? — Juan perguntou confuso e eu arqueei as sobrancelhas e ele arregalou os olhos.
— Maria? Quem é? — dona Joana apareceu vindo da cozinha. Engoli seco e soltei o ar.
— Uma tal Jaqueline, dona Joana, eu não conheço, mas ela disse que a senhora a está esperando — respondi tentando parecer calma, mas tendo a impressão de que não funcionou. Ela se iluminou.
— Ah! Claro! A Jaque! — ela pegou a chave no chaveiro e se apressou para sair.
— Eu não acredito nisso — Juan sussurrou apertando os braços ao meu redor e escondendo o rosto no meu pescoço. O abracei também, cravando os dedos nos ombros dele.
— Filho! Filhooo! — dona Joana chamou entrando radiante na sala. Juan levantou a cabeça, mas não me soltou. — Vem Jaque, entra querida, fique à vontade — eu nunca havia visto minha sogra tão... Feliz. Juan fez uma careta ao ver a ex entrando logo atrás da mãe dele.
— Oi Juan — ela sorriu mordendo o lábio e passando a mão no cabelo, jogando para o lado. Eu senti vontade de vomitar, mas disfarcei. Vaca.
— Oi Jaqueline, essa é a minha noiva, Maria — Juan respondeu sem demonstrar emoção e sem me soltar.
— Ah. Oi — ela tinha um olhar superior e eu fiz uma anotação mental para perguntar para Juan como ele havia namorado uma garota como ela. Não que ela fosse feia, porque eu estaria sendo ridícula se falasse que era, na verdade ela era até bonita, cabelos castanhos cumpridos e com cachos nas pontas, seus olhos eram verdes claros e blábláblá. Ela era bonita, mas estava nítido que seu ego era do tamanho do universo. Como ela tinha a cara de pau de me olhar daquele jeito? Por Deus!
— Olá — eu sorri me virando nos braços de Juan, ficando de costas para ele.
— Posso te dar um abraço, Juan? — ela perguntou se aproximando e eu franzi as sobrancelhas.
— Por Deus, Jaque! Você não precisa pedir! É claro que pode! — dona Joana respondeu antes de que eu ou o Juan pudéssemos falar algo e me puxou dos braços dele, me mantendo afastada. Ela estava me testando e eu tinha a impressão de que eu não ia passar naquele maldito teste. A vaca abraçou MEU noivo se esfregando nele e eu senti o sangue ferver de ciúmes. Juan apenas pousou as mãos nas costas dela, mas não abraçou de fato. — Abraça a menina direito, filho — dona Joana cobrou e Juan fechou os olhos abraçando a vadia com mais firmeza. Virei o rosto e respirei fundo.
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Salvando Meu Casamento
RomanceQuando ouvimos que alguém se chama Maria nos vêm à cabeça alguém com personalidade parecida a da Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo, não é mesmo? Mas devo te confessar que a Maria de nossa história não tem absolutamente NADA a ver com a Virgem Maria...