CELULAR DEFEITUOSO

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CELULAR DEFEITUOSO

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CELULAR DEFEITUOSO




-Você está bem rapaz? - uma mulher me perguntou quase aos gritos por causa do barulho da serra a cortar a porta do carro acidentado. A primeira coisa que eu enxerguei com a visão ainda meio turva foi"Rodrigues - O+", o sobrenome da socorrista e o tipo sanguíneo dela fixado no macacão azul escuro na altura do peito.Confirmei que sim com um lento balançar de cabeça.

-Você consegue se levantar? Vou te levar até a ambulância -perguntou a socorrista Rodrigues com um olhar de preocupação.

Apesar da tontura fui levantando devagar com o auxílio da apreensiva socorrista. Não pude deixar de observar o trabalho dos bombeiros cortando a porta do carro para retirar o corpo de Felipe, uma onda de náuseas me acometeu mas resisti firme evitando o vômito.

Algumas pessoas olhavam para mim achando que eu era uma pessoa frágil, se soubessem a verdade sobre mim não me olhariam com pena, mas com medo.

Brito continuava em torno do veículo olhando o estrago ocasionado pelo acidente, era notório que ele estava mais preocupado com o carro d oque com o seu funcionário, uma coisa lastimável ver um ser humano mais preocupado com um bem material do que com seu semelhante,infelizmente existiam pessoas assim, sem um pingo de compaixão e amor ao próximo, nenhuma empatia.

A socorrista Rodrigues me sentou na traseira da ambulância com extremo cuidado, o adolescente de voz fina nos seguiu com meu capacete nas mãos.

-Eu estou melhor, não precisa me levar para o hospital - eu debatia com a Rodrigues que insistia em me levar para o hospital -, já até passou a minha tontura, obrigado pela preocupação doutora. - Acabei convencendo a socorrista que já tinha me recuperado. Ela assentiu e concluiu.

-Tudo bem então, não vamos pro hospital, mas eu peço que você fique aqui descansando enquanto eu ajudo os bombeiros no resgate da vítima, tá ok? Já volto pra ver como você está - concordei.

No momento que ela retornou para a mata eu peguei meu capacete com o garoto, o agradeci e caminhei até minha moto do outro lado da pista sobre protestos do adolescente.

-Cara, a médica falou pra você esperar! - o garoto disse com sua voz fina e estridente.

-Eu já tô melhor amiguinho, obrigado por ter tomado conta do meu capacete. - O garoto deu de ombros conformado.

-Você é quem sabe!

O motorista não estava mais ali na frente da carreta, ele conversava com dois policiais encostados na viatura parada no acostamento. Subi na minha moto limpando alguns capins grudados na minha roupa, dei a partida e sai daquela barafunda com o som da serra a cortar a porta misturando com o barulho do motor da minha motocicleta. Mesmo sendo perigoso andar sem o capacete deixei ele pendurado no meu pulso pela fivela, eu tomava um pouco de ar fresco tentando organizar meus pensamentos no caminho de volta para casa.

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