UMA SEMANA SE passou. E eu ainda estava presa em algum lugar em que eu não fazia ideia onde ficava. Mas haviam me levado para outro cômodo. Não era mais aquela sala vazia e escura. Agora, eu parecia estar em uma casa, muito antiga por sinal. Me puseram em um quarto meio descente e eu já não estava mais amarrada. Não pude ver onde era, pois adormeci em um dia e no outro acordei ali. Nem ao menos sabia quem havia me carregado.
O homem que me assustava, já não me incomodava mais. Apenas aparecia três vezes ao dia para levar-me comida, ele entrava e saía sem dizer absolutamente nada.
Gostaria de saber o porquê estou aqui, quem fez isso, e quem é o mandante. Um certo dia perguntei ao homem que vinha me alimentar, o que ele queria comigo, ele me respondeu que apenas seguia ordens do "Chefão".
Me levaram para um quarto onde havia uma cama, um abajur e alguns quadros na parede. Do outro lado do quarto tinha um pequeno banheiro. E também haviam me deixado roupas limpas lá.Após uma semana dormindo no chão com ratos e baratas, sem tomar banho, isso agora pra mim era um paraíso.
Eu havia acabado de fazer minha oração e fui almoçar. O homem entrou no quarto, largou o prato de comida - arroz, feijão e um pedaço de carne meio passado -, e saiu a passos pesados. Pelo que vi, quando ele me sequestrou, ele era um babaca idiota. Agora ele está diferente, não que ele tenha deixado de ser um babaca idiota - pois ele ainda era um babaca idiota, um tremendo babaca idiota, dos mais babacas idiotas possíveis. Grande babaca idiota! -, mas parecia que ele havia sido repreendido pelo "Chefão" por ser duro de mais, talvez.
Ele havia me machucado. Covarde. Eu estava com um corte na testa e um arranhão nas costas. O homem havia me dado uma pancada na cabeça quando estava falando com Elliot e acabei arranhando as costas ao tentar livrar-me das cordas.
A tarde mais entediante da minha vida se passou. Eu não fazia mais nada além de caminhar por todo quarto procurando por uma saída ou alguma chave para abrir a porta.
Uma semana já havia se passado, por quanto tempo mais eles iriam me prender naquele lugar. E... POR QUÊ?
Novamente o homem entrou no quarto e trouxe meu café da tarde. Como de costume, ele me dava um pedaço de pão, uma maçã e um café preto. Mas hoje, ele trouxe também uma limonada. Estranhei.— Pode levar a limonada, não quero bebê-la — falei ao homem que ia saindo do quarto, mas parou.
— Chefão disse para você comer e beber tudo, senão você fica sem jantar também — pronunciou sem me olhar e saiu.
Eu não tinha escolha. Precisava comer e beber tudo. Eu acordava às seis horas da manhã todos os dias, e almoçava só uma hora da tarde. O café chegava às sete da noite e a janta só as dez horas. Eu sentia muita fome.
Comi o pedaço de pão e tomei o café. Sorte minha que eu gostava de café preto bem amargo, porque eles não colocavam açúcar. Depois comi toda a maçã e pensei em jogar a limonada fora. Mas onde? No banheiro, claro! Só que... eu estava louca de sede, ansiava por aquela limonada bem geladinha. Sem pensar tomei, sensação de refrescância maravilhosa.
Trinta minutos depois, eu estava deitada pensando no que estaria acontecendo com Elliot e a sua família, no que pensariam de mim por ter "fugido". E mamãe e papai? E Gael? Sinto tanta falta deles.
De repente, começo a me sentir enjoada e tudo ao meu redor parece girar. Meus olhos pendem para baixo, não querem continuar abertos, precisam fechar. Me sentia cada vez mais com sono. Foi então que lembrei. MALDITOS BABACAS IDIOTAS! A limonada! Eu sabia que para mudarem o cardápio, não era boa coisa. Péssima hora em que fui inventar de tomar aquela porcaria. O que teriam colocado ali? Boa noite Cinderela? O que queriam fazer comigo depois?
Levantei-me e sai vagando pelo quarto, pensando que poderia resistir ao efeito do remédio. Sem sucesso, meus olhos iam se fechando quando percebi que o chão se aproximava de mim. Caí.Acordei num só suspiro. Eu estava no mesmo lugar, e na mesma posição que havia caído. Parece que ninguém tinha mexido em mim. Tentava me recompor e me levantar. Minha cabeça doía muito, acho que devo ter batido com a queda. Consegui me levantar e observei o que estava diferente ao meu redor. As primeiras coisas que percebi foram que havia um bilhete ao lado do abajur, um chocolate em cima da minha cama e a porta estava aberta. Como!? A porta!? Aberta!? Corri para perto da cômoda, com o episódio da limonada, preferi ignorar o chocolate. Peguei o bilhete, dizia:
"VOCÊ PROVAVELMENTE DEVE ESTAR SE PERGUNTANDO, DESDE QUE CHEGOU, O QUE FAZ AQUI. CHEGOU A HORA DE SABER, QUERIDA.
EIS UM MINI LABIRINTO APÓS ESTA PORTA ABERTA À SUA FRENTE. SE ME ENCONTRAR, ACHARÁS A RESPOSTA QUE PROCURA. ESTAREI NA PORTA MANCHADA DE VERMELHO. BOA SORTE!
/SR. CHEFÃO."Ele só pode estar tirando com minha cara.", pensei. Labirinto? Chefão? Porta manchada? Eu me sentia em um filme de sobrevivência. Talvez jogos mortais.
Saí cautelosamente pela porta. Eu não sabia o que poderia encontrar ali. Caminhei a passos leves, sem fazer barulho algum. Cheguei na primeira escolha. Direita ou esquerda? Segui a direita. Ao fundo do corredor direito, havia uma foto no chão. De quem era? De Elliot e eu... quanta saudade! Essa foto me encorajou, sabe-se lá o que iria acontecer após eu encontrar esse tal chefão, mas de uma coisa eu sabia, nada aconteceria se eu ficasse parada.
Eu precisava fazer tudo certo para que eles não machucassem Elliot. A essa altura eu já nem ligava mais pra mim. Com tanto que Elliot não fosse metido nisso, tudo bem.
Novamente... esquerda, direita ou frente? Segui reto. Não encontrei nada neste corredor, a não ser uma porta trancada. Caminhei mais de duas horas no labirinto. Entrando pela direita, esquerda e até voltando caminho. Até que finalmente avistei a porta manchada de vermelho que dizia "O Chefão".
Comecei a ficar nervosa e a suar feito os jogadores de basquete. Decidi enfrentar isso de uma vez.— Jesus, me ajude! — sussurrei.
Abri a porta com tudo e uma pessoa que estava sentada em um sofá, na qual eu acreditara ser o "Chefão" se dirigiu a olhar pra mim.
Não podia ser, meus olhos viam algo, ou melhor, alguém que eu não acreditava que fosse possível.
Porém... eu sempre soube que deveria ter medo dele.
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Um Casamento Arranjado
RomansaBill Skarsgård Fanfiction© Elliot é o típico ricasso que não quer nada com nada, a não ser, conquistar mulheres com seu imenso charme. Bela é uma menina levada que não se deixa intimidar por qualquer coisa ou qualquer pessoa. Tal dia, quand...