GEMIDOS INEXPRIMÍVEIS

23 3 0
                                    

As três e meia da madrugada a insônia acossava Mason com o manto da euforia. Ele andava pela sala sem conseguir dormir, muito menos dar um cochilo. Tentou de tudo, tomar água com açúcar, assistir um pouco de televisão as vezes funcionava, contudo, a expectativa de buscar seus entes queridos era mais forte que o cansaço corporal.

Ele resolveu sentar no sofá e ler um livro de romance de Joana na esperança do sono envolvê-lo, o que não surtiu efeito, ele nem sequer conseguiu se concentrar na história.

O dia já estava raiando quando finalmente tirou um cochilo. Acordou abruptamente olhando em seu relógio-calculadora de pulso que marcava dez e quinze da manhã.

Resolveu fazer o desjejum na padaria do Zé enquanto várias pessoas o parabenizavam pelo nascimento do filho, o acontecimento já era sabido entre os moradores do bairro por intermédio de Michele. Fred, que também foi embora de madrugada aproveitando a carona de Mason, tinha falado com a esposa sobre o nascimento de David. Michele acordou cedo para noticiar os moradores do bairro que o bebê de Joana havia nascido e que era um menino.

Depois de tomar o café da manhã Mason foi para o telefone público pra ligar para o novo empreiteiro que o contratou avisando sobre o nascimento de seu filho. Também ligou para sua cunhada Janaina e teve que esperar alguns minutos até ela atender pois o telefone público que a comunidade do bairro usava para receber ligações também ficava à alguns metros distantes da residência dela. Por fim ele ligou para Catarina Ebner que ficou muito feliz pelo amigo

Fred o encontrou no portão da casa e o indagou se queria que fosse com ele buscar sua esposa e filho.

- Eu agradeço a oferta amigo, mas eu creio que você deve estar bem cansado já que chegamos de madrugada em casa, vai descansar um pouco. - Fred assentiu.

Janaina já estava no hospital quando Mason estacionou o carro. A cunhada o viu chegar e caminhou até ele.

- Oi Mason. - Janaina deu dois beijos no rosto do cunhado. - Tô doida pra ver minha maninha e meu sobrinho.

- E eu tô doido pra levá-los pra casa! - Disse enquanto caminhava para dentro do hospital fugindo do sol abrasador, apesar de ser inverno, aquele ano estava atípico. - E o Jair e João, não puderam vir?

- Jair saiu de viagem a trabalho, sabe como é vida de vendedor, e eu não consegui entrar em contato com ele, já João ficou cuidando de mamãe.

- Entendo.

- Será que eles vão ter alta hoje?

- Segundo Dr. Carlos vão sim, ontem ele falou comigo que está tudo bem com os dois.

- Joana sempre foi uma mulher forte, eu sabia que ela ia ter parto normal e iria sair rapidinho do hospital. - Janaina afirmou convicta.

- E você conseguiu avisar sua mãe Mason?

- Onde ela mora não tem telefone público, e você sabe que telefone residencial só rico tem!

- Verdade.

Os dois estavam em pé na sala de espera, já que o local estava abarrotado de pessoas que foram ver seus familiares hospitalizados.

Mason esperou alguns minutos para ser atendido na recepção, ele reparou que havia trocado o turno pois os funcionários que estavam lá no momento eram diferentes.

- Boa tarde senhor, em que posso ajudá-lo?

- Boa tarde, eu vim buscar minha esposa e meu filho que nasceu ontem. Então; o Dr. Carlos de Freitas falou que eles teriam alta e que eu poderia vir pegar eles hoje.

LÁGRIMAS de SANGUEOnde histórias criam vida. Descubra agora